Matéria publicada em 30 de maio de 2025.
Em um mundo cada vez mais fragmentado, redes colaborativas trazem esperança, mostrando que a união entre iniciativas pode gerar impactos transformadores. A Rede Saúva, conhecida por sua atuação em agroecologia, educação, cultura, povos originários e economia solidária, deu mais um passo nessa direção com o Mapa de Sinergias — uma ferramenta que materializa conexões e facilita trocas entre seus integrantes.
Para entender melhor como essa iniciativa surgiu e quais ações já estão acontecendo, conversamos com Sandra Gonçalves, uma das coordenadoras da Saúva. Nesta matéria, ela compartilha histórias de colaboração, explica o funcionamento do mapa e destaca a importância de agir no dia a dia.
“As sinergias já fazem parte do DNA da Saúva”, afirma Sandra ao recordar as primeiras conexões que deram origem à rede. Ela cita como exemplo a ponte feita por Leandro Almeida em 2020 entre Mônica Calderón, no Jardim Beija Flor de Paraty, e ela, no INOV em Nova Lima: “Tínhamos muito a trocar, e isso mostra como a Saúva sempre mediou essas relações. As trocas não precisam ser diretas, uma iniciativa pode doar habilidades ou recursos para outra e receber de uma terceira quando precisar. É uma rede de confiança, onde o que importa é a colaboração ampla”.
O Mapa de Sinergias surgiu da necessidade de tornar essas conexões mais visíveis e acessíveis. “No final de 2024, decidimos dar ainda mais ênfase a esta provocação”, explica Sandra. A solução foi simples: incluir no processo de projetos a pergunta: “O que sua iniciativa pode oferecer (material ou imaterial) para a rede? Quase todas responderam, e complementamos com sinergias já existentes”.
Os exemplos práticos não deixam dúvidas sobre o potencial das iniciativas parceiras da Rede Saúva Jataí. O Edital de Compostagem Coletiva do Laboratório Terra Orgânica uniu várias iniciativas e resultou num guia para toda a rede. “O Colo da Montanha está no sítio da Vera, o Ouro Verde e o Remexe planejam oficinas conjuntas”, enumera Sandra, destacando que “são conexões que surgem quando abrimos espaço para elas”.
Para a ativação das conexões em outras áreas, Sandra propõe uma abordagem integrada: “O Instituto Ouro Verde tinha parceria apenas com o CSA Confraria da Horta e UJIMA. Agora, recebem produtos da AMANU e do Teia da Terra, que também visitou a escola para discutir educação e agroecologia. Eles também trouxeram o Luiz Haddad e Mónica Calderón para falar sobre moeda social! Isso mostra como os temas se misturam.” E continua, quando perguntada sobre o potencial do Mapa de Sinergias: “Acredito na efetivação prática. Não precisamos de grupos separados, mas de estimular a transversalidade.”
O depoimento de Ramoci Leuchtenberger, da Teia da Terra:”Agora entendi a sinergia na prática” – sintetiza o impacto do mapa ao conectar a UJIMA (que precisava de produtos) com a Teia da Terra (que precisava escoar produção). Quando Sandra é perguntada sobre a importância dos encontros online e presencial para potencializar as sinergias, ela reforça que “Sim, mas o essencial é agir no cotidiano. Os encontros são um impulso, mas as sinergias acontecem no dia a dia, com a mão na massa.”
E ela finaliza com um convite para olharmos para a riqueza desta rede e exercitarmos as trocas, ainda que isso seja um desafio na rotina desafiante das iniciativas. “É na prática que a magia acontece – quando ligamos os pontos entre quem precisa e quem pode oferecer.”
Enquanto muitas redes se perdem em discussões infrutíferas, a Saúva mostra que uma colaboração efetiva se constrói com gestos concretos. O Mapa de Sinergias é mais que uma ferramenta – é um manifesto vivo de que outro modo de produzir, compartilhar e transformar não só é possível, como já está acontecendo.
Acesse o Mapa da Sinergias da Rede Saúva Jataí abaixo e colabore com sua construção: