Em um mundo cada vez mais apressado, parece que as demandas são infinitas. A gente faz, faz, faz e, no fim do dia, tem a sensação de que não realizou muita coisa… Cresci ouvindo frases como “trabalhe enquanto eles descansam” ou “primeiro a obrigação, depois a diversão”. Mas e quando a obrigação nunca termina? Foi aí que decidi parar. Parei e respirei. Parei e pensei. Parei.
Olhei ao meu redor e observei a natureza. Não vejo árvores dando frutos o ano todo, nem arbustos florescendo sempre, e muito menos galinhas botando ovos sem parar. Faz tempo que resolvi desobedecer a “regra” e me divertir, descansar. E foi então que percebi a importância de escutar o meu corpo, de pensar antes de agir, de organizar. Sem querer, acabei me sentindo mais produtiva.
Quantas tarefas a gente realiza ao longo de um dia? Ao longo de um mês? De um ano? Às vezes, olho ao redor e vejo uma montanha de coisas para fazer. Antes de ser soterrada pela sobrecarga, olho bem para cada tarefa e pergunto: ela fará alguma diferença se não for feita? Qual será o impacto se for realizada? É aí que escolho o que é prioridade na minha vida. Tem muita coisa que simplesmente deixei de fazer.
Aprender coisas novas, explorar áreas diferentes, ir a eventos, mergulhar em um hobby, trabalhar voluntariamente, estar em lugares diferentes com pessoas diferentes, experimentar na cozinha, seguir caminhos diferentes. Estar em movimento. Cada coisa nova que a gente aprende estimula um pensamento diferente. Pensar fora da caixa é muitas vezes sair da caixa onde sempre estivemos. Pensar como um artista, um agricultor, um cozinheiro, um passarinho, e por que não, uma planta. É incrível a quantidade de soluções que surgem ao combinar conhecimentos de áreas diferentes. Uma boa ideia é uma semente de polinização cruzada.
E as novas conexões não são apenas cerebrais. Transitar por espaços diferentes significa conhecer novas pessoas, criar redes, aprender e ensinar, olhar de uma nova perspectiva, ver com os olhos dos outros e emprestar os nossos para que enxerguem o que vemos.
Colocar pausas na rotina. Não deixar para descansar só quando terminar, mas descansar para conseguir terminar. Se algo está complicado, “levar para o sono”, deixar as ideias se assentarem. Eu costumava responder imediatamente. Muitas vezes, nem ouvia direito o que estavam falando porque já estava elaborando minha resposta. Quanto perdi com isso… empobreci diálogos, transformando-os em monólogos na minha cabeça. Foi ao pausar que percebi que muitas vezes as coisas se resolvem nas pausas. Que a beleza das palavras não ditas enriquece as relações. Não falo de omissão ou descaso, mas de deixar fluir e responder verdadeiramente. Às vezes, um desafio que parece impossível hoje se resolve amanhã com uma mente descansada. É se recolher no inverno para renascer na primavera. É descansar quando o sol descansa. É deixar algumas coisas hibernarem.
O “sempre fiz assim” é uma grande armadilha quando não analisamos o processo. Desconfio do modo como faço as coisas. Tudo bem concluir que o jeito que estou fazendo ainda é bom e continuar. O cuidado é para não perpetuar processos por medo de mudar. É lindo perceber que muitas vezes, fazer diferente é retornar ao conhecimento ancestral, abandonar a monocultura e voltar à agrofloresta. É mais eficaz colocar uma cobertura no solo do que capinar de sol a sol. Felizmente, muita gente está repensando processos, buscando melhorar, seja com novas tecnologias ou resgatando antigas.
Ficar com o que me faz bem! Isso vale não só para coisas, mas para lugares, relações, tarefas. Se algo não está fazendo bem, é hora de ressignificar, revitalizar, modificar ou, quem sabe, deixar de lado por um tempo. Se mesmo assim não fizer bem, talvez seja hora de doar, fazer uma transição ou se afastar do que está sugando energia.
Enfim, esses foram alguns aprendizados que tive quando silenciei os ruídos do mundo e parei… observei… me permiti sentir.