Topo

Saúva se une ao ciclo Selvagem pelas escolas vivas

Matéria publicada em 23 de março de 2022.

A parceria da Saúva* com o Ciclo Selvagem** se inicia com as escolas vivas, um programa de apoio a quatro centros de transmissão de saberes tradicionais. Esses centros já existem e resistem, ao longo dos anos, aos desafios financeiros para manter suas atividades . Dois deles se encontram na floresta amazônica e dois na floresta Nhe’ery, com os povos Huni Kuin, Tukano, Maxakali e Guarani Mbya.

As escolas vivas são:

Shubu Hiwea, Escola Viva, reúne pajés e aprendizes do povo Huni Kui do Jordão na floresta amazônica acreana para a transmissão de conhecimentos, o estudo de plantas, a formação de parques medicinais e o fortalecimento da medicina e da cultura tradicionais. O projeto é coordenado pelo pajé Dua Base, da aldeia Coração da Floresta.

Foto Elisa Mendes

Apne Ixkot Hãmhipak Aldeia Escola Floresta Maxakali: fica na região de Itamunheque, zona rural do município de Teófilo Otoni (MG). Sueli e Isael Maxakali lideram encontros periódicos de pajés para formação de novos especialistas da cultura, multirões para reflorestamento, além de oficinas para produção audiovisual e de arte indígena contemporânea.

Sueli Maxakali
Isael Maxakali

Mbya Arandu Porã Ponto de Cultura Guarani: fica na terra indígena Ribeirão Silveira, Município de Bertioga, Salesópolis e São Sebastião (SP). Carlos Papá e Cristine Takuá coordenam atividades para o fortalecimento da cultura e proteção da memória ancestral. São práticas espirituais de cura e cantos, dança, contação de histórias, oficinas de pinturas, audiovisual, fotografia, arquitetura tradicional Guarani, estudos sobre plantas medicinais, intercâmbio entre aldeias, conversas com anciãos e estudo sobre os direitos dos povos indígenas.

Ponto de Cultura Guarani

Bahserikowi Centro de Medicina Indígena Tukano fica no centro de Manaus, Amazonas. Oferece aos moradores de Manaus tratamentos tradicionais de cura e proteção, Bahsese (benzimento), aplicados por pajés das etnias Dessana, Tuyuka e Tukano do alto do Rio Negro. Em conjunto com as plantas medicinais trata das enfermidades tanto de cunho físico como psicológico. Esse espaço, voltado para tratamento de saúde com os Kumuã (também conhecidos como pajés) é coordenado pelo antropólogo indígena João Paulo Lima Barreto.

Kumu Kisibi Durvalino Dessana
fazendo Bahsesé de proteção em ohpé (breu branco)

A responsável pelo acompanhamento e diálogos com as escolas vivas é a Cristine Takuá, do povo Maxakali. Ela é educadora, mãe, parteira, pensadora, filósofa e diretora do Instituto Maracá (ONG de proteção proteger e disseminação do patrimônio histórico, ambiental e cultural dos povos indígenas). Junto a outras lideranças, Cristine desenvolve projetos de fortalecimento cultural e vem, ao longo de anos, pensando nas filosofias ameríndias e nas possibilidades de descolonização do pensamento, a fim de contrapor a monocultura colonial que domina as formas de transmissão de conhecimento.

Cristine Takuá

Cristine também é responsável pela prestação de contas das Escolas Vivas juntamente com a Saúva, que além de investir para alavancar o novo programa de financiamento das Escolas Vivas, também viabiliza o recebimento e a gestão das doações através do link http://selvagemciclo.com.br/colabore. As doações podem ser feitas através de do PayPal (com programação de depósitos mensais, inclusive), transferências, PicPAy e Pix.

“Essa parceria representa mais um marco na criação de um modelo de redistribuição de capital e de poder mais justo”, conta Flávia Gribel, responsável pelo financeiro da Saúva.

**O Selvagem, ciclo de estudos sobre a vida, é uma experiência concebida por Anna Dantes, com a orientação do também conselheiro desta rede, Ailton Krenak. O projeto articula conhecimentos a partir de perspectivas indígenas, acadêmicas, científicas e tradicionais. A maior parte dos estudos é oferecida gratuitamente através de ciclos de leitura, conversas, cadernos e audiovisuais.

Para se conectar ao Ciclo Selvagem, saber mais sobre suas experiências, ciclos de estudos, e especialmente sobre as Escolas Vivas e como colaborar, acesse: www.selvagemciclo.com.br

* A Saúva é uma associação sem fins lucrativos, que trabalha em rede, na promoção da sustentabilidade, autonomia e circularidade de projetos e empreendimentos; se motiva pela regeneração do ambiente em sua integralidade; pela redução da desigualdade social; pela troca de saberes com povos e culturas tradicionais do Brasil; pela prática da auto-educação e pela cocriação de outras formas de relação econômica.

Povos Tikmũ’ũn, conhecidos como Maxakali, tradicionais da mata atlântica.

“A colonização e o consequente processo de aculturação dos povos nativos resultou no silenciamento dos saberes e fazeres tradicionais, através da intolerância do eurocentrismo do período das grandes descobertas, desrespeitando os povos originários, os impondo um outro modo de ser e estar, catequizando e proibindo suas práticas espirituais.” http://selvagemciclo.com.br/colabore/

Compartilhar: