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Projeto Arte na Terra segue transformando a paisagem da fazenda São Luiz e espalhando sementes agroflorestais

O ano começou no Arte na Terra com muitas atividades de educação ambiental e manejo agroflorestal com os estágios agrícolas. Eles são o foco principal do projeto, ocupando um tempo maior de dedicação pois envolve toda a equipe da fazenda. Para o primeiro semestre de 2024 já foram agendados seis estágios agrícolas com escolas da região, que fazem uma imersão no cotidiano do campo. O investimento em divulgação tem surtido efeito com a procura de mais escolas e grupos pelos serviços arte-educativos oferecidos na Fazenda São Luiz.

“Sentimos que é um trabalho que já está muito consolidado na fazenda. Na verdade, estamos com uma equipe que tem alguns oficineiros antigos e sempre tem um pessoal mais novo. A manutenção da equipe do Arte na Terra é um ponto desafiador por serem freelancers e as pessoas tem um limite para freelancer, por isso temos uma turma nova e uma turma antiga para segurar”, afirma Denise Amador, gestora do projeto, também conhecida como Potô.

Nos estágios, os estudantes participam ativamente do cotidiano da Fazenda São Luiz

Chamando os jovens para a ação

A perspectiva do trabalho dos estágios em si segue sendo cada vez mais importante para os jovens. É um chamado para a ação, segundo Denise. “Sair da depressão e ir para a ação, sair da zona de conforto, do ar-condicionado e do sofá para uma prática desafiadora e cansativa com calor, mosquitos e facão”, explica.

Mas esse contato com a natureza e com o trabalho no campo acaba deixando mensagens muito fortes nos jovens. O nível de aprofundamento nos estágios varia muito de escola para escola e da conjuntura que elas estão.  Em algumas, o aprofundamento não é tão grande mas é suficiente para provocar grandes transformações e avaliações muito positivas. “Um ex-aluno da Escola Rudolf Steiner que já havia feito o estágio, e foi como estagiário da escola, deu um depoimento que foi a partir dessa viagem que ele resolveu trabalhar nessa área ambiental e está fazendo faculdade atualmente”, comenta Denise do potencial dos estágios agrícolas de desenvolverem habilidades que podem ser levadas para toda a vida.

Um dos objetivos dos estágios é apresentar para os estudantes esse universo da vida no campo com todas as suas vertentes e muitas vezes é o primeiro contato deles com essa realidade. Denise explica que esse conhecimento prático é muito importante porque “essas sementes ficam e despertam em alguns alunos para essa descoberta, pois nem sabiam que gostavam dessa área ambiental”.

Paralelamente aos estágios, a fazenda também promove os dias abertos à população em geral e às visitas do SESC, que irão conhecer as quituteiras da fazenda. “Elas são pretas incríveis cheias de histórias orais e de visões de mundo. Por isso o SESC pediu para entrevista-las e nós vamos aproveitar para gravar essa visita e gerar conteúdo”, diz Potô.

Expansão da agrofloresta  e inclusão dos estudantes no cotidiano da fazenda

Denise conta que quando os estudantes chegam à fazenda, eles são convidados a participar de uma cena de um filme que tem 28 anos e começou 100 anos atrás. Todas as atividades dos estágios acontecem dentro do planejamento de produção e transformação da paisagem da fazenda, com a transição agroecológica. E os estudantes são convidados a participar das atividades que estão sendo desenvolvidas naquele momento.

Atualmente a fazenda está expandindo sua área de agrofloresta em uma área de pastagem e essa participação dos jovens é real, como faz questão de frisar Denise Amador. “Nós falamos isso para trazer uma motivação, um entusiasmo e para colocar o pé na terra. Não é fake. Não foi aberta uma área para vocês plantarem, a abertura dessa área já estava no planejamento da fazenda e eles participarão dessa atividade”, explica Potô.

As diversas áreas de agrofloresta e seus diferentes estágios são muito didáticos também, segundo Denise. Algumas estão com a pastagem intacta, em outras o capim já foi roçado, e em outra a agrofloresta já tem cinco anos de plantio.

O curso de identificação e produção de cogumelos na fazenda São Luiz foi um sucesso, com 27 participantes de diversas cidades de São Paulo. O curso foi equivalente ao módulo 1, onde os participantes aprenderam todos os passos para produzirem cogumelos em suas casas e identificaram mais de 40 espécies de cogumelos nas florestas da fazenda. Quando identificaram um cogumelo comestível, os ministrantes do curso ensinaram como reproduzi-los em casa para perpetuar a produção.

Denise finaliza afirmando a evolução do projeto Arte na Terra dentro da fazenda São Luiz e do ponto de equilíbrio que estão atingindo com a estruturação da equipe, investimentos e aumento do número de escolas. Essa quantidade de escolas ainda pode aumentar um pouco mas há um limite para não interferir negativamente nas atividades da fazenda, pois entre um estágio e outro deve haver um espaço de tempo para o desenvolvimento das rotinas da fazenda e para se reorganizarem para o próximo estágio.

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