Após um ano (2022) em que muitas questões interpessoais e desafios atravessaram o cotidiano da escola, a equipe pedagógica da Escola Cirandas sentiu a necessidade ouvir e falar mais sobre esses assuntos, e se encontraram no início de 2023 para falar de seus sonhos para esse ano. Para isso, fizeram alguns encontros de formação e trouxeram convidados para trabalhar a Comunicação Não Violenta (CNV), a escuta empática e a fala respeitosa dentro da equipe. A Coordenadora Pedagógica da escola, Carolina Fonseca, conta que todos os desafios que apareciam na escola, como questões de sala de aula e relações interpessoais, reverberavam na coordenação pedagógica, que é coletiva, criando uma sobrecarga. Mas uma nova dinâmica nos atendimentos individuais e coletivos já foi suficiente para produzir uma mudança positiva na equipe pedagógica e de colaboradores, trazendo união e sintonia.
Para aprimorar a gestão de equipe da escola, trabalharam com as próprias expertises e convidaram a consultora em sociocracia Anne Trummer, que fez uma avaliação do ano já pensando em 2024. A presença da consultora nos encontros de formação possibilitou uma escuta mais atenta e empática ao que estava sendo dito, mesmo que o assunto já tivesse sido abordado anteriormente sem a devida atenção.


Um dos maiores desafios levados para a consultora foi de a equipe conseguir separar as falas de alguém que está cumprindo seu papel e não levar para o pessoal, porque isso desgasta as relações. Carol conta que “esse é um dos maiores desafios, a confiança, confiar em quem está fazendo o seu papel dentro da gestão da escola e não levar para o pessoal”. Segundo Carol, essa estruturação vai melhorar os processos internos, que não são definitivos, o administrativo financeiro vai olhar para a divulgação da escola, vai ampliar a qualificação dos professores, vai olhar para a vida dos alunos e das famílias, em busca de soluções.
1° Encontro da Rede Saúva Jataí
Carolina fala sobre a importância do encontro presencial da Rede no Rio de Janeiro em agosto de 2023 e de como ele serviu para “abrir seus olhos”. Ela conta que “entendeu de fato o que é a Saúva e a Jataí, e da busca da sustentabilidade e o porquê dela”. Esses aprendizados foram repassados para a equipe e famílias, ressaltando a importância do engajamento e da corresponsabilidade.

Ela comenta da grande ajuda que a consultoria administrativo-financeira da Sandra Gonçalves trouxe para a escola, e que foi criado um Grupo de Trabalho de Captação de Recursos que já está em funcionamento. Segundo Carol, Sandra trouxe uma calma para a equipe, que estava muito preocupada com a sustentabilidade financeira da escola. “A Sandra tirou um pouco do peso que estávamos sentindo, um certo desespero. Ela nos acalmou, nos falou dessa parte toda de estruturação financeira e então ela foi uma luz para a gente. Nos disse que poderíamos seguir nosso caminho com calma, muita calma”, explica. A sustentabilidade financeira da escola tem melhorado, mas ainda não está com autonomia de 100% nessa área. Uma novidade desse ano é que alguns colaboradores recebem parte de seu pagamento na moeda Alegrias, que podem ser usados em todos produtos e serviços oferecidos pela Rede, como alimentos não perecíveis, frutas, pães, temperos, farmácia, combustível e gás de cozinha.
Cuidar de quem cuida
Carolina fala sobre uma demanda sensível que surgiu da equipe, de um cuidado maior com sua saúde mental. E nessa hora o funcionamento em Rede mostrou sua força, pois, quando isso foi colocado na comunidade escolar, uma mãe que havia escrito um livro sobre inteligência emocional, que tem formação e trabalha na área de saúde mental, se prontificou a trabalhar com a equipe.
“Ela ofereceu o curso para a equipe, que se fôssemos pagar seria muito caro, pois são oito semanas. Ela disse que estava oferecendo o curso para cuidar da gente e isso foi muito especial”, comenta. Segundo Carol, a equipe aprendeu muito com o curso e teve um impacto positivo em suas vidas, trabalhos e relacionamentos. Essa contribuição, dada por uma família, foi um presente que a equipe pode levar para a vida inteira. “Foi bem bonito mesmo, foi forte e estreitou os laços entre as pessoas que estavam participando. Foi um presente muito bom”, comemora Carol!

Ela conta que após um ano mais cansativo, onde muitas questões vieram à tona, o ano de 2023 foi mais introspectivo, de cuidar de si e das pessoas. “Com esse autocuidado, as pessoas começaram a cuidar também da relação com o outro, então eu acredito que esse ano, na Cirandas, foi um ano de amadurecimento da equipe. E acredito que em 2024 nós vamos voltar com mais força ainda para as atividades pedagógicas, porque nos cuidamos e cuidamos do nosso espírito interno”, conclui