Quando as educadoras da ONG Educar+ falam em festa, elas sabem bem do que estão falando e as crianças já ficam alvoroçadas. Como o projeto completou 6 anos de existência, a data não podia passar em branco. Ao longo do primeiro semestre, as gestoras e voluntários foram recolhendo recursos para a realização da festa e pagamento do aluguel de um espaço e de brinquedos para a criançada. Tainá Brito conta que todos amam esse momento, não só para se divertir, mas também para poderem ficar mais perto das crianças além da sala de aula, além da instituição. “É um momento descontraído quando brincamos com as crianças e temos um momento de diversão, não sou mais a Tainá professora ou coordenadora, eu viro a tia que serve o lanche, que brinca, que pula corda junto com eles, é um momento mais afetivo da nossa equipe com as crianças para além da sala de aula”, explica Tainá.
Completar 6 anos de atividades é um marco muito importante para a equipe Educar+, pois, apesar de ser um instituição nova, há muito trabalho realizado e um impacto positivo muito grande no entorno. “É muito gratificante estarmos onde estamos hoje”, conta Tainá.
No dia 28 de julho, a ONG promoveu uma festa junina para as crianças com danças, comidas, brincadeiras e vídeo-game. O planejamento foi feito ao longo do ano e a arrecadação de recursos foi feita no último mês com a ajuda do grupo de voluntários pontuais, porque não havia essa previsão de gastos. O aluguel do espaço, dos brinquedos e a compra das comidas foram feitos com esse dinheiro dos voluntários, segundo Tainá.
Aprendizado
Com seis anos de muito trabalho e dedicação em prol das crianças, a palavra que representa esse tempo para Tainá Brito é aprendizado. Ela e Carol Santos, gestoras da ONG, criaram a Educar+ enquanto estudavam Pedagogia e se formaram há pouco tempo. A experiência possibilitou que ambas fossem fazendo e aprendendo ao mesmo tempo como ser professora, gestora e captadoras de recursos. E nesse aprendizado é que acontecem as trocas, entre se doar para a Educar+ e serem retribuídas.
“Às vezes as pessoas chegam aqui pensando que vão ensinar algo para as crianças e nesse tempo eu vi que as crianças ensinam muito para nós. A ingenuidade, o brincar, o olhar de uma criança para o mundo ensina muito e isso podemos ir perdendo ao longo da vida”.
Tainá Brito – gestora e educadora da Educar+
Nessas trocas, segundo Tainá, elas saem com um outro olhar, com mais humildade e simplicidade que as crianças trazem e com isso renovam suas forças. “Ao mesmo tempo que as crianças são difíceis, elas são tão amorosas e respeitosas conosco que não há como sair vazio daqui, não há lugar para o desânimo”, reflete Tainá.
Obstáculos superados
As dificuldades com o espaço, antes de ser reformado, foram os maiores desafios que elas passaram nesses seis anos. O banheiro estava interditado, o andar de baixo inundava com as chuvas e, com o início da pandemia da Covid-19, elas ajudavam as crianças a fazerem suas apostilas pois muitas mães são analfabetas ou já saíram da escola há muito tempo e não conseguiam ajudar seus filhos.
Nessa época não havia estrutura e nem recursos, a ONG conseguia comprar lanche com doações e foi um período muito difícil, segundo Tainá. “Não sei como sobrevivemos, não sei com fizemos, mas fizemos”.
Referência para a comunidade
A reforma do espaço e a pintura da fachada foram os maiores ganhos para a ONG nesses anos, e hoje, a “Ong colorida” é uma referência dentro da comunidade Final Feliz. Conquistar a confiança das pessoas também é um grande ganho para todas.
A sala de informática também trouxe muitos ganhos, principalmente durante a pandemia, onde se pensava que todos tinham acesso a celulares, computadores e internet mas essa não era a realidade. Tainá conta que muitas pessoas não conseguiram o auxilio emergencial por isso, “elas nem ficaram sabendo que tinham direito a esse benefício”.
A conquista desse espaço de qualidade, com ar condicionado em todas as salas, os materiais para serem trabalhados, a valorização da equipe com salários dignos, e a sala de informática, são um diferencial para as crianças atendidas pela ONG. A familiaridade com os computadores e internet trazem ganhos enormes para elas, segundo Tainá, pois muitas outras não têm esse acesso.
As crianças estão tão à vontade com a ONG que chegam antes do horário da abertura e ficam esperando no portão. “É como uma segunda casa para eles e para nós. Mesmo não tendo atividade, a criança ajuda no lanche, pega uma vassoura e começa a varrer, fica na brinquedoteca”, diz Tainá
Tainá Brito conta que muitas vezes a criança fica na brinquedoteca o dia inteiro, quando ainda não tem idade para entrar no projeto, e isso é preferível do que ficar nas ruas, expostas à violência. Na Educar+ as crianças recebem alimentação, amor, carinho, afeto e respeito, “a gente ensina coisas além da alfabetização, além do intelecto da criança, mas a formação de caráter e da identidade da criança”, conclui.
Assista ao video-clipe da Festa Junina de 6 anos da ONG Educar+: