Matéria publicada em 11 de setembro de 2024
Ampliar e manter vivo um local sagrado e cheio de ancestralidades, que por isso mesmo é chamado de Quilombo. Esse é o foco da 2ª campanha lançada pelo Centro Cultural de Tradições Afro Brasileiras Ylê Asè Egi Omin para arrecadar recursos e melhorar as instalações da sua sede no bairro de Santa Tereza, no meio da Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro. Fundado em 2008, o Centro desenvolve ações sociais, artísticas, educativas e culturais contracoloniais, antirracistas e para o combate ao preconceito religioso.
O Ylê Asè Egi Omim possui 6 mil metros quadrados de mata preservada e cerca de 500 metros de área construída. A necessidade de manutenção é constante e dispendiosa. Por esse motivo, a campanha é uma convocação à saúde coletiva em suas dimensões sociais, culturais, espirituais, políticas e ecológicas.
O Ylê Asè Egi Omin precisa erguer sua cozinha sagrada: a Idaná Mimó
Mais do que um espaço físico, a Idaná Mimó é o coração pulsante da comunidade, onde os saberes ancestrais se encontram com o cuidado coletivo. Lá, cada refeição é um ato de resistência e celebração da vida, alimentando o corpo, equilibrando a mente e fortalecendo o espírito.
O Ylê Asé sempre foi um lugar de acolhimento e proteção, e a cozinha comunitária desempenha um papel central nesse processo. É onde as tradições culinárias são mantidas vivas, onde as histórias são contadas e onde o alimento se transforma em um elo de união entre as gerações. No entanto, para que possam continuar essa missão, precisam da sua ajuda para reconstruir e fortalecer a Idaná Mimó.
Na segunda onda da campanha ‘Onde Nos Cortam, Nós Brotamos’, o convite é para brotar com a comunidade do Ylê Asè e erguer a Idaná Mimó, cozinha sagrada em iorubá. A meta é arrecadar R$ 150.000,00 para construir e equipar completamente a cozinha, tornando-a um espaço pronto para fortalecer ainda mais o trabalho coletivo que realizam na comunidade. Junte-se à construção coletiva deste espaço de cuidado comunitário!
No local será construída uma cozinha com banheiro e um galinheiro acoplado na área externa, assim como o fogão de lenha e pias grandes. Isso possibilitará o preparo dos alimentos com mais estrutura nos eventos que acontecem toda semana. Segundo Flávia Berton, a Cozinha Sagrada é um ponto central num terreiro de Candomblé, pois tudo está relacionado ao ato de comer. Através da cozinha, os alimentos sagrados são preparados e as folhas são manipuladas, envolvendo as pessoas e o ambiente nesse preparo. O local onde eram preparados os alimentos anteriormente foi demolido e a nova construção, em torno de 63m2, começará com a fundação, alvenaria, telhado, acabamento e equipamentos.
A campanha foi lançada no dia 11 de setembro e vai durar 60 dias. “Lançamos os polinizadores, uma chamada para que essas pessoas impulsionadoras possam integrar o grupo, produzir engajamento e divulgar nas suas redes, para que o movimento possa crescer. A campanha foi lançada na página da Saúva e nossa meta inicial é levantar R$ 150 mil, no prazo de dois meses”, explica Flávia Berton, Mayé do Yle Asè Egi Omim e Gestora do Centro de Tradições. Para doar acesse: https://gruposauva.com/onde-nos-cortam-nos-brotamos/
História do Centro de Tradições
As instalações atuais do espaço, muito desgastadas pelo tempo de uso, foram construídas em 1968 para ser a sede da Sociedade Budista do Brasil, que permaneceu em atividade até a chegada do Ylê Asè Egi Omim, cuja mudança foi abençoada pelos monges budistas.
“O Centro de Tradições Ylê Asè Egi Omin é um grande guarda-chuva, que abriga o terreiro de candomblé e o escritório da mata, que é o espaço físico onde a gente desenvolve atividades e ações abertas ao público em geral, não propriamente ao público do candomblé ou da casa”, complementa a gestora.
O Ylê e o Centro Cultural reúnem trabalhadores das artes, da cultura, da educação e das mais diversas áreas. São realizadas diversas ações abertas às comunidades do entorno e ao público em geral.
Projetos como Colônia de Férias Eres, Curumins e Quilombolas, Orin Dudu – Cânticos Negros, Roda de Samba Igbo Ijò, Ofó Papo de Curimba, Encontro de Jovens de Terreiro, Oficina de Cuidados Terapêuticos, entre muitos outros, relacionam elementos ancestrais, práticas terapêuticas, políticas e ambientais, voltados para uma vida coletiva e solidária.
O terreiro de candomblé teve seu primeiro endereço no bairro de Curicica, em 1996, fundado pela Ylorixá Wanda Araújo. Em 2000 se transferiu para a Ilha de Guaratiba, onde a Yalorixá coordenou o projeto social Sítio Vila Meu Lar, ligado ao movimento Fé e Amor, permanecendo até 2018.
Em 2018 o terreiro chega em Santa Teresa, um lugar rodeado pela biodiversidade da Floresta da Tijuca, no centro do Rio. E com isso veio o desafio de disputar a cidade, no chão de onde muitos terreiros já foram retirados.
Veja o vídeo de lançamento da 2a campanha de financiamento coletivo do Centro de Tradições:
https://www.instagram.com/reel/C_x_KjIp5WS/?igsh=aWRxamw1MjNkdWV1
Para mais informações sigam as redes sociais do Centro de Tradições Ylê Asè Egi Omin:
Instagram: @yleaseegiomim
Facebook: @centrodetradicoesegiomim