Matéria publicada em 11 de abril de 2025.
O projeto Remexe surgiu em 2017 no Centro Cultural Lá da Favelinha, no Aglomerado da Serra em Belo Horizonte. A marca propôs um desafio fashion aos moradores das vilas, inspirada nas manifestações artísticas e culturais da comunidade e na rotina dinâmica da favela. O coletivo, composto por estilistas e costureiras, supervisão de Quellemara Lomasso, coordenação de Marcella Mourão e gestão de Kdú dos Anjos, todos moradores da comunidade, produzem roupas novas a partir do reaproveitamento e ressignificação de peças usadas e resíduos têxteis, é a metodologia upcycling. Dessa forma, a marca Remexe questiona os conceitos de gênero na moda, promove a sustentabilidade e a diversidade cultural, além de provocar uma reflexão sobre os hábitos de consumo e os impactos da indústria da moda. A Saúva apoia o projeto atualmente na produção de absorventes ecológicos reutilizáveis que são distribuídos gratuitamente no Aglomerado da Serra. O Remexe também é responsável pela produção e confecção dos figurinos do grupo de dança Favelinha Dance, com pesquisa relacionada ao funk e o incentivo ao protagonismo negro e juvenil com a ocupação de espaços não ocupados pela periferia.


Quellemara Lomasso conta que hoje em dia são produzidos 110 absorventes reutilizáveis por mês que são distribuídos em 55 kits com dois absorventes cada. Eles são produzidos com um tecido ecológico comprado em São Paulo, o feltro e a malha que vai por fora, gerando qualidade, conforto e fácil higienização. Ela explica que duas unidades são suficientes para cada mulher pois a lavagem pode ser à mão e com sabão neutro, isso garante que ele dure mais e o tecido permite uma secagem rápida no sol. “Ele seca em meia hora e tem uma camada muito grossa que não faz mal para a pele da pessoa, como os absorventes não reutilizáveis. Ele não é prejudicial (à pele) ou alérgico”, explica.
Quelle afirma que, neste ano, o Remexe vai continuar distribuindo os absorventes e também falar de sua importância, explicar sobre o meio ambiente e os benefícios para a saúde da mulher. Ela diz que quer aumentar os locais de distribuição em escolas públicas, CRAS e presídios femininos, e com isso aumentar também o público atendido, pois a distribuição vem acompanhada de pequenas palestras. Nos encontros para distribuição, são pedidos 30 minutos para elas explicarem sobre os absorventes, como eles são feitos e a parceria Saúva e Remexe que possibilita essa gratuidade e também promove a conscientização. Muitas pessoas não sabiam como ele é feito, que é reutilizável, que pode ser utilizado para incontinência urinária ou até mesmo que se trata de um absorvente íntimo e todas essas dúvidas são tiradas nas pequenas palestras.


A supervisora do projeto acredita que, à medida em que o público atendido se conscientizar da importância e dos benefícios do uso do absorvente reutilizável, a demanda por mais quantidade pode aumentar, mas que hoje a quantidade produzida gera um impacto social interessante na comunidade.
Em 2025 estão previstas quatro oficinas de upcycling e costura, sendo realizadas duas em cada semestre. Uma delas está em tratativas para ser realizadas para os alunos do Instituto Ouro Verde, que dividirão a visita entre os espaços do Centro Cultural Lá da Favelinha e do Remexe.



Recentemente, aconteceu um encontro no Centro Cultural Vila Fátima para troca de experiências, onde cada participante compartilhou seus trabalhos e objetivos. Durante o evento, o Remexe apresentou seu projeto de produção de absorventes e as oficinas relacionadas. A partir desse encontro, foi firmada uma parceria com o Centro Cultural da Vila Marçola para a realização de oficinas de upcycling e costura. Também estiveram presentes representantes do coletivo Mulheres da Quebrada, que compartilharam um pouco sobre as ações que desenvolvem.
Aproveitaram a ocasião para entregar alguns absorventes, que agora passarão a ser incluídos nos kits distribuídos mensalmente pelo coletivo. Um destaque especial foi o kit distribuído durante o evento pelas Mulheres da Quebrada, que trouxe itens voltados ao autocuidado feminino — tema central do projeto — como informativos, camisinha feminina e sabonete íntimo.


“O Remexe é movido a doações, só trabalhamos com peças doadas. A nossa nova coleção é voltada para o jeans das pochetes, mochilas e ecobags. Nosso carro-chefe é o jeans, mas estamos com pouco estoque, o que está prendendo um pouco o começo da nossa produção. Então a gente abriu uma campanha para doação de qualquer peça de jeans que conseguimos utilizar o tecido e fazer nossa produção.”
Quellemara Lomasso – supervisora do projeto Remexe
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