O Projeto Literamundo da Ong Educar+ estimula a criação de livros pelas crianças e jovens atendidos, incentivando a leitura e o comportamento do leitor, como comentar, recomendar e compartilhar o que leu. O mais interessante é que esses livros estarão disponíveis em uma plataforma virtual, que poderá ser acessada por qualquer pessoa. Tudo isso vem de encontro aos objetivos da Educar+ de trabalhar a auto-estima dessas crianças, através do empoderamento, de valorizar suas histórias pessoais e estimular a leitura.
Carol Santos, uma das gestoras da Ong, conta que a atividade estimulou a criação de livros desde a ilustração à narrativa, da capa à contra-capa e a biografia do autor. Tudo produzido à mão em folhas A4 pelas crianças. Elas tiveram acompanhamento durante todo o processo e os livros, depois de prontos, foram editados para serem lançados no formato virtual. As crianças fizeram oficinas para entender como se dá a anatomia de um livro: suas partes; os gêneros; os gêneros preferidos; tipos de narrativas; quem serão os protagonistas.

Carol explica que “o primeiro objetivo do lançamento dessa plataforma é empoderar as crianças, mostrar que o que elas fazem tem poder, tem capital cultural e podem ser autoras dos seus próprios livros mesmo sendo muito jovens. Nós queremos mostrar que além delas serem capazes, ela podem compartilhar suas histórias com outras pessoas, ter o sentimento de colaboração, de que outras pessoas poderão ler suas histórias”.
Democratização, conectividade e empoderamento
Outra questão importante do projeto é a democratização do acesso à leitura de forma lúdica e conectada. Quando uma criança lê o livro de outra criança, ela tem uma experiência diferente de leitura. As experiências retratadas são das crianças que vivem na Comunidade Final Feliz, no bairro Anchieta-RJ, mas o projeto Literamundo pode gerar conexões e incentivar a leitura em várias parte do Brasil. “Qualquer pessoa poderá acessar e, principalmente, não lerá um livro e uma história qualquer: é um livro de uma criança dentro um território periférico que, de alguma forma, escreveu sua história que pode ter a ver com ela ou seja fruto de sua imaginação”, diz Carol Santos.

Por enquanto, a autoria e a manutenção desse acervo será feita somente pelas crianças do projeto para que as gestoras entendam o funcionamento e o alcance deste. Num futuro, essa oportunidade pode ser expandida para outros projetos, com a criação de um grande acervo de livros autorais de crianças de outros territórios periféricos. Além da biblioteca virtual, os livros serão impressos artesanalmente para que as crianças vivenciem o contato afetivo com o próprio livro e participem de uma sessão de autógrafos.
”A importância disso é trabalharmos a auto-estima, o desenvolvimento, a criatividade, a narrativa. Eles que escreveram seus textos, em alguns casos separados dos desenhos e em outros junto dos desenhos ou seja, cada livro é um livro”.
Carol Santos – Ong Educar+
Durante o processo, algumas crianças não quiseram ilustrar e essa perspectiva de um livro tradicional foi trabalhada com elas também. As crianças tiveram liberdade para criar, para pensar em sua história e tiveram uma correção gráfica ao final. Isso não foi feito ao longo da produção para não gerar nenhum tipo de inibição e censura. Alguns pequenos erros foram deixados de propósito por entenderem que eles fazem parte do processo de letramento. Reforçando a ideia que os erros fazem parte da vida e devem ser enxergados como parte do aprendizado.

Ao trabalhar dessa forma, valorizando crianças e jovens no contra-turno escolar, através do acolhimento, do cuidado e das oportunidades culturais e educacionais, a Ong Educar+ transforma a vida dessas pessoas. Construindo o conhecimento e a cultura como instrumentos de intervenção e realização social, misturando sensibilidade e senso crítico. Ao fazer isso, investe na criação de cidadãos ativos, lúcidos, atentos ao seu redor, cheios de criatividade e iniciativa. E isso só tende a se multiplicar.
Para conhecer a Biblioteca Virtual Literamundo acesse o link abaixo: