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No Orçamento Participativo do Instituto Ouro Verde, o dinheiro é investido onde estão os seus valores

O Instituto Ouro Verde, em Nova Lima/MG, foi idealizado e construído coletivamente. Desde o seu planejamento e fundação, os objetivos e demandas da escola infanto-juvenil foram compartilhados por um grupo de pessoas que acreditam construir o melhor caminho para a escola. Isso se reflete de maneira significativa no orçamento participativo definido anualmente pela escola.

Sandra Gonçalves, gestora do INOV, explica que Orçamento Participativo reflete a filosofia da escola, seus valores e a divisão de responsabilidades com a comunidade escolar. A planilha financeira retrata a vida da escola quando olha-se para o fluxo de entradas e saídas do dinheiro e isso precisa refletir os valores, os pilares que acreditam. E entre estes pilares, um deles  é a gestão participativa onde a elaboração do orçamento é uma parte importante, onde está evidenciada a transparência dos números, abertos para a comunidade escolar.

A vida financeira da escola reflete seus valores que são postos em prática

Outros pilares do INOV além da pedagogia Waldorf, como a Escola Verde (alimentação integral e compartilhada, gestão de resíduos e agroecologia), inclusão socioeconômica (bolsas) e inclusão de necessidades especiais (contratação auxiliares especializados e professores de educação inclusiva) também tem foco no planejamento e investimento financeiro. Sandra entende que “é muito importante para a formação de todas as crianças a convivência com a diversidade”.

“Quando se tem um amigo em outra condição sócio-econômica e há uma relação afetiva com ele, você consegue ver o mundo com outro olhar, de como podemos contribuir para reduzir essa distância sócio-econômica enorme e a intolerância.”

Sandra Gonçalves – Gestora administrativa do INOV

Tempo, valor e debate

O trabalho voluntário de mães, pais, professores e funcionários que promovem atividades, participam dos mutirões e executam tarefas no dia a dia da escola também contribui para o equilíbrio financeiro pois reduz o custo. Essa alocação de recursos, assim como doações em dinheiro, é fundamental para a escola e para a manutenção dos valores abraçados nela e são, portanto, representados na planilha financeira.

O processo de discussão do Orçamento Participativo dura vários meses. Inicia em junho e vai até o final do 2° semestre. As novas propostas, já com o olhar de toda a comunidade, são encaminhadas para as instâncias representadas no Circulo Geral (Mantenedora, professores, colaboradores e pais), que as priorizam. E assim é possível entender as necessidades de todas instâncias e de cada etapa escolar.

A discussão dos investimentos financeiros reforça a co-responsabilidade da comunidade escolar

A principal pergunta no processo de discussão do Orçamento Participativo não é o que a comunidade escolar precisa mas o que vêem como necessidades prioritárias para as crianças e como viabilizá-las financeiramente. Então o processo torna-se educativo porque quando as pessoas “conseguem entender a planilha, já surge um outro movimento e eles começam a pensar em como ajudar a viabilizar o equilíbrio financeiro da escola”, explica Sandra.

“É um exercício de autodesenvolvimento muito grande, porque não estamos falando apenas de números e de dinheiro e sim de todo o fluxo da vida escolar no ano seguinte. É preciso aprender a olhar para as necessidades do outro e colocar as nossas capacidades, seja de tempo, trabalho, conhecimento ou financeira à disposição da escola para viabilizar a escola que sonhamos. Somos todos responsáveis. Este processo vem se aprimorando a cada ano (…)”

Sandra Gonçalves – gestora administrativa do INOV

Antigamente, comenta Sandra, as pessoas falavam que precisavam de tal coisa e ela tinha que perguntar se aquilo havia sido previsto no orçamento. E hoje a pergunta já é se tal coisa foi prevista no orçamento. Para ela, isso é uma evolução muito grande e dá a sensação que a escola já tem um caminho percorrido nessa direção. Ou seja, a comunidade está entendendo que o planejamento prévio das atividades e demandas é fundamental para a saúde financeira da escola e consequentemente do seu principal objetivo, que é uma educação integral e de qualidade.

A planilha orçamentária reflete a vida da escola e se ela é pensada com antecedência de um semestre, a chance da escola atuar de forma eficaz é muito grande, porque tudo foi pensado antes. “O financeiro não está separado da escola, nele a vida da escola é revelada, tudo que flui pela escola passa por aquela planilha.  Acho isso muito rico, há muita vida nessa planilha financeira”, conclui Sandra.

No INOV, o dinheiro precisa estar onde seus valores estão, isso é uma premissa do orçamento participativo da escola

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