Matéria publicada em 12 de setembro de 2024.
A Confraria da Horta, C.S.A. (Comunidade que Sustenta a Agricultura) sediada em Florestal/MG, segue seu trabalho de produzir alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos e entregar para seus clientes na região da grande Belo Horizonte, desde 2016. O formato de entrega pode ser semanal ou quinzenal e a pessoa tem a comodidade de receber a cesta com, no mínimo 8 variedades de legumes, frutas e hortaliças, em sua casa. O pagamento pode ser feito preferencialmente em Reais, mas eles também podem receber um número limitado de cestas em Mudas. Além disso, têm uma parceria com a UJIMA – Cozinha Viva, responsável pela alimentação de estudantes e profissionais do Instituto Ouro Verde em Nova Lima/MG. Nesse ano, recursos financeiros oriundos do fomento da Saúva foram investidos na ampliação das acomodações para receber estudantes em estágios agrícolas e voluntários que colaboram com o dia-a-dia da produção das hortas e aprendem os princípios básicos da agricultura familiar. Uma parte do tempo de Daniel Novaes e Carolina Zaratini, gestores da Confraria, é dedicada ao aprimoramento do trabalho de educação ambiental, recebendo visitas e estágios de escolas públicas e particulares. Em outra parte ocorrem os intercâmbios de conhecimentos e técnicas de produção, como o realizado com técnicos da EMATER.
Daniel Novaes conta que atualmente entregam em torno de 47 cestas de produtos orgânicos, sendo 41 semanais e 16 quinzenais. Sua expectativa é de aumentar a quantidade de entrega de cestas para 80 por semana, que estaria próximo do potencial máximo de produção atualmente. A composição das cestas é variável e acompanha a época propícia da produção de cada alimento, além de contar com a parceria de outros produtores da região. Para mais informações e assinatura da entrega das cestas o contato é 31-97180-2757 (Carolina Zaratini).
Parceria com a EMATER
O curso oferecido pela EMATER, dentro da semana do produtor rural, foi de extrema valia para Daniel Novaes. O público que foi para o curso, no local da Confraria da Horta em Florestal, era bem diversificado, formado por pessoas com conhecimentos de agricultura familiar e iniciantes. “O objetivo dos técnicos da EMATER nesse dia foi mostrar a construção do solo vivo, a cobertura do solo e seus efeitos; e a diversidade do canteiro orgânico consorciado que pode chegar a 20 plantas. Com épocas de colheita diferenciadas, mas que potencializam o ganho porque ao invés de vender seis produtos, vamos vender vinte. Há uma vantagem econômica e a importância da construção do solo vivo para nutrir esse número maior de plantas no espaço”, conta Daniel.
Nesse dia, os participantes tiveram a oportunidade de conferir in loco canteiros em fases diferentes de maturação. Um deles recém formado, outro que estava no segundo ciclo de formação do solo e um terceiro, mais maduro, que estava produzindo há dois anos. Daniel comenta que esse terceiro módulo apresentava uma camada profunda de terra preta, que impactou a todos pela transformação de uma terra pobre numa extremamente rica.
Projeto fomentado pela Saúva
O projeto da Confraria da Horta apoiado pela Saúva em 2024 foi construir e reformar o alojamento e banheiros para receber estudantes de escolas públicas e particulares em visitas e estágios agrícolas. Uma parte foi readequada em função da dificuldade de mão de obra na região, mas a quantidade de leitos para os estágios foi ampliada. “Conseguimos uma estrutura melhor e maior para receber o público, já podemos receber 8 e em breve vamos poder receber 16 pessoas. Com beliches, banheiros e espaço de convivência”, comenta Daniel.
Visitas e estágios agrícolas
Para além dos objetivos de Daniel e Carol de produzirem alimentos saudáveis com amor e carinho para as pessoas que os financiam e viverem disso, as parcerias com escolas podem também proporcionar o contato das crianças com a agroecologia. Escolas atendidas pelo PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) através da Confraria da Horta fizeram visitas para verem de perto onde esses alimentos são produzidos. “Nosso objetivo é trazer as crianças para terem contato com a horta natural, com alimentos que elas vão colher e comer. Nessa semana elas colheram e comeram uma beterraba, o que pode ser incomum, e comeram crua. A criançada redescobre o alimento porque pega um produto orgânico e come na hora, sentindo uma explosão de cor e sabor”, se alegra Daniel Novaes.
As crianças puderam vivenciar ludicamente a importância da cobertura do solo, que o mato não é lixo e não deve ser queimado. O ciclo dos nutrientes também foi mostrado através da compostagem de resíduos orgânicos, de acordo com as faixas etárias. Uma ideia que está sendo planejada para ser posta em prática e se inspiraram na Imersão Arte na Terra na Fazenda São Luiz, é criar uma “Trilha do Saber e do Sentimento” adaptada à realidade do local. “Semana que vem vamos fazer um mutirão para fazer a trilha. Inclusive estamos fazendo mutirões com agricultores locais, parceiros da CSA ou não”, comenta.
Os benefícios desse trabalho são vários: multiplicar o conhecimento; acolher as crianças; a troca da energia de alegria que reverbera em todos e nas plantas; a divulgação da CSA nas famílias; as trocas com adolescentes sobre as vantagens da agricultura familiar, do mercado e da possibilidade de renda.
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