Matéria publicada em 12 de abril de 2024.
O ano começou no Arte na Terra com muitas atividades de educação ambiental e manejo agroflorestal com os estágios agrícolas. Eles são o foco principal do projeto, ocupando um tempo maior de dedicação pois envolve toda a equipe da fazenda. Para o primeiro semestre de 2024 já foram agendados seis estágios agrícolas com escolas da região, que fazem uma imersão no cotidiano do campo. O investimento em divulgação tem surtido efeito com a procura de mais escolas e grupos pelos serviços arte-educativos oferecidos na Fazenda São Luiz.
“Sentimos que é um trabalho que já está muito consolidado na fazenda. Na verdade, estamos com uma equipe que tem alguns oficineiros antigos e sempre tem um pessoal mais novo. A manutenção da equipe do Arte na Terra é um ponto desafiador por serem freelancers e as pessoas tem um limite para freelancer, por isso temos uma turma nova e uma turma antiga para segurar”, afirma Denise Amador, gestora do projeto, também conhecida como Potô.


Chamando os jovens para a ação
A perspectiva do trabalho dos estágios em si segue sendo cada vez mais importante para os jovens. É um chamado para a ação, segundo Denise. “Sair da depressão e ir para a ação, sair da zona de conforto, do ar-condicionado e do sofá para uma prática desafiadora e cansativa com calor, mosquitos e facão”, explica.
Mas esse contato com a natureza e com o trabalho no campo acaba deixando mensagens muito fortes nos jovens. O nível de aprofundamento nos estágios varia muito de escola para escola e da conjuntura que elas estão. Em algumas, o aprofundamento não é tão grande mas é suficiente para provocar grandes transformações e avaliações muito positivas. “Um ex-aluno da Escola Rudolf Steiner que já havia feito o estágio, e foi como estagiário da escola, deu um depoimento que foi a partir dessa viagem que ele resolveu trabalhar nessa área ambiental e está fazendo faculdade atualmente”, comenta Denise do potencial dos estágios agrícolas de desenvolverem habilidades que podem ser levadas para toda a vida.


Um dos objetivos dos estágios é apresentar para os estudantes esse universo da vida no campo com todas as suas vertentes e muitas vezes é o primeiro contato deles com essa realidade. Denise explica que esse conhecimento prático é muito importante porque “essas sementes ficam e despertam em alguns alunos para essa descoberta, pois nem sabiam que gostavam dessa área ambiental”.
Paralelamente aos estágios, a fazenda também promove os dias abertos à população em geral e às visitas do SESC, que irão conhecer as quituteiras da fazenda. “Elas são pretas incríveis cheias de histórias orais e de visões de mundo. Por isso o SESC pediu para entrevista-las e nós vamos aproveitar para gravar essa visita e gerar conteúdo”, diz Potô.
Expansão da agrofloresta e inclusão dos estudantes no cotidiano da fazenda
Denise conta que quando os estudantes chegam à fazenda, eles são convidados a participar de uma cena de um filme que tem 28 anos e começou 100 anos atrás. Todas as atividades dos estágios acontecem dentro do planejamento de produção e transformação da paisagem da fazenda, com a transição agroecológica. E os estudantes são convidados a participar das atividades que estão sendo desenvolvidas naquele momento.
Atualmente a fazenda está expandindo sua área de agrofloresta em uma área de pastagem e essa participação dos jovens é real, como faz questão de frisar Denise Amador. “Nós falamos isso para trazer uma motivação, um entusiasmo e para colocar o pé na terra. Não é fake. Não foi aberta uma área para vocês plantarem, a abertura dessa área já estava no planejamento da fazenda e eles participarão dessa atividade”, explica Potô.


As diversas áreas de agrofloresta e seus diferentes estágios são muito didáticos também, segundo Denise. Algumas estão com a pastagem intacta, em outras o capim já foi roçado, e em outra a agrofloresta já tem cinco anos de plantio.
O curso de identificação e produção de cogumelos na fazenda São Luiz foi um sucesso, com 27 participantes de diversas cidades de São Paulo. O curso foi equivalente ao módulo 1, onde os participantes aprenderam todos os passos para produzirem cogumelos em suas casas e identificaram mais de 40 espécies de cogumelos nas florestas da fazenda. Quando identificaram um cogumelo comestível, os ministrantes do curso ensinaram como reproduzi-los em casa para perpetuar a produção.
Denise finaliza afirmando a evolução do projeto Arte na Terra dentro da fazenda São Luiz e do ponto de equilíbrio que estão atingindo com a estruturação da equipe, investimentos e aumento do número de escolas. Essa quantidade de escolas ainda pode aumentar um pouco mas há um limite para não interferir negativamente nas atividades da fazenda, pois entre um estágio e outro deve haver um espaço de tempo para o desenvolvimento das rotinas da fazenda e para se reorganizarem para o próximo estágio.