O Banco Comunitário Alegrias agora tem autorização do Instituto E-Dinheiro e faz parte da Rede Nacional de Bancos Comunitários. Essa era uma das metas prioritárias das gestoras da Rede Alegrias para 2023. A autorização foi dada graças à organização, gestão, movimentação e transparência dos dados apresentadas no Encontro Global de Bancos Comunitários, em Fortaleza, em abril deste ano.
Mônica Calderón, coordenadora da Rede Alegrias, e Márcia Targino, gestora do Banco Comunitário Alegrias, estiveram no encontro e fizeram um trabalho de articulação política com as lideranças do Instituto E-Dinheiro. A apresentação do trabalho, dos dados e os relatórios do banco foram muito bem recebidos; e a equipe já recebeu a documentação para a abertura formal do Banco Comunitário.

Nesse momento, a equipe do Alegrias faz o trânsito de todas as contas dos usuários, pessoas físicas e jurídicas, hospedadas no Banco Padre Léo, de São Paulo, para o Banco Alegrias em Paraty. O Banco Léo faz parte da Rede Paulista de Bancos Comunitários e teve papel importante na implantação do Banco Alegrias, devido à acolhida, hospedagem dos serviços e aprendizado até agora. Com a autorização recém adquirida, o Banco Comunitário Alegrias passa a atuar com as contas e o manejo das ferramentas financeiras.
Outra responsabilidade que surgiu a partir do Encontro Global é a participação na Plenária Nacional de Bancos que vai organizar a Rede Nacional de Bancos Comunitários. Essa Plenária contará com dez bancos brasileiros e é uma oportunidade de entender melhor este sistema, além colaborar para a melhoria destes serviços, segundo Mônica.


O próximo desafio para as gestoras do banco, de acordo com Calderón, é promover ligações mais claras com o setor público de Paraty, “no sentido de que o Banco seja usado para transferir recursos de auxílios assistenciais e sociais; isso já acontece com os bancos comunitários de Maricá e Niterói, por exemplo”.
A abertura oficial do Banco Comunitário Alegrias tem previsão de se concretizar ainda este mês e a gestão deseja receber lideranças de bancos comunitários do Rio de Janeiro, assim como o Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado.

O “milagre” da circularidade
Neste processo de transição de plataformas e formalização do Banco Comunitário, Mônica Calderón destaca que “para nós, é prioritário, está em nosso DNA, que as pessoas que participam da Rede, que fazem o Curso de Outras Economias, ou que participem das Feiras, ou utilizem o Microcrédito, o Fundo Rotativo Solidário, transitem a moeda social. (…) e, para usá-la, eles tem que entrar no Banco Comunitário”, explica Mônica. É um processo de fomentar a circulação.
As gestoras fazem questão de publicar em suas redes sociais, o relatório de movimentação de Alegrias, o que dá transparência à gestão. No último relatório divulgado, de março/22 a março/23, do Banco Comunitário, haviam 90.289 Alegrias depositadas; 47.157 Alegrias em circulação; 157.836 Alegrias em operações de compra e venda; 17.119 Alegrias retiradas da rede; e 26.012 Alegrias para pagamento de boletos. Observando os números, pode-se notar que a quantidade de Alegrias circuladas nas operações de compra e venda correspondem a três vezes a quantidade de Alegrias em circulação.
Mônica comemora ao enxergar “essa lógica da Economia Circular refletida em números: foi incrível! Deu vontade de fazer ainda mais; e essa é a nossa intenção!”.
Ela ainda celebra a realização da proposta: ver o banco funcionando e pessoas fazendo essa função (utilizando os serviços do Banco) independentemente. “É muito positivo ver as pessoas da comunidade se envolvendo com um produto que devolve trabalho e renda para elas. Eu gostaria de levar essa experiência para outros lugares, para BH, para o Rio de Janeiro, para outras escolas e ir semeando bancos comunitários mundo afora”, projeta a gestora.