A experiência de participar como pai fundador, gestor e diretor de uma Escola- Associação de Ensino Infantil e Fundamental, sem fins lucrativos e pautada no envolvimento de todas as famílias, da valorização das relações, dos encontros e das diversidades, impõe desafios rotineiros e provoca importantes reflexões.
Estes desafios para a construção do organismo social estão inseridos numa prática associativista, como embasamento para o alcance de uma gestão participativa, que concilie a liberdade de participação equânime de todos nos processos de discussões, representações e tomadas de decisões nas instâncias que constituem a Associação.
… algumas reflexões
Essa prática associativa que configura uma autogestão compartilhada revela-se saudável, na medida em que todos os membros da organização social possuem liberdade de participação. Havendo clareza dos papéis, dos propósitos, as responsabilidades estarão igualmente claras, transformando em competência o potencial das pessoas envolvidas, que se sentirão cada vez melhor preparadas para as atividades e demandas por vir. Esse conhecimento e maturidade repercutem num restrito compromisso com a avaliação dos impactos das decisões na provisão da saúde do organismo social.
Significa, portanto, um princípio de liberdade e autonomia, que considera todos os fluxos de influência e que pressupõe interdependência e responsabilidade com o ecossistema. Consolida-se, a partir daí, um conhecimento exponencial do ambiente, que estimula e traz segurança para novas contribuições e consequente avanço na construção do organismo social.
Também inserida dentro dessa prática associativista, a busca pelo alcance da fraternidade econômica, deverá garantir a suficiência em contraposição à escassez, o esforço e a cooperação, em contraposição à acumulação. Na medida em que a parcela de cada um somente será suficiente a partir da contribuição do outro, fica evidente que as pessoas estão recebendo, muito mais que doando!
… alguns desafios
Nesse modelo de gestão, o poder das decisões fica condicionado aos bons argumentos, que deverão ser pautados em argumentações que considerem todos os pontos de vista, para além dos desejos pessoais ou corporativistas. É, portanto, um exercício que deverá pautar a capacidade de consentimento e confiança. Essa construção somente será possível na medida em que todas as pessoas afetadas forem ouvidas, de maneira equivalente. Para tal, todas as informações precisam ser compartilhadas em conjunto, com transparência, o que não se contrapõe a acordos de confidencialidade que devam ser feitos a partir de propósitos muito bem estabelecidos. Por fim, todos os membros da organização social precisam estar cientes de suas funções para cumprir os acordos e exercer conscientemente suas responsabilidades individuais.