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Como foi o ano de 2024 para a Saúva e o que esperar de 2025? Entrevista com Flávia Gribel

Matéria publicada em 14 de janeiro de 2025.

Conversamos com a Flávia Gribel, gestora da Saúva, que fez um balanço das atividades da instituição em 2024, bem como apontou as expectativas para 2025, e, finalmente, refletiu sobre o papel de cada um de nós para o fortalecimento da rede.

1. Como você avalia os resultados da Saúva no ano de 2024?

O ano de 2024 foi importante para fortalecermos nossos laços.

Tivemos várias novas oportunidades de conexão durante o ano: além do Encontro Presencial na Fundição Progresso e dos Coretos mensais, posso citar algumas: a turnê Solo da Cana em Rede e as apresentações da peça Rosa e a Floresta, visitando iniciativas fomentadas pela Saúva; também os subgrupos de Educação e Saúvas Agroecológicas que foram formados e que se reúnem periodicamente para tratar de desafios específicos dos seus segmentos; a implementação do projeto de compostagem do Terra Orgânica junto a iniciativas da rede; o curso de iniciação em Finanças voltado a participantes da rede e promovido pela Rede Alegrias em parceira com as equipes da Saúva e da Jatai; mais uma bela edição do Plante Rio, o Celebra Muda, entre tantos outros momentos de integração

Além disso, foi muito importante termos conseguido ampliar o entendimento sobre a circularidade da nossa rede por meio de vídeos institucionais, apresentando de forma mais clara para o público em geral o que faz a Jataí, quais são seus diferenciais e a sua importância para a continuidade do fomento da Saúva e, por consequência, das iniciativas da rede.

2. Quais foram os desafios da avaliação dos projetos para o ano de 2025? E quais foram os avanços percebidos na dinâmica dessa análise?

A dinâmica da avaliação dos projetos vem sendo revista e aprimorada a cada ano, e acredito que esse último processo foi uma experiência bastante gratificante.

Tivemos uma participação significativa de membros de diferentes projetos da Rede, incluindo nossos ativistas nesse processo, garantindo maior transparência e representatividade. Formamos esse Coletivo que atuou em diferentes etapas, começando pela definição de critérios norteadores da análise, Por exemplo, um dos critérios foi a priorização em manter o apoio aos projetos existentes dentro de um contexto de restrição de recursos financeiros e, também, a presença de ações afirmativas.

Os desafios? O principal foi e ainda é basicamente a captação de recursos para garantir a manutenção do fomento financeiro para todos os projetos que já compõem a nossa rede .

3. Já são anos que a Saúva apoia inúmeros projetos. E a cada ano há uma contínua busca para que as iniciativas compreendam a importância da autossustentabilidade. Em que pé estamos quanto a isso? Digo, como as iniciativas estão entendendo essa necessidade e quais desafios ainda são presentes nessa busca?

Acho que temos evoluído bastante na Rede no entendimento sobre a questão da autossuficiência dos projetos. Primeiro, no sentido de ampliar esse conceito, mostrando que autossuficiência vai além de questões financeiras. Além disso, buscamos apresentar um novo olhar para o tema, envolvendo sinergias possíveis e integração de bens materiais e imateriais que já temos dentro da própria Rede.

Agora, ainda é um dos nossos principais desafios ampliar o entendimento sobre como funciona a circularidade dos recursos dentro da rede: ou seja, a autossuficiência da Saúva está atrelada tanto à Jataí quanto à gestão das iniciativas.

Cabe citar o exemplo de busca pela autossuficiência da iniciativa Mato Dentro Mundo Afora, que foi reduzindo sua necessidade de fomento financeiro ao longo do tempo e já vislumbra sua autonomia a partir do próximo ano. Reforçando que isso não significa “sair” da Rede e, sim, manter laços e relações de interdependência baseados em valores não financeiros.

4. Qual a expectativa da Saúva para o ano de 2025?

Aumentar a captação de recursos para a própria Jataí dentro da Rede, a partir das conexões dos atuais membros da Rede. Esse é um fator fundamental para a nossa estruturação.

Também queremos ir cada vez mais além do fomento financeiro aos projetos, aumentando as sinergias e fazendo uso da lista de bens materiais e imateriais que foram coletados nas propostas apresentadas por cada iniciativa. Precisamos colocar em prática isso.

Outra coisa será ampliar o uso das 3 moedas complementares da rede, a fim de que o estímulo de parte do fomento anual possa ser convertido nessas moedas.

Também queremos oferecer oportunidade de apoio jurídico às iniciativas através do projeto BMA Inspiração, do renomado escritório de advocacia BMA, onde a Sauva conseguiu se cadastrar e ser aprovada para receber 120 horas de consultoria jurídica por ano (em breve essa editoria trará mais informações sobre isso).

Por fim, uma das novas ações que fazem parte da rede é o projeto da ativista Débora Saraiva, seu documentário sobre os povos originários, e esperamos partilhar sua divulgação com a rede.

5. A Jataí está lançando o Fundo Futuro Ancestral. Qual a importância desse acontecimento para a rede e para a Saúva?

O Futuro Ancestral terá um duplo impacto: primeiro, apoiará diretamente ações voltadas à proteção dos povos originários do Brasil, num formato que nunca foi visto antes, e com atuação direta de lideranças indígenas. Por outro, contribuirá para o fomento da própria Saúva e do apoio que vai pra rede. Mas para isso funcionar, será importante o apoio de toda a rede para levar a mensagem adiante.

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