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Remexe faz vendas nacionais e internacionais via Instagram

Estão à venda, pelo perfil no Instagram , as roupas, mochilas e pochetes produzidas pela Remexe, cooperativa de moda sustentável do Centro Cultural Lá da Favelinha, de Belo Horizonte. A marca é um empreendimento interessantíssimo e de impacto real, desenvolvida dentro de um dos maiores aglomerados de favelas da América Latina.

O que a marca faz: produz coleções, workshops de reciclagem criativa (upcycling) e, principalmente, vestidos, bonés, camisetas, calças, bolsas, mochilas e pochetes a partir de retalhos, roupas que já existiam ou resíduos da indústria têxtil. Os produtos e ações desenvolvidas pela marca são direcionados ao mercado nacional e internacional; e trazem embarcados a cultura do local onde são feitos, com exaltação à diversidade. Assim, a Remexe desafia os conceitos de gênero da moda, promove a sustentabilidade e a diversidade cultural e provoca uma reflexão sobre os hábitos de consumo e os impactos da indústria da moda.

Este trabalho, irmão do Favelinha Fashion Week, também cria do Centro Cultural Lá da Favelinha, já levou a Remexe a desfilar no Museu da Monda (BH/MG), ao Museu de Arte Contemporânea Val-de-Marne (Paris/França), Londres e a várias unidades do Sesc e Sebrae no Brasil, além de realizar workshops e outros tipos eventos.

A produção da Remexe tem, atualmente, dois carros-chefe: as pochetes e as mochilas. O idealizador do projeto, Kdu dos Anjos, explica que são os produtos principais porque tem tamanho padronizado, ao contrário das roupas, de medidas únicas cada peça. E isso é uma característica inerente ao trabalho de reutilização criativa: como se usa matéria-prima reaproveitada, as roupas tem medidas de acordo com o que o material permite: “se tem muito tecido, podemos pensar em roupa para uma pessoa gordinha, por exemplo; se tem pouco, podemos fazer um croped ou algo para criança. A gente já fez uma peça de 70 metros para brincar no carnaval aqui no morro em 2019 e isso foi notícia mundial”, exemplifica Kdu.

Este ano, através da Saúva e também, mais tarde, da Farm, Remexe está produzindo também absorventes sustentáveis, ecológicos e reutilizáveis para distribuição gratuita no Aglomerado da Serra, conjunto de favelas da região sudeste da capital mineira.

Do desafio à costura

Hoje, a Remexe tem quatro pessoas na equipe de criação e costura, e conta também com o suporte de administração e entrega de mais seis colaboradores; todos com ganhos mensais. Mas a marca foi criada em julho de 2017 a partir de um “desafio fashion” proposto aos moradores das vilas do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte. A ideia do arquiteto Fernando Macullan (responsável pelo projeto da sede do Centro Cultural) junto com o Sebrae: basicamente, o desafio era criar uma coleção de roupas a partir de roupas que já existiam, usadas ou não aproveitadas, e resíduos têxteis. O nome Remexe, adianta Kdu dos Anjos, coordenador do Lá da Favelinha e um dos criadores criativos da Remexe, já estava engatilhada do refrão de uma música do MC Delano, cantor e produtor de funk de BH, que brincava com as palavras remexe e mexe.

Realizado o Desafio Fashion, a ideia de criar a cooperativa de moda sustentável com participantes do projeto estava em seu caminho natural. Então, depois do resultado da brincadeira, Kdu fez reuniões com os participantes. “Claro que eu sabia que nem todo mundo que entrou do desafio estava com a pretensão de formar este ou algum coletivo” conta Dos Anjos, “mas, Carla Santos, costureira do Remexe, estava lá entre eles e segue conosco até hoje”.

Ele conta que orçou, sob a orientação da Carla, costureira experiente, as máquinas de costura que precisavam para montar a cooperativa e o valor era de R$3600, usadas. Kdu fez as contas: precisava vender, no mínimo, seis peças de R$69 por mês para pagar as prestações e partiu pro empreendimento, confiando no trabalho dedicado e no volume de seguidores que o ‘La da Favelinha’ já tinha à época no Instagram. Carla ensinou Kdu a costurar e, no começo, eram só os dois, “se divertindo e costurando com compromisso de bombar: fazer essas roupas para ganharem o mundo”, conta o criador da marca.

Kdu dos Anjos levou a experiência do Remexe e do Centro Cultural Lá da Favelinha para a série reality do Netflix, Ideias à Venda.

E ganhou: além da Remexe já ter alçado alguns voos internacionais e realizar vendas para qualquer lugar do planeta, Kdu dos Anjos estrelou uma série tipo reality da Netflix chamada Ideias à Venda, representando a Remexe, e ficou em… Bem, sem spoilers, vale conhecer essa força criativa.

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