O sentimento ao final do ano, em relação aos objetivos traçados para a Rede Alegrias, é de dever cumprido para Mônica Calderón, uma das gestoras da rede. “O Banco Alegrias já é uma realidade e seu funcionamento está fundamentado, precisando apenas de cuidado para que ele continue crescendo em seu próprio ritmo”. Ela conta que é preciso paciência para que o processo de crescimento de um banco, em termos de abertura de contas, por exemplo, seja de forma gradual e sustentável. “É um processo um pouco delicado porque ele implica educação, confiança… então é um processo sempre um pouco mais lento, mas que vale muito a pena”, explica Calderón.
A busca por um espaço físico para abrigar o banco só teve êxito no fim do ano, quando surgiu a proposta de uma parceria com a Casa do Encontro, bem perto do Centro Histórico de Paraty, onde funciona um Café e um espaço de Coworking. Esse espaço, dividido em blocos compartilhados, está sediando reuniões da Rede, a entrega dos Alimentos Alegrias, o Banco Comunitário e a ideia é que o lugar sedie os cursos da Escola de Outras Economias, em 2024.


Atualmente, os serviços oferecidos pelo banco são de transações financeiras comuns como pagamentos e transferências em moeda social, pagamento de contas e boletos, Microcrédito e o Fundo Rotativo Solidário, que ainda está se consolidando.


Circularidade do capital
Todos esses serviços oferecidos pelo banco têm como objetivo primário o benefício da comunidade, mas eles têm também a intenção de gerar recursos e sustentabilidade para o banco. Todas as transações que são taxadas, nas contas CNPJ, geram sustentabilidade para a instituição, mas para que isso aconteça, de fato, é preciso aumentar o volume de pessoas que estão movimentando a moeda, explica Mônica.
Segundo relatórios apresentados pela Rede Alegrias, o banco continua cumprindo sua função de fazer o capital circular através de sua moeda social lastreada em reais (a quantidade de transações em Alegrias gira em torno de três vezes a quantidade de reais lastreados no banco). Mônica conta que “o saldo é muito positivo. Nós vemos muito mais circulação de Alegrias do que saída da moeda Real, por exemplo”.
Crescimento sustentável
Mônica tem uma visão crítica sobre uma tendência capitalista de sempre achar que o crescimento é bom. “Às vezes eu sinto que tem momentos, que qualquer organismo precisa parar, para crescer para dentro. E poder perceber o que já é, e que os processos já estão estruturados”, reflete.
Ela argumenta que às vezes é preciso controlar a ansiedade por esse crescimento e consolidar o que já existe. Quando se olha para os processos e percebe-se que não há um número tão grande de contas, mas as que existem estão sendo movimentadas pelas pessoas dentro da filosofia da Rede e isso é importante, segundo ela.

“Manter esse fluxo já é um avanço. O que adianta ter um crescimento exacerbado se não conseguimos cuidar bem do que já está consolidado? Dentro da Rede Alegrias, o Banco Comunitário está funcionando, os processos estão funcionando, a equipe está boa e a gestão também”.
Mônica Calderón – Rede Alegrias e Escola de Outras Economias

Uma ideia para ser aprimorada em 2024 é aproveitar os participantes do curso de outras economias para trabalharem nas equipes da Rede Alegrias. Mesmo com a rotação e renovação de pessoal, é possível que os jovens que participaram dos cursos, se qualifiquem para trabalhar nas áreas de comunicação, administrativo-financeiro ou necessário em outras funções básicas do banco. “A ideia é incentivar os jovens e o que chamamos de ‘50+’, que são pessoas que têm difícil acesso ao trabalho e renda. Para que consigamos aproveitar e incluir mais facilmente essas pessoas na Rede Alegrias”, conclui.

Mônica Calderón é coordenadora e cogestora da Rede Alegrias e Escola de Outras Economias. Ultramaratonista aquática, socióloga e pedagoga.
Assista ao vídeo da Rede Alegrias no Youtube: