Após um ano de muitas conquistas na manutenção, ampliação e fortalecimento dos mecanismos de atuação da Rede Alegrias em Paraty/RJ, os gestores planejam um ano de parcerias com outros empreendedores, criação de uma sede física para a Rede Alegrias, o Banco Comunitário e a Escola de Outras Economias, e expandir as relações com outros territórios sociais em Paraty. A missão dessa última é continuar sendo um exemplo da difusão dessa outra economia da circularidade e do desenvolvimento econômico, ecológico, cultural e social na cidade.
Escola de Outras Economias
Mônica Calderón, uma das gestoras dos projetos, conta que ano passado a organização e o planejamento do Curso de Outras Economias foram feitos em parceria com a Rede Muda, e contou com a colaboração de Helena Stewart e Luiz Hadad na gestão do curso. Para esse ano, a parceria se repete no curso online para a Rede Saúva Jataí. O planejamento é feito no primeiro semestre e o início do curso está previsto para o início do segundo semestre.
Nos últimos dois anos, o Curso de Outras Economias teve enfoques de público distintos: no primeiro, ele foi direcionado para um público mais amplo, tanto de Paraty como de todo o país, e para a Rede Saúva Jataí. No ano passado, o foco do aprendizado foi em finanças e a educação financeira, e teve como público pessoas ligadas às iniciativas apoiadas pela Saúva ou pela Jataí.

Para 2023, a ideia é que as soluções para os desafios enfrentados na economia e administração venham da própria Rede Saúva Jataí. “Temos pessoas muito potentes e, às vezes, ficamos procurando fora o que já temos dentro da nossa própria Rede; já temos os nossos próprios educadores em diferentes áreas. (…) São pessoas que o próprio encontro No Coreto tem revelado, e que bom seria poder ter essas pessoas palestrando dentro do curso”, explica Calderón. Ou seja, já existe uma multidisciplinariedade dentro da Rede e ela acredita que isso possa formar o grupo de palestrantes do curso deste ano.
Uma outra ideia para a formatação do curso do segundo semestre é que ele seja “bem criativo, alegre, dinâmico, e que o conhecimento seja construído de uma forma mais divertida”, explica Mônica. E ela acrescenta que “nesses estudos e cursos que realizamos, vimos que a organização da vida econômica tem a ver com a organização da casa toda, não só da vida financeira, do mundo matemático, mas da ecologia, da agricultura, da arte, da cultura. É uma outra visão que podemos trazer para o Curso de Outras Economias, uma visão transdisciplinar do conhecimento. Nós já somos isso, nossa Rede já é isso”.
Observatório dos Territórios Sustentáveis
Uma outra questão observada pelos gestores que participam da Rede Saúva Jataí é a necessidade de uma ação educacional dentro do território de Paraty. Para isso está sendo inaugurada uma sala no Observatório dos Territórios Sustentáveis para abrigar também a Escola Territorial de Outras Economias, que terá dois eixos. Um deles é a educação financeira básica que leve as pessoas a adquirirem os conhecimentos para realizarem projetos através do Microcrédito. O outro eixo é levar essa educação para crianças e jovens na Escolinha de Outras Economias, que já começou na Escola Cirandas ano passado, continuará esse ano e será expandida para a Escola Quintal Mágico e para uma comunidade em Paraty-Mirim, via Jardim do Beija-Flor.

Banco Comunitário Alegrias
Esse ano, o Banco Comunitário Alegrias será cada vez mais fortalecido no que diz respeito aos procedimentos internos e gestão para que esteja sempre em movimento, tendo controle contábil e transparência. Para Mônica, “é o que nos dá a noção se o projeto está funcionando ou não. Nosso objetivo é chegar a duzentas contas ativas e trazer mais negócios e empreendimentos para dentro dele, para termos mais circulação de serviços e produtos. Então, o objetivo é trazer negócios primários e prioritários para dentro da Rede para promover a circularidade mas sem perder o foco na produção e consumo consciente”.

Dentro da Rede Alegrias já são ofertados vários produtos agroecológicos, mas pode ser que faltem outros alimentos, então o plano é fazer parceria com algum mercado para que o recurso não perca a circularidade dos recursos. “Nós temos que lidar com o que o mundo nos oferece, que é essa diversidade e ter a consciência de onde colocar nossos recursos”, explica Mônica Calderón.
Plataformas digitais
O desafio tecnológico tem sido uma questão importante para os gestores das Alegrias, a plataforma de suporte à moeda complementar é boa mas muito dispendiosa. Por isso, o grupo procura encontrar alternativas mais acessíveis e eficientes para servir de base para as trocas na Rede Alegrias.

“Estamos nesse processo de construção do site das Alegrias, onde terá o Market Place e, nesse primeiro semestre, já teremos a apresentação dele. São muitas frentes para cuidar mas estamos felizes porque o apoio aumentou esse ano.” Isso significa que temos muito mais recurso para investir de maneira circular na produção de bens, produtos, serviços e ideias boas nutrindo o território de uma nova consciência em torno dos recursos disponíveis e da distribuição deles”, conclui Mônica Calderón.