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Equipe da Escola Comunitária Cirandas realiza formação para aprimorar Proposta Pedagógica

O conceito de “Escola Viva” da Escola Comunitária Cirandas, de Paraty/RJ, é estar se reinventando, sempre. E a equipe pedagógica se encontra sempre para analisar, estudar e planejar suas práticas, resultados e ações. Lá, o trabalho com as crianças é fruto de uma soma de metodologias baseadas na pedagogia de projetos. Portando, a fim de se manter sempre atualizada e melhor a cada ano, desde o final de 2021, a equipe da escola é acompanhada pela pedagoga Dona Êda Luiz, referência brasileira na área educacional pela luta por uma educação inclusiva e democrática. E é nesse momento, do ano de volta às aulas presenciais, que a área pedagógica da Cirandas enxergou a necessidade de um olhar para si, em busca de requalificação e novos referenciais de formação.

O Círculo Pedagógico (Grupo da comunidade escolar responsável pelas diretrizes pedagógicas), do qual fazem parte as educadoras Débora, Cláudia, Mariana e Maria Carolina sugeriu que a diretora Jussara Andrade e a coordenadora pedagógica Carolina Fonseca conduzissem esse processo de renovação do Plano Pedagógico da Cirandas. Jussara, então, parte em busca por modelos de escolas transformadoras que também trabalham com a pedagogia de projetos.“Queríamos enxergar como outras escolas faziam o mesmo que nós mas com formatações diferentes. Mas o Circulo Pedagógico, ouvindo e escutando nossos colaboradores, nos trouxe a necessidade de, primeiro, mergulharmos dentro de nós mesmos para que pudéssemos entender o que estávamos fazendo”, explica a diretora.

A equipe da escola se mobilizou para olhar para dentro, para estudar e olhar para o futuro

A partir dali, foi planejada e realizada, em julho de 2022, um processo de formação dividida em três momentos: um olhar para dentro; um olhar de aprendiz; um olhar para além. No primeiro momento, cada um dos professores pôde falar de suas práticas em sala de aula, no cotidiano com as crianças e como estavam trabalhando a pedagogia de projetos. Com isso, puderam perceber o que estavam fazendo de modo similar e o que estavam divergindo dentro da metodologia. O objetivo era alinhar as práticas e registrá-las futuramente.

No segundo momento, o corpo docente estudou e leu a teoria da pedagogia de projetos; ocasião em que se tornaram cientes de estar no caminho certo: o trabalho estava de acordo com o que a pedagogia de projetos previa e formou-se consciência de que as práticas poderiam ser aperfeiçoadas também. No terceiro dia, o grupo de trabalho planejou o segundo semestre de 2022, com registro e detalhamento de trabalho.

Renovação e autocuidado

O isolamento social produzido pela pandemia nas crianças trouxe diversos desafios para os educadores. E estes processos de análise, estudo, autoconhecimento e planejamento foram muito importantes para a equipe da escola: “esse momento foi fundamental e ficamos muito felizes porque ele foi ‘redondo’; nós olhamos para dentro, para o que tem de bom, o que precisa melhorar; fomos estudar a respeito e, depois, repensamos, reformulamos nosso plano”, comemora a diretora.

Dentro da dinâmica da formação, foi levantada a importância dos professores e colaboradores da escola em cuidarem de si, de buscar um fala afetiva, carinho; e de se colocar no lugar do outro para conseguir aquilo que acreditam enquanto projeto e educação. A cada dia, um profissional de fora trouxe um depoimento para o grupo da escola: uma delas foi Angeli Oliveira, da Angeli Temperos, que questionou quando as educadores e tutoras, que sempre cuidam dos demais, tem tempo para cuidarem de si mesmas?

 “Todos os convidados trouxeram a fala de que nós, enquanto educadores, seres humanos, professores e professoras, também precisávamos nos cuidar. Como é que nós vamos passar esse cuidado para as crianças se não estamos bem”?

Jussara Andrade – Diretora da Escola Cirandas

Planos para o futuro

O maior objetivo desta formação é registrar o passo a passo da pedagogia desenvolvida na escola, porque, apesar de existirem modelos de pedagogia de projetos, há pontos diferentes na realidade da Cirandas. Um desses pontos é a avaliação das crianças feita na escola, que não tem um padrão quantitativo, um rótulo de A, B ou C; e isso não significa que elas não sejam avaliadas, pelo contrário, são avaliadas diariamente: “Todas as tutoras/tutor e professoras fazem seus registros que vão dar embasamento para o relatório final dessa criança, que é um relatório descritivo e bastante detalhado”, explica Jussara.

Esses mecanismos de avaliação dos alunos, segundo Jussara, são sistematizados: os professores têm as atividades feitas em sala de aula e os portfólios são montados no decorrer do trabalho mostram o avanço das crianças ao longo do ano. No final, resulta em uma planilha sobre desenvolvimento individual de cada aluno. Agora, o empenho é para todos os professores façam da mesma forma e com o mesmo propósito.

Ainda sobre os resultados da autoavaliação e formação, o que ficou bem claro para a equipe das Cirandas, conta a diretora, é que todos os procedimentos para os projetos de pesquisa dos alunos estão sendo muito bem feitos. São desenvolvidos de acordo com o interesse das crianças e uma problematização gera o foco do que será estudado, pesquisado e como será trabalhado ao longo do semestre.“Precisamos ter os nossos objetivos muito claros porque trabalhamos semestralmente os projetos, de março a julho, e precisamos revisitar nossos objetivos senão podemos nos perder no caminho”, reflete Andrade.

Ela ainda ressalta a importância do registro e sistematização dos processos de trabalho em um regimento interno, para que a escola possa ter parâmetros norteadores independentemente da gestão ou corpo docente de cada época: a escola é viva, mas precisa de um documento norteador.

Outro resultado do que foi planejado a partir desta formação é que os projetos de pesquisa e atividades realizadas com as crianças tenham impacto social; tem de reverberar alguma coisa além dos muros da escola.

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