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Fomento da Saúva e da Jataí, para além do apoio financeiro, ajuda iniciativas a superar seus desafios em busca da sustentabilidade

Matéria publicada em 23 de dezembro de 2024.

A Saúva foi criada em 2019 com o objetivo de colaborar com o fortalecimento sustentável de iniciativas, também sem fins lucrativos, que atuam em diversas áreas. Seus investimentos buscam superar o modelo de assistencialismo dependente ao promover a sustentabilidade, a autonomia e a circularidade dos projetos que compõem a Rede Saúva Jataí. Atualmente, o contato permanente da equipe da Saúva, por meio das coordenadoras de agroecologia, de comunicação, administrativo-financeiro e da própria coordenação geral, tem buscado dar suporte para superar os desafios cotidianos das iniciativas. Seja através do fomento direto da Saúva ou do financiamento da Jataí, uma das consultorias oferecidas é em gestão individualizada nas áreas financeira, contábil e estratégica a fim de qualificar as ações das iniciativas. Esta consultoria, para além de contribuir com os propósitos centrais de cada iniciativa, é oferecida pela Coordenadora administrativo-financeira da Saúva, Sandra Gonçalves, e tem colaborado efetivamente nessa evolução.

Escola Waldorf Michaelis

A Escola Waldorf Michaelis, criada em 1993, é uma das 88 escolas brasileiras associadas à Federação de Escolas Waldorf do Brasil, sendo a única federada que ministra o Ensino Fundamental I e II na cidade do Rio de Janeiro.  O modelo de organização das escolas Waldorf, como a Michaelis, respeita a base de tomada de decisões em pilares de forças equivalentes, onde corpo docente, famílias e a gestão administrativa trabalham lado a lado pela construção diária da comunidade. Num modelo de cooperação e associação, operam para o desenvolvimento saudável, humano e integral das crianças. Mas há dois anos, a escola estava passando por uma situação financeira delicada e não tinha como arcar com suas despesas operacionais. Nesse momento, o Grupo Saúva foi indicado para fornecer apoio por meio de um financiamento, permitindo que a escola continuasse de portas abertas. Wenzel Böhm, que é pai de aluna e acabara de se tornar Diretor Administrativo, contou que eles não conseguiam enxergar nenhuma solução para a situação financeira da Michaelis e o empréstimo concedido veio a calhar. Wenzel nos conta que desde o início percebeu que o modo como os gestores lidam com o empréstimo e o relacionamento com o cliente eram diferenciados e não seguiam a lógica capitalista tradicional.

Além disso, o apoio do Grupo Saúva para a Michaelis não veio só em forma de dinheiro, mas de uma consultoria com Sandra Gonçalves, que indicou Rodrigo Bergami, e que foram muito valorizados na área da gestão. Essa trilha, nas palavras de Wenzel, “não foi de dar o peixe, mas de ensinar a pescar. Esse era o caminho”. Ele conta que a consultoria foi muito intensa e trouxe grandes aprendizados para todos, para que pudessem chegar nesse fim de ano com a gestão da escola mais equilibrada. Após um período em que a escola desenvolveu um trabalho de consultoria em auto-gestão, com resultados não tão palpáveis, e com a diminuição da participação das famílias, esse novo investimento em gestão compartilhada iluminou a retomada da responsabilidade das famílias na gestão da escola, o que é muito usual em escolas antroposóficas. “Temos a sorte de ter como presidente uma professora antiga e respeitadíssima. Ela enfatizava muito que a reconstrução do associativismo, da auto-gestão e das comissões tem método, não dá pra fazer de qualquer jeito. Precisamos do Rodrigo e a Sandra que têm método e quilometragem nisso. ‘A arte de evitar e curar mágoas’”, diz Wenzel.

Os resultados dessa consultoria são visíveis, mas essas mudanças sugeridas tanto pela Sandra quanto pelo Rodrigo não foram impostas em nenhum momento. Segundo Wenzel, foi um trabalho de paciência e eles não chegaram “com o pé na porta”. A consciência de que o trabalho está em processo, onde um tanto já foi feito e outro tanto ainda está por vir, junto às famílias que precisam entender que a responsabilidade é coletiva. Ele conta que “as comissões ainda não estão funcionais e as famílias ainda não chegaram. Por outro lado, me parece que estamos conseguindo um bom respeito das famílias. (…) Não chegamos com grandes certezas, fomos ouvindo e aprendendo muito com o Rodrigo e Sandra. Nós da diretoria sempre valorizamos muito a participação e ajuda deles. Com isso, criamos um respeito e as coisas estão mudando, não por imposição, mas por um aumento da consciência sobre o caminho.”

