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Parceria entre Teia da Terra e produtores rurais amplia perspectivas, proporciona inclusão social e segurança alimentar para famílias no Serro

O programa Teia da Terra segue levando saúde e segurança alimentar para cerca de 100 famílias acompanhadas pelo Centro de Referência de Assistência social (CRAS) no município do Serro, situado no Vale do Jequitinhonha, região Centro-Nordeste de Minas Gerais. A cada semana, o programa adquire 50 cestas de orgânicos (verduras, legumes e temperos) de produtores residentes nas comunidades quilombolas de Santa Cruz, Baú e Ausente na região, o que contribui para o aumento da renda de 30 famílias agricultoras locais.

Ao todo, as famílias cadastradas recebem em média duas cestas por mês. O projeto paga R$ 35 por cesta aos produtores rurais, que fornecem cerca de quatro a cinco cestas por semana. Em cada cesta há uma variedade imensa de hortifrutis, tudo gostoso e que faz bem: verduras, frutas, quitandas, melado, temperos verdes, chuchu, abóbora, mamão, banana, cenoura, mandioca, além de raízes, folhas (couve, alface, almeirão, taioba, salsinha, manjericão, chicória) e frutas (banana, mamão e limão, entre outros), e ainda corantes, fubá, alho e farinha de mandioca.

 O funcionamento do Teia da Terra conta com seis jovens que fazem a articulação local, realizando a ponte entre equipe técnica, formada por cinco pessoas, e as agricultoras. A Saúva dá suporte financeiro ao projeto, adquirindo as cestas das famílias agricultoras, o que proporciona uma renda de cerca de R$ 1.750 mensais para cada comunidade. O programa tem ajudado os quilombos a se estruturarem, fazendo a ponte entre eles e o CRAS do Serro.

Esta iniciativa garante o acesso a alimentos saudáveis para as famílias em situação de insegurança alimentar e promove a inclusão social e econômica no campo, por meio do fortalecimento da agricultura familiar. Ao incrementar a rede de produção de alimentos, valoriza-se também o modo de vida das comunidades quilombolas e rurais do município de Serro, o que aumenta a segurança alimentar na região.

A continuidade do programa também amplia a perspectiva das famílias de agricultores rurais, que hoje produzem maior variedade, com a segurança de que a comercialização dos produtos é certa, com pagamento garantido e a curto prazo. Produzir para além do consumo próprio está modificando a vida das comunidades, como relatam os produtores e produtores rurais que participam do projeto.

“A parceria com a Teia Terra tem representado união, entendimento, conforto e sabedoria. Antes disso eu produzia bem pouca coisa, e agora é muita diversidade. A minha variedade aumentou, e para este ano eu penso em oferecer uma cesta ainda mais variada. Meu sentimento é de felicidade, ao perceber o valor que estão dando para os nossos produtos, pois são alimentos sadios, sem veneno, que só fazem bem para a nossa saúde”, conta a produtora Maria Floriza Virissimo Brandão.

Encontros presenciais e integração das equipes

Na manhã do dia 4 de maio próximo, um sábado, será realizado o 2⁰ encontro do Teia da Terra no Serro, com a participação de todos os envolvidos no programa: agricultoras, famílias cadastradas no CRAS e a equipe gestora. O principal objetivo do encontro é fortalecer o vínculo entre os produtores, para que possam compartilhar informações. No evento também haverá trocas de sementes entre eles. “Estou ansiosa para participar deste encontro. Pretendo ouvir muito, tirar dúvidas e dar as minhas opiniões sobre os assuntos que serão discutidos”, disse a produtora Maria Floriza. Ao final,  haverá um almoço de confraternização, para aproximar ainda mais todas as pontas dessa estrela.

“Os relatos das famílias sobre o encontro de 2023 foram muito interessantes. Um dos participantes, por exemplo, tinha diabetes, e contou como que as verduras, como a couve, estão o ajudando a vencer a doença. Outro depoimento muito importante foi de uma família cadastrada no CRAS do Serro. Eles disseram que são sempre os primeiros na fila para receber a cesta de alimentos”, afirmou o engenheiro civil e coordenador do Teia da Terra, Bruno Mallmann.

O projeto Teia da Terra mostra o potencial do trabalho em Rede com empoderamento, solidariedade e compromisso social

O programa Teia da Terra teve início em 2022, ano em que ainda fazia parte do projeto Bem Criar, com recursos do Fundo Itaú de Excelência Social (FIES).  Em 2023 o Teia da Terra recebeu recursos da Saúva, agora já como um projeto avulso.  Ao final de 2023 já havia atendido 650 pessoas, com uma entrega de  2.000 cestas. Em 2024 o projeto segue com recursos da Saúva. Até o mês de abril já foram entregues 350 cestas.

Os seis monitores, que fazem a articulação entre a equipe técnica e os agricultores, são de uma importância fundamental neste trabalho. O relato de uma delas – Lidiana Oliveira, que atua na comunidade de Santa Cruz – dá bem a medida do que tem representado esse trabalho na vida destes produtores rurais.

“Está sendo uma experiência incrível, maravilhosa. É muito bom estar com as agricultoras ajudando a montar as cestas, trocando ideias, e ver o quanto elas estão satisfeitas com o projeto e felizes por estar prosseguindo e prosperando. Sinto muito orgulho de ver o quanto estão comprometidas com o projeto, levando produtos organizados e de boa qualidade”, disse Lidiana.

Luciene Cardoso, monitora da comunidade quilombola de Ausente e também produtora rural, diz que esta tem sido uma experiência única, além de aguçar ainda mais o trabalho que ela já vinha exercendo na comunidade. “Cada cesta montada, com a escolha de cada alimento, é muito importante. É algo inexplicável. É um sentimento de que tudo que plantamos vai servir de alimentos para outras famílias que não tem nem onde plantar. Pra mim, cada ano é de muito aprendizado. O contato com o alimento é algo revigorante. A Teia da Terra realmente tem sido uma teia de conhecimento, soberania alimentar e economia solidária. Porque você alimenta alguém e você também é alimentado”, explica.

Como agricultora, Luciene diz que a variedade do que planta mudou muito. “Eu comecei a produzir muito mais, pois antes eu não fazia venda, só trabalhava com o coletivo de agricultores. Hoje, cada coisa que eu planto, penso que aquilo vai alimentar outra pessoa. Além de ser meu, produzido por mim. A gente aprende a comer melhor quando a gente planta e processa o alimento para o outro. A gente dá mais valor à comida. É uma experiência especial. Só quem sabe é quem vive, quem monta, que pega cada alimento ali, vendo também a qualidade, porque você não passa pra frente o que não comeria. Essa escolha da qualidade do produto também é muito importante, muito rica. Essa experiência está sendo renovadora pra mim a cada ano’, finaliza.

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