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Fazenda São Luiz retoma estágio agrícola com escolas de Minas e São Paulo

A Fazenda São Luiz é uma fazenda centenária, cheia de histórias, que completa 100 anos em 2022. Há vinte e três anos vem realizando uma transição agroecológica. Lá o foco é o trabalho com agrofloresta, restauração de florestas, sistemas de saneamento ecológico e de cuidado com a terra. A fazenda fica entre os municípios de São Joaquim da Barra e Orlândia, região nordeste do Estado de São Paulo, a 80 km de Ribeirão Preto.

Entre as atividades desenvolvidas pela fazenda, a produção de Café é carro chefe; e é através da Agrofloresta que são realizadas as atividades de educação ambiental. O projeto se chama com Arte na Terra, tem 20 anos e promover a educação através de experiências e vivências agrícolas monitoradas de grupos de estudantes.

Denise Amador, mestra em Ciências Florestais pela USP, e Rodrigo Junqueira são coordenadores da Fazenda São Luiz e do Arte na Terra, projeto direcionado para escolas Waldorf. Ela conta que essa demanda dos Estágios Agrícolas vem das próprias escolas e foi concebida por Rudolf Steiner há 100 anos: os alunos do  9° ano devem experimentar uma vivência de trabalho na área rural. O Projeto Arte na Terra teve início em 2005 e recebe, normalmente, sete escolas por ano, mas essa rotina foi alterada pela pandemia.

No Estágio Agrícola, jovens de 14 a 15 anos vivenciam várias atividades na Fazenda São Luiz (foto equipe Arte na Terra)

Agora, com a volta às aulas presenciais, o projeto foi retomado e três escolas agendaram suas atividades no Arte na Terra : o Instituto Ouro Verde (Nova Lima – MG), em outubro; a Escola João Guimarães Rosa (Ribeirão Preto – SP), na segunda quinzena de outubro; e a Escola Viver (Baurú – SP), que irá em novembro. “Isso para nós é emblemático, muito importante, porque movimenta toda energia da fazenda e é um trabalho que gostamos muito, que realizamos há 16 anos. Enfim, acaba mobilizando muito a energia, da cozinha ao plantio dos alimentos, as cozinheiras, os educadores, toda essa teia de relações; então, estamos com esses estágios marcados”, comemora Denise.

Ela conta ainda da importância dessa imersão de uma semana para esses jovens, que colocam a mão na terra, vivenciam o dia a dia da fazenda intensamente e têm oportunidade de aprender conceitos fundamentais de agrofloresta para mudarem a visão de mundo.

Uma das atividades está relacionada à coleta de sementes arbóreas (foto Denise Amador)

Os jovens, de 14 a 15 anos, são divididos em grupos que passam por todas as atividades da fazenda durante a semana: retiro do leite de manhã cedo, culinária para fazer queijo, iogurte, pães; e as grandes atividades: horta agroflorestal, a agrofloresta, oficinas de abelhas melíponas e plantas medicinais (colheita, plantio e manufatura, confecção de tinturas e pomadas), trabalho de coleta de sementes arbóreas, armazenamento, beneficiamento, viveiro e algumas rotinas de benfeitoria e de manutenção na fazenda.

Há também o momento de fazer atividades lúdicas, de sensibilização, educação ambiental para o grupo experimentar uma vivência imersiva na floresta, que são atividades bem existenciais, segundo Denise.

Atividades lúdicas também fazem parte do Estágio Agrícola (foto Denise Amador)

“Eles ficam uma semana se alimentando super bem com coisas do campo, numa integração total entre a turma e os monitores, entre nós e a natureza, com o campo e, no final, é muito impressionante a transformação que observamos: de conexão, de encontrar seu lugar ao sol, missão de vida. Já recebemos jovens deprimidos que saíram muito bem; já recebemos jovens que voltaram depois porque resolveram fazer agronomia ou estudar algo nessa área a partir do Estágio Agrícola”.

Nessas imersões, os estudantes têm a oportunidade de fazer várias descobertas (foto equipe Arte na Terra)

A coordenadora do projeto ainda salienta que já colheram depoimentos muito profundos de descobertas, de vivências bem importantes na vida dos jovens, e que “é um trabalho que realizamos com muito prazer mesmo, de sentir que estamos mexendo em pontos importantes na vida desses jovens”, celebra Denise.

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