UJIMA – Cozinha Viva

A Ujima – Cozinha Viva está totalmente focada na alimentação dos estudantes e equipe do Instituto Ouro Verde atualmente. Por meio de sua conta no Instagram, busca reafirmar e compartilhar sua missão e identidade na parceria com a escola em um dos seus pilares, a alimentação integral. Gislene Santos Lima, gestora da UJIMA, nos conta que não necessita mais do aporte financeiro da Saúva, mas que a mentoria mensal oferecida pela Sandra tem contribuído muito para que a parceria com a escola dê certo e supere seus desafios.

“Hoje, o que mantém a UJIMA com força para seguir em frente, com certeza, tem muito a ver com a mentoria e a escuta da Sandra Gonçalves, Flávia Gríbel e Leandro Almeida.” Gislene Santos Lima – UJIMA Cozinha Viva.

Ela reitera que, para além do fomento, esse apoio para a busca do equilíbrio financeiro oferecida pela Saúva é fundamental. Para Gislene, “é muito desafiador ir na contra-mão do que temos hoje no mundo. Ter essas pessoas dentro da Saúva que entendem que o que fazemos é importante e investem o seu tempo de escuta e planejamento para ajudar esse empreendedor ir pra frente não tem preço”.

Colo da Montanha

O contato de Sandra Gonçalves com as gestoras do Colo da Montanha foi logo após a confirmação do fomento da Saúva, no início de 2024. Ela se colocou à disposição da escola para suporte administrativo-financeiro que veio em boa hora, pois a escola passava por dificuldades financeiras, principalmente pelos efeitos da pandemia e da transição para escola formal. Elas se conheceram virtualmente, passaram a fazer reuniões mensais e começaram a compartilhar os relatórios da parte administrativa e financeira da escola. Segundo Sayuri Kimura, responsável pela administração do Colo da Montanha, o apoio que receberam foi além dos números e a Sandra trouxe sua experiência no INOV para ajudá-las em questões práticas do cotidiano da escola. “Fomos apontando nossas dificuldades e algumas coisas conseguimos resolver. Mas também fomos entendendo que problemas maiores necessitavam de tempo, como a alimentação. Como fazer a inclusão de famílias bolsistas que vinham de um recorte social muito diferente? Como fazer a integração de forma sadia para as crianças e a comunidade? Ela trouxe sua experiência, não só da Rede, mas de outros trabalhos e foi ótimo”, afirma Sayuri.

O apoio para a busca da sustentabilidade financeira veio junto do apoio às questões escolares corriqueiras, porque apesar do INOV e o Colo da Montanha estarem em lugares e condições diferentes, há muito em comum da realidade escolar. “O que ficou de muito potente para mim no apoio da Sandra foi que ela realmente veio para ajudar na parte financeira e administrativa, mas ela é alguém que tem experiência em escola. Não preciso explicar muito o que estamos passando porque ela sabe como é e isso significa muito”, diz Sayuri.

Depois do período da pandemia da Covid-19, quando o objetivo da escola foi de não fechar as portas, Sayuri avalia que o momento do Colo da Montanha é de consolidação. Muitas famílias investiram na transição da comunidade de aprendizagem para escola formal e depois na extensão até o Fundamental 1. Assim, a vulnerabilidade do projeto foi superada com esse movimento coletivo aliado ao fomento da Saúva e ainda o apoio das famílias. Ela conta que esses processos foram sendo cumpridos por etapas e uma das principais metas foram alcançadas, como a valorização dos educadores. Sayuri comenta que hoje a comunidade do Colo da Montanha atua além da escola e tem uma dimensão comunitária em Teresópolis, que se reflete em projetos como o Colo de Vó, que acolhe e oferece aulas de crochê para idosas, e o recente reconhecimento como um Ponto de Cultura do Ministério da Cultura. “Isso é excelente porque sonhamos que o Colo da Montanha seja esse lugar com esses dois braços fortes: educação e Ponto de Cultura. Montar um plano de negócio hoje é fundamental, que contemple o Ponto de Cultura e a escola”, conclui.

“Fechamos o ano muito felizes porque honramos o que tínhamos planejado fazer, mas fomos muito realistas no que queríamos fazer. Então criamos metas alcançáveis que eram fundamentais para que o projeto se consolidasse e saísse dessa zona de vulnerabilidade”. Sayuri Kimura – gestora do Colo da Montanha.

Veja abaixo três receitas da UJIMA feitas com PANCs :

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