Topo

Balanço anual da Cirandas mostra superação, qualificação e mais crianças na escola

O ano letivo de 2021 da Escola Comunitária Cirandas teve início com um grande desafio: se organizar dentro dos protocolos de prevenção a Covid-19 para receber de volta a comunidade. Para isso, foi criada uma Comissão Sanitária com representação das famílias, estudantes, professores e direção. Durante os três primeiros meses, ficou decidido permanecerem no sistema híbrido de aulas, parte presencial e parte virtual; e, por muitas vezes, foi necessário recorrer ao modelo online, visto que os casos de Covid-19 aumentavam na cidade de Paraty (RJ).

Vindos de um período de isolamento em 2020, estudantes e equipe já estavam desgastados com o modelo de ensino remoto; foi necessário pensar novas estratégias que pudessem acolher melhor os estudantes, e trazê-los de volta a uma aprendizagem significativa e lúdica. Dessa necessidade surgiu a CIRANDA DOS SABERES, uma proposta de oficinas interdisciplinares, na qual teoria e prática podem dialogar de uma maneira mais concreta dentro de uma metodologia.

Assim, a Cirandas promoveu a volta às aulas em sistema de rodízio, com pequenos grupos, de forma presencial. Para Jussara Andrade, diretora da escola, foi gratificante vivenciar o que parecia impossível: receber os alunos em oficinas que uniram Matemática e Música, Ciências Humanas, Educação Física e Ciências Biológicas, Português, Arte e Inglês, tudo acontecendo de forma prazerosa.

Aluna participa da Oficina Palavriart

A Escola finalizou o primeiro semestre com uma formação trazida pela educadora Eda Luiz a partir da experiência dela em projetos na cidade de São Paulo. Eda orientou a organização das oficinas para o segundo semestre, fortalecendo a pedagogia de projetos, uma das bases metodológicas da educadora para um trabalho diferenciado. Nesse mesmo período, foi organizado pela Comissão de Formações o Grupo de Estudos para trabalhar no segundo semestre o livro “Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade”, de bell hooks.

A educadora Eda Luiz realizou um trabalho de formação com a equipe pedagógica da Cirandas: sonho antigo da escola

Corroborando com bell hooks, a Cirandas acredita que uma educação como prática para liberdade só é possível se houver fortalecimento enquanto comunidade de aprendizagem, valorizando a prática do estudo e da pesquisa não somente para os estudantes mas, sobretudo, com os estudantes e partindo deles mesmos, enquanto educadores.

“Para lecionar em comunidades diversas, precisamos mudar não só nossos paradigmas, mas também o modo como pensamos, escrevemos e falamos. A voz engajada não pode ser fixa e absoluta. Deve estar sempre mudando, sempre em diálogo com um mundo fora dela”.

bell hooks

Este segundo semestre ainda trouxe como tema de pesquisa a ALIMENTAÇÃO. O trabalho contou com o apoio da comunidade, que trouxe saberes práticos, e enriqueceu ainda mais o aprendizado. O grupo em torno da escola também fortaleceu esse trabalho organizando ações solidárias, como a realização de uma rifa e de um almoço, a confecção do PÃO DA ROSA, pão integral feito por uma colaboradora da escola, que teve toda renda com a venda revertida para compra e distribuição de cestas básicas em Paraty, além de ajudarem na realização dos projetos dos estudantes.

Já em setembro, a Cirandas promoveu o resgate da FESTA DA PRIMAVERA, celebração que era realizada nos primeiros anos da escola e os estudantes queriam de volta. No mesmo mês, foi promovida a vacinação da equipe e dos alunos com mais de 12 anos. Isso permitiu levá-los para as atividades de campo e, consequentemente, aos poucos, o conhecimento empírico foi trazendo maior significado às aprendizagens realizadas na escola: os estudantes visitaram o Projeto Tamar em Ubatuba, fizeram atividades recreativas na Praia de São Gonçalo e Jabaquara, a Remada Ecológica, visitas à Kombucharia, à Casa de Farinha, à horta do Seu Samuca e outras atividades.

Atividade do infantil na Festa da Primavera – foto Mariana Vergara

Paralelamente às atividades dos educandos, foi desenvolvida também no segundo semestre a campanha de matrículas para 2022. Em palestra, com participação de Leandro Almeida (Grupo Saúva) e de Jeferson (Escola Aguaí), pais, mães e mais pessoas de Paraty perceberam a importância de se fortalecerem enquanto comunidade e de serem corresponsáveis pelo projeto da Escola Comunitária.

Mais em 2022

A Escola Comunitária Cirandas, através de uma comissão composta por representações das famílias, da direção, do financeiro e do pedagógico, realizou 58 entrevistas para chegar a 55 matrículas. Isso significa mais uma nova turma em 2022, totalizando 4 turmas. Passam de 42 para 55 famílias atendidas, sendo 3 turmas de iniciação e 1 turma de término do Fundamental II.

O ano letivo terminou sábado, 18/12, com a MOSTRA CULTURA 2021, onde estudantes, professores e tutores apresentaram um resumo do trabalho realizado nas oficinas. A tarde, que estava chuvosa, se tornou iluminada pelo sorriso de cada criança, pelo som dos tambores, pela música, pelo teatro e pelas belas exposições.

A Mostra Cultural 2021 reuniu todos da escola para celebrar o trabalho desenvolvido no ano

Todos os processos e ações realizados na Cirandas foram construídos a partir da autogestão, que toma como base a Sociocracia para tomada de decisões. “Olhar para janeiro de 2021 e chegar em dezembro com tantos motivos para celebrar gera fortalecimento na gestão e na proposta pedagógica. E a vontade de querer se aprofundar no modelo de gestão sociocrática, aproximando-nos da realidade local e nos aproximando enquanto comunidade. Por isso tudo, agradecemos aos investidores, aos colaboradores, às famílias que nos apoiam e aos estudantes”, conclui Jussara Andrade.

“A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.”   

Paulo Freire

Para saber mais, acesse: www.escolacirandas.org.br

Compartilhar: