Após um período longo de incertezas e sobressaltos, o Instituto Cirandas (Paraty – RJ), a ONG Edutar+ (Anchieta – RJ) e o Instituto Ouro Verde – INOV (Nova Lima – MG) retornam às aulas presenciais em 2022 com mais turmas e mais alunos. O aumento de estudantes matriculados aliado à vacinação infantil contra Covid alavancaram o preenchimento das vagas disponíveis e um vislumbre de normalidade no cotidiano escolar e social.
A Educar+, que presta reforço escolar para crianças e adolescentes, passou a atender 80 crianças e jovens agora, tanto em projetos especiais quanto em atividades regulares; há ainda previsão de chegar a 100 alunos até o final deste semestre. Já no Instituto Cirandas, agora, trinta novas famílias fazem parte da comunidade escolar, com atendimento a 61 crianças com faixa etária entre 6 a 15 anos. Em Nova Lima, no INOV, o número de alunos saltou de 220 para 248; e, como houve acréscimo de mais uma turma do maternal, existem algumas vagas disponíveis.
Novos hábitos e convite à Rede Muda
Na Educar+, o retorno às atividades começou em janeiro e todos, corpo docente e alunos, estão se adaptando bem com a chegada de novas crianças no projeto. De acordo com a gestora e pedagoga Caroline Santos, as crianças mais novas são as que mais seguem os protocolos sanitários, por incrível que pareça; já os adolescentes e pré-adolescentes tem “mais dificuldades” e ficam esperando que alguém os cobre sobre o uso de máscara, devidamente guardadas em seus bolsos à espera de um lembrete de uso. Lá, o número de crianças por turma é de 15, para manter um espaçamento saudável, e os professores já estão com a vacinação completa, aguardando o reforço.
Em fevereiro, a ONG promoveu um encontro com pais e mães no intuito de alinhar questões sobre a volta às aulas e convida-los para participar da Rede Muda. A ideia é de abrir oportunidades de trabalhos e serviços dentro da plataforma e com as famílias além do reforço escolar aos alunos. “O que tiver de melhor em termos de metodologia, que seja gratuito e acessível, nós compartilhamos na tentativa de mudar a vida delas”, explica Caroline.
Vacinação em alta
No Instituto Cirandas, que desde o segundo semestre de 2021 atende os alunos de forma presencial, a percepção é que o cenário de abertura vem se fortalecendo ainda mais em 2022 com o aumento da vacinação. A coordenadora pedagógica Carolina Fonseca e a diretora Jussara Andrade nos contam que “a expectativa para 2022 é que seja um ano de muitas experiências dentro e fora da escola, com os estudantes podendo interagir e aprender com a comunidade de Paraty e com toda a sua riqueza cultural e natural”. Elas comentam como a vacinação as aproximam de uma normalidade, trazendo segurança para desenvolver projetos de campo e atividades coletivas.
Em pesquisa realizada junto à comunidade escolar, está verificado que 97% das famílias pretendem vacinar os filhos. “Nossas crianças e adolescentes estão felizes com a oportunidade da vacinação e demonstram ter clareza sobre a importância da imunização”, comemoram a diretora e a professora. O ano letivo teve início com uma acolhida calorosa e com a realização de vivências para promover nos estudantes os sentimentos de conhecimento, apropriação, identificação e pertencimento do espaço escolar. “Acreditamos que, antes mesmo de ser um espaço de aprendizagens, a escola precisa ser um lugar de afetividade e acolhimento”, explicam.
Afetividade e pertencimento
Antes da volta às aulas, o Instituto Ouro Verde, em Nova Lima, promoveu um mutirão para realizar melhorias e dar manutenção nas duas unidades da escola. As atividades envolveram professores, colaboradores, pais e alunos. A professora do 8° ano, Maria Tereza Cayô, está bastante feliz com a volta dos alunos ao ambiente escolar e com os grandes desafios que têm pela frente. Considerando o estresse emocional provocado pela pandemia e as limitações educacionais do período, a escola tem dado atenção em alimentar os vínculos afetivos entre alunos e professores, fortalecer o sentimento de pertencimento, de grupo, de revigorar o interesse deles pela educação e pelos conteúdos.
A escola tem um currículo voltado para aulas fora de sala, vivenciando muitas atividades na mata, na horta, na quadra de areia, com muitas conversas e passeios pelas redondezas. Isso faz parte de um plano pedagógico para recuperar esses dois anos de afastamento, apesar das aulas virtuais. Além disso, o plano também leva em consideração o quadro de horário extenso e atividades de apoio aos alunos com maior dificuldade. Maria Tereza ainda conta que “o primeiro dia de aula foi uma alegria só, muita agitação, muitos gritos, muitos cantos, muitas correrias e a escola viva! Não sinto que os alunos perderam conteúdo, (…) mas o que eles perderam desse convívio social, conseguiram recuperar grande parte por estarem de novo dentro do lugar onde estão felizes”.
Vacina e olho no futuro
Carolina Fonseca, do Cirandas, nos diz que o primeiro dia de aula foi planejado com muito carinho por toda equipe. O ambiente escolar se “vestiu” de tecidos coloridos e arcos de flores por onde as crianças passavam ao entrar na escola. Fitas coloridas foram penduradas por todo jardim para que cada criança pudesse colocar seu nome, se identificando como “parte” desse espaço. “Foi emocionante ver a alegria de famílias, crianças e da nossa equipe diante desse retorno tão significativo”, complementa.
Maria Tereza, do INOV, diz que o maior presente para todos da escola será ver todo mundo vacinado e poder ficar sem máscaras, se abraçar e se reencontrar nas festas que a escola sempre fez, como a Junina, o Bazar e as viagens pedagógicas.
Um sentimento perpassa todas essas instituições: o de que a vacinação atinja toda a população. Que todos possam refletir sobre o que se pode aprender com a pandemia e que voltem os encontros, abraços e convivência social saudável.