O Projeto “Da Muda à Floresta – Partilhas de Arte e Agroecologia” desenvolvido pela Rede Muda Outras Economias, promoveu uma residência artística em Rio Bonito de Cima (RJ), onde os residentes fizeram, do dia 5 a 11 de janeiro, manejo agroflorestal, palestras, discussões, aulas de Gyrokinesis, vivência de Do-In, entre outros. Os objetivos principais do projeto são realizar mutirões agroecológicos; promover debates sobre arte e agroecologia no Ciclo de Outras Economias; implementar hortas urbanas; e realizar a Residência em Rio Bonito de Cima (RJ). Além disso, os processos artísticos, as experiências e atividades foram registradas para desenvolverem um documentário sobre a Residência.
Atividades
A Residência realizou diversas atividades, como aulas, vivências, exibição de filmes, palestras, plantios, colheitas, capina seletiva e manejo agroflorestal. Quem nos conta um pouco mais sobre as atividades realizadas é Helena Stewart, da Rede Muda Outras Economias.
“Nós entendemos (…) que esse trabalho das residências era muito mais sobre processos e partilhas do que sobre resultados e do que montaríamos a partir daqui”.
Helena Stewart
Antes de realizar a residência, foi feita uma visita aos “irmãos mais velhos da Muda”, as idealizadoras da Silo – Arte e Latitude Rural, na Serrinha do Alambari, perto de Visconde de Mauá. Lá, esse projeto acolhe e também promove residências, sobretudo com artistas plásticos e cientistas, onde ficam por três semanas, e praticam as imersões artísticas em área rural há muito tempo.
Os participantes tiveram vivências na Horta da Pedreira, no Catete, com João Portela e Tiberê, que mora na região, e conheceram sobre os processos deles sobre resíduos e compostagem. Já na Casa do Ilê Asè Egi Omim, em Santa Tereza, foi feita uma vivência chamada Ciclo de Bananeiras, que ensina a tratar as águas das máquinas de lavar, as “águas cinzas”, com o João Portela também como orientador.
Ainda como preparação para Rio Bonito de Cima, os residentes fizeram algumas visitas ao local, em agosto, quando sementes de milho crioulo foram plantadas. Vale contar que estas sementes foram dadas pelo Instituto Arandu, uma das CSAA da Muda, para o João Artigos. “Essa é uma espécie de milho crioulo que tem sua origem nos Yanomamis, então, foi um presente especial pra que nós cuidássemos desse milho, (que) tem uma longa história”, comemora Helena.
A cada viagem do coletivo de residentes ao Jardim das Delícias, em Rio Bonito, mais espécies são plantadas, manejos são feitos e mais conhecimentos são trocados e aprendidos por todos, sob a condução do Portela. A ideia foi vivenciar as atividades que haviam sido planejadas e “ver no que dava”. Participaram o núcleo de gestores da Rede Muda, Alice que veio do Equador para fazer um pequeno documentário sobre as Residências e a Izabel Stewart, que veio de Belo Horizonte. Ao todo, foram 10 pessoas que participaram do processo, que teve a colaboração de Denise Potô e Rodrigo Junqueira, da Fazenda São Luiz, que desenvolveram momentos teóricos, sobre agroecologia, floresta, plantio, sucessão e todas camadas filosóficas que esse assunto inspira; e trabalho de campo, com capina seletiva e colheita dos milhos plantados em agosto, que foi guardada para ser compartilhada com os residentes.
Mesmo com equipe reduzida, o trabalho foi produtivo: além das atividades que já foram citadas, teve aula de Gyrokinesis todo dia de manhã, puxada pela Izabel Stewart; à tarde, quando geralmente chovia, foram realizadas conversas teóricas, de discussão sobre a Rede Muda, a relação da Muda com a Saúva, a relação entre moeda complementar e moeda Fiat, a relação da agroecologia com o estudo e todos os links que a arte pode fazer ali. E ainda teve atividade com Juracy Cançado, que trouxe o Do-In para o Brasil e é conhecedor da medicina chinesa (autor do livro Do-In para adultos e Do-In para crianças). Ele fez palestra e trouxe alguns exercícios práticos do Do-In. No encerramento da Residência, os participantes realizaram uma vivência misturando dança, jazz e flash mob.
“Todos nós estávamos muito a fim de fazer e ficamos nos cutucando sobre o que iríamos brincar. (…) estava chovendo e nesse dia, como era o último dia, nós falamos: vamos lá! (…) botamos um figurino bem esquisito, entramos numas de fazer de biquíni com galocha, a Bel Stewart fez um primeiro momento de repertórios de passos de jazz para montar coreografias e foi uma ação bem coletiva, no final todos estavam dando ideias”.
Helena Stewart da Rede Muda Outras Economias
Limitação
A Residência, realizada em Rio Bonito de Cima, região serrana do estado do Rio, foi programada e planejada para atender cerca de vinte residentes, mas teve que ser reduzida para dez residentes, devido à nova variante Ômicron que atingiu parte dessas pessoas. Com isso, a coordenação do projeto realizou a atividade com equipe reduzida, protocolos sanitários atentos e testes de covid.
Encerramento
O Projeto “Da Muda à Floresta – Partilhas de Arte e Agroecologia”, contemplado pelo Fundo de ajuda para Organizações de Cultura e Educação 2021 do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, do Goethe-Institut, está chegando ao fim mas ainda conta com mais uma atividade que será compartilhada com o público, Celebra Muda. Esse evento, exibido no canal do youtube da Muda Outras Economias, será realizado no dia 13 de fevereiro, às 11hs e será uma espécie de conclusão do projeto, dos processos vivenciados e com exibição dos vídeos produzidos.