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Conheça o Colo da Montanha! Mais uma parceira da Rede Saúva Jataí em busca de uma educação transformadora

A relação da Associação Colo da Montanha com algumas iniciativas da Rede Saúva Jataí existe há muitos anos. Suas gestoras acompanham o trabalho da Rede Muda e Grupo Pedras de Teatro, e foi assim que surgiu a ideia de enviarem uma proposta de parceria para a Rede. A proposta foi aprovada e ,com isso, a associação passa a integrar o rol de iniciativas da Rede que buscam uma educação transformadora, inovadora, compartilhada e libertadora. Hoje, o volume de recursos investidos pela Saúva na área de educação é quase a metade do total investido e isso também mostra a importância da educação na busca da transformação social. A Comunidade de aprendizagem surgiu em 2015 com um desejo de Mariana Rosa de reunir famílias motivadas a resgatar a memória de criar crianças em comunidade. Com vinte anos de experiência lecionando em escolas, ela sentiu que precisava se lançar em outros desafios na busca de um outro modelo de educação e assim estava plantada a semente do Colo da Montanha.

No início, o projeto tinha uma prática bastante orgânica e autogerida. Durante 2016, intensificaram-se a rotina de encontros e sustentaram, do começo ao fim, o processo de tomada de decisões, custeio e gestão de tempo e dos recursos envolvidos na bioconstrução do espaço de convivência das crianças. Em 2017 participaram do Percurso de Transformação Gaia Escola, coordenado por José Pacheco, ligado às comunidades de aprendizagem e Escola da Ponte (Portugal), que estava morando no Brasil, e a Gaia Escola Inkiri Piracanga/BA, duas referências que, unidas, passaram a produzir um processo de aprendizagem que se aprofundou nesse ano.

“Passamos o ano nos reunindo em imersões, uma por dimensão (ecológico, social, econômico e visão de mundo). Foram quatro encontros de uma semana, com gente do Brasil inteiro, da área de educação. Fazendo o que estamos nos propondo de ser rede e sendo rede, compartilhar desafios, ferramentas e dispositivos de aprendizagem. Claro que sempre com o foco na educação das crianças, mas entendendo que para transformar esse universo não tem outro caminho a não ser olhar para nós mesmas e nos transformar juntos”, diz Mariana Rosa.

A partir desse momento, o Colo da Montanha se torna um núcleo de trabalho com a tutoria de José Pacheco e tem a oportunidade de organizar documentos, estatuto e fazer uma escolha de se formalizar enquanto associação. E se alinharam com essa filosofia de que uma comunidade de aprendizagem deve ter o compromisso com o protagonismo das crianças e com a transformação na educação, mas também deve ter a dimensão dos adultos, que não pode estar fora dos processos de aprendizagem. Isso envolve a criação de comissões, núcleos de trabalho, grupos de pesquisa, apoio e planejamento estratégico que foram sistematizados a partir da experiência com o José Pacheco.

A área externa da casa trás um potencial enorme de contato com o ambiente

Em 2018, com a mudança para uma nova sede num local mais central de Teresópolis, houve um grande crescimento na quantidade de estudantes chegando a um total de 42, entre bebês, crianças e adolescentes. Um momento muito potente e desafiador, com muita participação das famílias em assembleias, grupos de trabalhos e contribuindo financeiramente, segundo Mariana e Sayuri Kimura, gestoras da escola. Com a chegada da pandemia e todas as dificuldades e restrições impostas por ela, a estruturação e a situação privilegiada do Colo da Montanha, de estar em uma cidade muito arborizada, foram importantes para uma adaptação da escola e flexibilização das mensalidades para quem perdeu o emprego, por exemplo.

“Foi uma época de ver a força que o coletivo tinha, pois o Colo da Montanha sempre atraiu muitas famílias para morarem em Teresópolis, buscando uma educação assim. Mas isso também trouxe uma consciência do que construímos e que não deixaríamos isso morrer”.

Sayuri Kimura – gestora da Colo da Montanha

Todos os desafios e ambiguidades enfrentados nesse período foram importantes para o fortalecimento da escola e da comunidade. Os próprios estudantes adolescentes foram sentindo uma necessidade maior de formalização como escola, atentos às mudanças políticas do momento, enquanto as gestoras foram buscando os meios para suprir essas demandas e se legalizarem enquanto educação infantil e fundamental 1. A nova troca de sede em 2022, para um sítio abandonado de 11.000m2, foi oportunidade para a diminuição do custo do aluguel e, ao mesmo tempo, o aumento do terreno, seu potencial de uso e experimentação dos estudos de fluxonomia.

No Colo da Montanha o aprendizado é uma meta para as crianças, gestoras, tutoras e familiares

Sem perder seus ideais desde a fundação, de liberdade e autodireção, de olhar para a curiosidade e necessidade das crianças no momento, Mariana e Sayuri contam que a pedagogia do Colo da Montanha continua tendo suas bases na comunidade de aprendizagem com tutoria de José Pacheco. Mas que também se baseiam na educação livre, na autoeducação dos adultos e de pensarem em como superar o modelo da competição, do julgamento e da expectativa. A busca de uma educação emocional e comunitária é muito importante para todas. Por isso, continuam afirmando suas práticas enquanto comunidade, de fazer assembleias e grupos de trabalho, mas que, por ser uma casa coletiva e extensão da casa das famílias, elas também devem se comprometer com o funcionamento da escola. Isso se reflete no compromisso das crianças com algumas tarefas básicas como cuidar da composteira, preparar o lanche, limpar a sala no fim do dia, além de contribuírem com os grupos de cuidados juntamente com os adultos, levando e escolhendo pautas para as assembleias e as necessidades por trás dessas pautas. Mariana reafirma a participação das crianças nesses processos decisórios, a metodologia de trabalho promovendo projetos e encontros tutoriais individuais com as crianças para identificar seus interesses.

O protagonismo das crianças é estimulado a todo momento, das brincadeiras à lista de presença

“É um momento bastante singular de mergulhar no universo do que cada um é. Tem criança que quer aprender a fazer tricô, fazer uma bolsa, outra estudar o universo, combater fungos ou pesquisar a origem do seu nome”, explica Mariana. O apoio da Saúva nesse ano é para a estruturação do sítio escola. Ganharam bolsas para crianças de comunidades vulneráveis e investimento para a organização do contraturno Cultura & Natureza. “Gastamos energia cuidando e organizando a casa e agora estamos olhando para os 11.000 metros quadrados do terreno, pensando em como ocupar esse espaço a partir de sonhos que envolvem crianças e adultos”, conclui.

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