Quantas autoras têm na sua estante? Quantas narrativas femininas você pôde acompanhar e se aprofundar que foram escritas por mulheres? Você lê mulheres da sua cidade? Quais escritoras colaboraram com a sua formação? Esses são o questionamentos que o GRITA, coletivo de jovens mulheres de Belo Horizonte, traz à tona. A partir daí, o projeto inaugurou uma plataforma para facilitar o acesso e a compra dessas obras, que são de difícil produção e distribuição pelas escritoras independentes locais, e nem sempre estão presentes nas livrarias tradicionais. A BiblioGrita surge como uma estante virtual que busca conectar leitoras e autoras, que, para além de poderem conhecer e adquirir os livros, poderão enviar cartas para as autoras após a leitura.

Lá, você encontra estilos variados – autobiografia, poesia, contos e até quadrinhos – de maneira a possibilitar a diversidade de narrativas e, além disso, possibilitar o conhecimento, apoio e identificação com diferentes escritoras da cidade.
Em conjunto ao lançamento do novo projeto, GRITA também apoia o lançamento de “Lamaluca”, biografia de uma geração, escrito por Marília Pires baseado nos seus próprios diários.

Como descreveu Fredy Antoniazzi:
“Ainda menina, Marilia Pires pulou as grades de seu berço de privilégios e abraçou a rebeldia efervescente dos anos 1960. Ali viveu, amou e lutou por tudo o que podia, mas não devia. E como num filme da nouvelle vague, no epílogo, sobraram conflitos em seu insensato coração: ela deveria ser a intelectual guerrilheira sem vaidades ou vestir os ideais de esposa e mãe (falsamente) equilibrada em saltos altos? Marília escolheu o duplo, a ambiguidade, e seguiu em frente. Talvez porque em seu nome – mar e ilha, o firme e o movente – esteja a chave do seu desdobramento ad eternum, porque o contraditório não é incoerente. Estão aqui em suas memórias, as reflexões que resultam das delícias de ser quem é hoje, uma mulher feliz em suas cicatrizes, que sorveu com coragem e medo os destinos improváveis que a vida lhe impôs.”
A autora, além de psicanalista, mãe e avó, é também colunista do Grita, com textos como “Se não, quando?” e “Às vezes, me canso de mim” e já possui um livro lançado o “Gratifica-se quem me encontrar”, também pela Impressões de Minas, e em parceria com sua neta, Rita Davis, que utilizou de fotografias antigas da avó para compor as colagens que ilustram os escritos colecionados ao longo de sua vida.

Lamaluca será lançado amanhã, sábado 13 de Agosto, em Belo Horizonte, na Feira de Livros da Praça da Liberdade, no anexo da Biblioteca Pública, de 11h30 às 13h. No entanto, o livro já está disponível para pré-venda na estante virtual do Grita, basta acessar: https://www.gritaprojeto.com.br/lamaluca
Além da curadoria feita pelas gestoras do projeto, a estante é aberta para propostas de autoras independentes, inicialmente, de Belo Horizonte. Para expor seu livro na BiblioGrita, basta entrar em contato em gritaprojeto@gmail.com
* Esta matéria foi escrita por Luana de Abreu Cavalcanti, do Grita Projeto, estudante de jornalismo na UFMG, em colaboração ao Portal SaúvaJataí.