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Equipe da Escola Comunitária Cirandas realiza formação em autocuidado, primeiros socorros e planejamento escolar por uma pedagogia amorosa

Matéria publicada em 31 de março de 2025.

No início de 2025, a Escola Comunitária Cirandas promoveu três dias de formação para a equipe pedagógica, educadores e colaboradores, pensada e planejada pela direção e coordenação pedagógica no ano passado. Essa formação foi realizada nos dias 29, 30 e 31 de janeiro com os temas: autocuidado e pedagogia como uma ética amorosa, primeiros socorros e planejamento escolar. A ideia central é que a equipe tivesse uma atitude preventiva e vivenciasse momentos de cuidado, conexão, união e fortalecimento. A gestão da escola, de forma compartilhada, possibilita que a equipe se mobiliza e se organize para promover as mudanças estruturais que beneficiem as educadoras e estudantes, como o calendário diferenciado, por exemplo. Uma percepção dessas mudanças estruturais e no ambiente é que elas transformam as crianças também, que talvez não possam elaborar um pensamento mais abstrato, mas que sentem e refletem esse ambiente escolar mais ou menos estressante.

O primeiro dia de formação, realizado na casa do conselheiro Luiz Guilherme Lutterbach, foi voltado para toda a equipe e teve por objetivo trazer um sentimento de pertencimento com a prática do autocuidado e o cuidado com o outro, a partir do mote: “Quem cuida de quem cuida?” Para isso, foi convidada Rose Luz, que trabalha como terapeuta holística e com a medicina das ervas. Essa vivência foi desenvolvida com ervas e escalda pés e proporcionou momento fortes de conexão e autocuidado ancestrais. Ela propôs que a equipe, em momentos de caos, se permitisse um respiro, olhasse para dentro de si e para o outro. O conteúdo da formação desse primeiro dia foi surpresa e contou com a abertura do Pajé Marley, que fez um rezo, e com a palestra do Professor Dr. Renato Nogueira, sobre pedagogia por uma ética amorosa. O professor Renato também retornou com essa questão de o ambiente escolar gerar muita carga e tensão, que, geralmente, vêm acompanhados de uma descarga. Ele continuou dizendo que essas descargas podem ser de forma agressiva e violenta, mas que há maneira delas serem feitas saudavelmente, trazendo relaxamento. Segundo Carolina Fonseca, coordenadora pedagógica da Cirandas, a afinidade e conexão entre os convidados foi tão grande que pareceu planejada, pois foi espontânea, conectada e “nutritiva”. “bel hooks nos fala de um ambiente de trabalho amoroso, que é possível construir isso. É isso que temos buscado cada vez mais”, reflete Carolina.

A comissão organizadora se incumbiu de toda a organização do local e refeições, para que ninguém da equipe precisasse se preocupar com essa parte logística. O almoço foi preparado pela avó e mãe de Carolina, de origem baiana e caiçara, que fizeram uma comida típica de Paraty, o pirão de peixe com banana.

“Temos a oportunidade de não reproduzir o que já acontece, o que já é. Temos a oportunidade de fazer diferente, pensando, planejando e colocando em prática nesse ambiente escolar, que é tenso, mas que seja saudável. Que as tensões não precisem adoecer as pessoas”.

Carolina Fonseca – coordenadora pedagógica da Escola Comunitária Cirandas

O bombeiro Roberto, amigo da educadora e professora tutora Angélica, ministrou a formação em Primeiros Socorros na manhã do 2° dia de forma didática e divertida segundo Fonseca. Foram realizados diversos exercícios práticos sobre primeiros socorros, que puderam ser colocados em prática imediatamente por conta de um sangramento nasal e uma queda de skate acontecidos na escola. O curso de primeiros socorros é obrigatório para instituições escolares anualmente e foi ministrado gratuitamente em forma de doação para o projeto. À tarde, a psicóloga da escola, Joziane Moro, CRP 05 48015, deu uma formação específica para a equipe do Fundamental 2, os pré-adolescentes e adolescentes. Carolina conta que, apesar de trabalharem em ciclos, com pedagogia de projetos e pesquisas, a abordagem em cada grupo é diferente e por isso a equipe precisa de formações em cada ciclo. A psicóloga passou muitas orientações sobre essa faixa etária para saber lidar, tanto em sala de aula, quanto fora dela. Essa formação foi concluída pela psicóloga, que já contribui com consultorias, orientações para alunos com diagnósticos, dinâmicas em sala de aula e reuniões de família, no dia seguinte e último dia do processo.

O último dia foi reservado para planejamento e organização das salas e retorno das crianças, com leveza e integração. Na semana seguinte, as crianças realizaram vivências com banho de mangueira, escolha do representante de turma, nome das turmas, escuta dos temas a serem estudados de maneira mesclada e divertida. Ao final da formação, foi compartilhado um formulário de avaliação para a equipe, que obteve retornos positivos. O professor Renato Nogueira e a terapeuta Rose Luz foram convidados para retornar à escola em breve e continuarem o processo de formação proposto por eles. Carolina Fonseca conclui falando da comissão de gestão de equipe da escola que conta com um espaço de escuta, acolhimento e resolução de desafios, que tem sido cada vez mais entendido e usufruído por todos, e da importância desse tipo de formação para ampliar esse entendimento.

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