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PAFE 2024 contempla maioria das propostas recebidas e amplia alcance do programa

Em 2023 o PAFE – Programa de Apoio à Formação de Educadores – completou 10 anos. Em 2024 ele sofreu pequenos ajustes nos critérios de seleção dos projetos e continua a fomentar a formação de educadoras e educadores, com projetos individuais e coletivos, em Paraty e região metropolitana de Belo Horizonte. A aprovação das propostas, parcialmente ou integralmente, seguiam determinados critérios e dependiam também dos recursos disponíveis para o fomento. Este ano, para a avaliação dos valores solicitados e a pertinência das propostas, utilizaram alguns critérios como formação coletiva; ensino médio; ensino superior; pós-graduação; gênero; raça. E as propostas foram pontuadas de acordo com uma planilha com vários filtros, como contam Fabíola Guadix e Sandra Gonçalves.

“Teoricamente, nós definiríamos a distribuição do fomento do mais pontuado para o menos e quem ficou fora, ficou e pronto. A diferença este ano é que conversamos com todos os envolvidos, para eles refletirem sobre o impacto da formação em suas vidas econômicas, ou seja, se a pessoa poderia reduzir o percentual solicitado sem impacto negativo na sua vida”, explica Sandra Gonçalves, coordenadora da área de educação e finanças da Saúva.

Adultos também são beneficiados com as contrapartidas dos educadores, como essa vivência de alongamento, respiração e yoga
Camila e Gislene da UJIMA – Cozinha Viva – ofereceram oficina de gastronomia para estudantes

A grande surpresa para as gestoras é que a grande maioria das pessoas reavaliou as propostas e diminuiu um pouco, ou até bastante em alguns casos, os valores apresentados. “Com isso, conseguimos contemplar praticamente todas as propostas de Minas Gerais, com exceção de uma formação muito específica e onerosa dentro da antroposofia”, comemora Sandra. Os apoios parciais foram negociados em Minas Gerais e nas formações coletivas de Paraty, que são mais caras.

A filosofia por trás desse novo formato de avaliação é bem simples: os percentuais solicitados pelos proponentes estariam pré-aprovados, mas, se eles reduzissem um pouco do valor, mais pessoas seriam contempladas. Sandra afirma que isso foi “um ponto bastante interessante, porque levamos essa responsabilidade fraterna e econômica para todos e não ficou só na nossa decisão de sim ou não. Todos, de uma certa forma, participaram”.

A pintura deste mural na área externa do INOV teve a participação de crianças, jovens e adultos

Fabíola Guadix, coordenadora do PAFE, conta que a maioria dos apoios concedidos foi na área da educação, principalmente para a formação em Pedagogia. Mas que também já apoiaram licenciaturas em Artes Visuais, Sociologia, Gastronomia, Psicologia e que este ano estão fomentando cursos de formação em Agrofloresta e Dança, para integrantes da Associação Amanu e Lá da Favelinha respectivamente. Em Minas Gerais foram recebidas 11 propostas e 10 foram apoiadas. Em Paraty, o PAFE recebeu 26 pedidos de apoio e apoiou 17 deles.

Educação emancipadora para transformar a sociedade

Perguntada sobre a importância da educação para a transformação social e do fomento da Saúva representar quase 50% do total investido anualmente, Fabíola reflete que “a escola ou espaços educativos têm esse potencial de transformação. Quando olhamos para a educação tradicional, ela só é reprodutora da sociedade que temos, ela tem mudanças tão pequenas que não fazem esse efeito transformador na sociedade. Então temos que olhar para esses projetos que buscam novos olhares e abrem outros caminhos”.

Nessa oficina os estudantes aprenderam princípios básicos do audiovisual

Uma outra questão levantada por Guadix é que educadores e educadoras são muito mal remunerados no Brasil, incoerente à dedicação, tempo de trabalho. Por isso é muito difícil fazer uma formação e pagar por ela, apesar da popularização dos cursos à distância; essa é a importância do PAFE, segundo ela. Fabíola continua dizendo que às vezes, para se manter, o professor “tem que dar aula pela manhã, à tarde e à noite; que inviabiliza qualquer nova formação”.

Apoio à formação com contrapartida para a população

Outra característica importante do PAFE é que as pessoas recebem o apoio e devem oferecer algum tipo de contrapartida socioeducativas para a comunidade local. Geralmente essa contrapartida prioriza lugares com poucas oportunidades como escolas públicas e escolas rurais. Essa contrapartida é definida na seleção da proposta porque um dos critérios de avaliação é o impacto social, ecológico e educacional em populações ou pessoas vulneráveis.

As reuniões com os participantes do PAFE proporcionam um espaço de trocas

Fabíola conclui dizendo da importância, da qualidade e do alcance das contrapartidas e dos ótimos retornos que têm recebido das escolas que as receberam. Ela conta que além de ser uma contrapartida muito razoável em vista do benefício recebido, “é uma vivência super bacana para essas pessoas (educadoras e educadores). Os relatos são maravilhosos porque as crianças e jovens adoram, e é muito gratificante”.

Assista à contrapartida socioeducativa de Débora Saraiva para o PAFE:

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