Matéria publicada em 23 de dezembro de 2024.
O terceiro trimestre de 2024 foi marcado por avanços significativos no projeto REMEXE, que consolidou sua atuação como um polo criativo e social no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte. Com atividades diversificadas e uma produção intensa, o período trouxe marcos importantes, como o evento Favelinha Fashion Week, a mudança do ateliê para um novo espaço e ações comunitárias voltadas para a sustentabilidade e a dignidade menstrual.
No mês de Agosto, o Centro Cultural Lá da Favelinha realizou mais uma edição do Favelinha Fashion Week, dessa vez, no Museu da Moda de Belo Horizonte (MUMO). Durante quatro dias de evento, o projeto realizou um desfile de moda, oficinas de Upcycling, Bordado e Libras para Moda, além de performances e debates envolvendo diversos artistas e amantes da moda da periferia. O Remexe ficou responsável por confeccionar 20 looks inspirados na cantora Clara Nunes, em um trabalho que envolveu pesquisa, garimpo e confecção.
A Oficina de Upcycling abriu o evento do Favelinha Fashion Week dando início aos 4 dias de evento no Museu da Moda. Ministrada pelas costureiras do Remexe, a oficina contemplou 15 participantes que tiveram a oportunidade de “remexer” e criar peças do zero utilizando a máquina de costura, retalhos, e outros adereços e acessórios disponibilizados. O evento contou ainda com a presença do grupo MC’s da Favelinha e o Favelinha Dance, com apresentações de música e dança. A programação, que previa apenas uma sessão, teve que ser estendida devido a quantidade de pessoas presentes. Algumas peças confeccionadas pelo Remexe ficaram expostas no museu durante um mês.
Ainda em agosto, no evento em comemoração do aniversário da Fundação Palmares, Vini Joe, artista e professor de rimas do Lá da Favelinha, além de vencedor do Prêmio Luiz Melodia em 2023, subiu ao palco vestindo peças exclusivas criadas pelo REMEXE.
Em setembro, o REMEXE também atendeu a uma encomenda de grande porte: a confecção de mil chaveiros para compor os press kits da empresa ArcelorMittal, em parceria com o Abertta Saúde. Os chaveiros, feitos a partir de materiais sustentáveis como retalhos de jeans e algodão, reforçaram o compromisso do projeto com práticas ecológicas. Ainda nesse período, a produção de pochetes, mochilas e outros itens exclusivos seguiu a todo vapor, ampliando a visibilidade e o alcance da marca.
Outras ações reforçaram o impacto social do REMEXE, como a confecção e distribuição de absorventes reutilizáveis. Em agosto, foram entregues 120 unidades durante o encontro presencial da Rede Saúva Jataí, além de 30 kits disponibilizados no Centro Cultural Lá da Favelinha. Para o próximo trimestre, está prevista a ampliação dessa ação para outros espaços culturais, com o objetivo de promover dignidade e sustentabilidade para mulheres da região.
Uma conquista significativa foi a mudança do ateliê para um novo espaço, localizado em frente ao Centro Cultural. A transição, realizada em setembro, trouxe desafios logísticos, mas resultou em um ambiente de trabalho mais integrado e funcional. Durante o processo, a equipe realizou a manutenção de máquinas e destinou materiais excedentes para outros artistas, reafirmando o compromisso com práticas sustentáveis.
Entre as participações marcantes no trimestre, destaca-se também a presença de Michelle Higino, advogada do Centro Cultural, na Expo Favela de Belo Horizonte, que trouxe discussões importantes sobre os desafios de unir o Direito e as favelas, e como o conhecimento jurídico pode ser utilizado para promover justiça social. Para a ocasião, o REMEXE confeccionou um conjunto, ainda inspirado na coleção Clara Nunes, que chamou atenção e reforçou a identidade do projeto.
Alinhando criatividade, impacto social e práticas sustentáveis, o REMEXE finaliza o ano de 2024 com muitas barreiras vencidas e boas perspectivas para o próximo ano. A dedicação à pesquisa e à experimentação resultou em uma produção diversificada que fortaleceu o portfólio do projeto e ampliou conexões, colaborando para o fortalecimento da comunidade artística. Apesar dos desafios, como a mudança do ateliê, o trimestre consolidou o REMEXE como uma iniciativa transformadora e resiliente, agora, mais perto da sede do Lá da Favelinha, pode ter uma operação mais integrada.
Por Luana Abreu.