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Centro de Tradições Ylê Asè Egi Omin encampa a luta contra intolerância religiosa

Uma das questões centrais dentro da luta do Centro de Tradições Ylê Asè Egi Omin (situado no bairro de Santa Tereza/Rio de Janeiro) é a intolerância religiosa. Com a ascensão das vozes, ações e personagens de caráter fascista no país nestes últimos anos, houve um aumento significativo de ataques às casas de matriz africana. “Acho que talvez nós tenhamos vivido, no Brasil, o maior aumento de ataques à tudo que é de matriz tradicional, tanto de matriz africana quantos dos povos tradicionais”, lamenta Diogo Rodrigues, Ogan do Ylê Asè Egi Omin, que atua dentro do terreiro com as questões religiosas, as funções de Ogan e também contribui com as atividades culturais do Escritório da Mata, sobretudo o Igbo Ijó.

“Essa foi uma das eleições mais violentas e precisávamos criar um espaço onde as pessoas pudessem se encontrar, se sentirem juntas e perceberem que essa energia da resistência à esse crescimento da intolerância e da violência tem uma rede”

Diogo Rodrigues – Ogan do Ylê Asè Egi Omin
Diogo Rodrigues (esq) é Ogan do Ylê Asè Egi Omin

O cenário é de aumento da intolerância religiosa, das invasões dos Terreiros e casas de Umbanda, e da repressão por outras entidades religiosas, sobretudo pelas neo-pentecostais, assim como pela força do tráfico de drogas, segundo Diogo. No Rio de Janeiro, existem várias comunidades onde os terreiros de Umbanda e Candomblé foram expulsos por grupos fundamentalistas neo-pentecostais.

Para resistir e buscar reverter esta situação, o Centro de Tradições encampa o Igbo Ijó, um movimento convocando o povo do samba para contribuir com uma posição política pela vida e pela preservação do meio ambiente. Diogo conta que, no cenário de ascensão dos ataques vivido nos últimos quatro anos, é importante que todos se juntem “porque todos nós da casa somos do samba, e precisamos fazer uma iniciativa para contribuir, para resistir, para ter um espaço onde as pessoas possam se sustentar”.

Igbo Ijó

O termo pindorâmico, ligado ao nome dado à terra por povos tupis, substitui o termo indígena, empregado pelo colonizador. Somado às tradições e novos caminhos vindos da cultura de matriz africana, a denominação de povos quilombolas, negros e indígenas como afropindorâmicos é uma sugestão do líder quilombola e escritor Antonio Bispo dos Santos. Desses conceitos, e para se juntarem numa resistência contra o apagamento das respectivas culturas, o Centro desenvolveu o Igbo Ijó, samba dançado na floresta (Santa Tereza) do Rio de Janeiro. De acordo com Diogo, o samba tem um papel de formação popular e, dessa forma, o encontro reúne os sambas políticos e os concentra numa roda para contar o que precisa ser dito, reforçado e exaltado.

Várias iniciativas estão na luta pelo direito social à vida, à terra e contra a discriminação racial e intolerância religiosa

O Igbo Ijó tem uma luta ampla, no sentido político, de formação da população negra e sambista carioca. Diogo explica que “essa mensagem está no samba, nos discursos e palavras que são ditas para o nosso público; e a luta pela permanência, pela sustentabilidade da pedagogia de terreiro, das estruturas dos territórios sagrados assentada todas as outras lutas”.

Para Rodrigues, o samba e o Terreiro são espaços de liberdade sobretudo pra população negra. Eles têm uma playlist (https://open.spotify.com/playlist/1GUVyW0IR1GZahkVpuTOD5?si=999c922ef4d24712) do Igbo Ijó onde vários desses sambas estão reunidos, como uma referência para o público possa escutar e reverberar o Igbo Ijó para além desse encontro mensal.

O próximo Igbo Ijó, o samba dançando na floresta, será realizado dia 18/06, domingo, às 14h no Escritório da Mata, que fica na Estrada Joaquim Mamede, 45, no bairro Santa Tereza, Rio de Janeiro/RJ.

Para mais informações sigam as redes sociais do Centro de Tradições Ylê Asè Egi Omin:

Instagram: @yleaseegiomim
Facebook: @centrodetradicoesegiomim

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