O Atelier de Dudude Herrmann, que é uma das bolsistas-ativistas da Rede Saúva/Jataí de 2022, está cravado nas montanhas de Casa Branca – Brumadinho, ao lado do Parque Estadual da Serra do Rola Moça. Dudude promove várias atividades culturais relacionadas ao universo da dança, da pesquisa artística e do sensível, e uma delas é o Treino em Movimento. Essa vivência, como o próprio nome diz, tem o objetivo de ativar as células do pensamento, do corpo e do desejo através do movimento. Dudude nos diz que ele é direcionado para a pessoa comum, pois ela é uma artista da dança mas trabalha para o comum, não interessa o ofício que está lidando. “Esqueçam a dança pra que possamos dançar. O Treino em Movimento é para pessoas que gostem da fonte do saber que o movimento trás. Nós podemos pensar que o segredo da vida é o movimento, podemos movimentar pelo ofício que temos, podemos transmutar a energia do nosso corpo nos deixando mover ao léo”, conta.
Vivência do sensível e do afeto
Uma das ferramentas utilizadas no Treino é vivenciar e trabalhar através dos sentidos, da percepção, do perceptos e afectos. Ativar o olhar como mais um no corpo, a escuta, o toque, o sentido do toque, o paladar, o faro, o equilíbrio/ desequilíbrio.
Esse ano, Dudude está privilegiando o Macunaíma, para delirarmos um pouco e lembrarmos de Mário de Andrade e da Semana de Arte de 22. O Treino acontece primeiro na expansão do jardim do Atelier, depois entram para a sala construída para o mover. São trabalhados jogos lúdicos na ativação de gerar danças no espaço e depois acontece um piquenique, onde cada um trás o seu lanche. “Compartilhamos conversas, devires, percepções de mundo e fazemos esse amalgamento das relações fraternas”, explica Dudude.

No Atelier sempre tem uma comidinha. Para trabalhar os sentidos, pra travar relações de amizade, porque uma de suas missões é fortalecer a comunidade sensível do lugar, do país, do planeta e do mundo.
“Subirmos um pouco nossa frequência e começarmos a expandir nossos modos de ver, de escutar, de perceber nossos discursos diários, onde eles vão, qual é a pauta do dia, a intensidade da palavra, como ela sai, se sai do coração, da revolta, do fígado, se estou brigando demais, chorando demais ou muito parada num lugar só. Então é deixar o seu corpo te ensinar e isso é lindo”!
Dudude Herrmann – Bailarina e Coreógrafa
“A revolução começa em mim”
Segundo Dudude, a nossa vida sempre está em relação a alguma coisa, em relação ao outro ou a alguém. Ela cita Erin Miller, que diz que a revolução começa conosco, em nós, somos nós que fazemos a revolução. “Onde anda o ser selvagem? Tudo isso e em qualquer relação estamos fazendo política, porque a política pode ser uma palavra intensa, cheia de possibilidades de realização. Cheia de potência de desejo, mas de uns tempos pra cá ela tem ocupado um lugar só do planalto central, de partidos”, reflete.
Nos Treinos em Movimento, um dos objetivos é que as pessoas venham e tomem pra si o si, que sejam atrevidas. Não existe não saber dançar, pois até a própria Dudude não sabe dançar várias danças estruturadas dentro de caixinhas. “A dança não pode ser uma dança que deslize em você e te faça espreguiçar o coração? Pode! Porque cada corpo sabe e faz pro proprietário dele o seu melhor”.
“Quando pensamos, nós traduzimos em palavras e na dança também, o pensamento que temos e a sensação que vem nós traduzimos em movimento. E a dança é poderosa porque é tão abstrata e eu posso fazer um campo político, um manifesto sem usar nenhum código, posso fazer rabiscos como Jackson Pollock. É muito bacana quando começamos a ter coragem de mergulhar nesse território mover e parece que vai saindo um véu dos seus olhos e vamos vendo melhor, escutando melhor, farejando melhor”.
Dudude Herrmann – Atelier Dudude em Casa Branca, Brumadinho

E aí também está o gosto de Dudude pela improvisação porque é no agora que a vida vale. Quando a pessoa toma posse de si em si. Assim, vem o reconhecimento de sua própria potência e que ninguém tem nada com isso. Segundo ela, ao invés de nos apoiarmos num passado remoto, já vivido e acontecido, podemos desapegar disso e trazer o que realmente precisamos naquele momento. E o mais interessante é que não precisamos saber o que precisamos porque o corpo já sabe.
“Na verdade, o que gosto de ver são as pessoas se deixando fazer, se entregando à experiência. E dali vamos dando uma espanada nas células, nutrindo de fluidos e o corpo vai de novo florescer sim, movendo. Espreguice sempre que quiser, boceje sempre que quiser, isso é lindo e não é falta de educação”, conclui.

Convite
Setembro chegando! E a Vivência Treino em Movimento também!
Inscreva-se e venha mover Junto!
Dia 03 de setembro, às 10h, anote e agende-se!
Vivência com Dudude + Piquenique aos pés da montanha
Inscrições: http://linkr.bio/dudude (link na bio)
Mais informações : producaodudude@gmail.com
Assista ao convite de Dudude Herrmann para o Treino em Movimento: