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Banco Comunitário Alegrias lança novo serviço de pagamento de boletos em Alegrias e Reais

Matéria publicada em 28 de agosto de 2024.

O processo de criação do Banco Comunitário Alegrias começou no final de 2021 e vem evoluindo bastante desde então. Apoiado pela Saúva, ele foi criado para aumentar a oferta de produtos e serviços para a população de Paraty com o diferencial da moeda social Alegrias ser lastreada em reais. Depois de ampliar as parcerias e usuários, dar acesso e orientação a crédito com juros baixos, entrar para a Rede Nacional de Bancos Comunitários e consolidar as estruturas e procedimentos internos, o Banco Comunitário Alegrias dá mais um passo e passa a oferecer o serviço de pagamento de boletos. Essa ação, em parceria com o Instituto E-dinheiro e Caixa Econômica Federal, visa principalmente dar visibilidade aos projetos da Rede Alegrias e fortalecer os vínculos com a comunidade. Metade da pequena taxa para o pagamento dos boletos irá para o Instituto E-dinheiro e a outra metade para o Banco Comunitário Alegrias, o que pode viabilizar a execução de vários projetos associados à rede.

A moeda social Alegrias atualmente é lastreada em Reais

Márcia Targino, gestora do Banco Alegrias, relembra o contexto desafiador da Rede Alegrias e do Banco Comunitário no período da pandemia de Covid-19, que possibilitou a união de muitas pessoas em torno da necessidade de sobrevivência e cuidados neste período. Isso fez com que a rede aumentasse o número de usuários de 50 para 150 famílias, mas cientes de que esse momento chegaria ao fim e as pessoas retornariam às suas atividades presenciais, o que poderia diminuir a busca pelas trocas na rede. Durante a pandemia, a coordenadora da Rede Alegrias Mônica Calderón teve contato com o coordenador da Rede Paulista de Bancos Comunitários, Hamilton Rocha, quando veio a ideia da criação e posterior articulação do Banco Comunitário Alegrias, que poderia trazer para a rede um número muito maior de pessoas. Desde então, o banco vem evoluindo estruturalmente, em serviços oferecidos e na expansão da comunidade atendida. Márcia fala das adaptações da Rede e Banco Alegrias frente aos desafios vividos, das mudanças que operaram ao longo dos anos e dos benefícios do pagamento de boletos através do banco atualmente. “O nosso Banco Comunitário, chamado de ‘raiz’, não recebe nenhum tipo de subvenção pública e não somos municipalizados. Nós recebemos o fomento da Saúva, que nos ajuda a estar aqui, e a captação de recursos através da taxa para o pagamento dos boletos nós investiremos em educação, para nossa equipe fazer uma capacitação em bancos comunitários, por exemplo”, comenta.

Dentro das práticas de impulsionamento e alavancagem do Banco Comunitário, o pagamento de boletos é uma ferramenta de atração não só para as comunidades da periferia, mas também para os bairros de classe média e alta, comerciantes e pessoa física. “Todos nós consumimos, temos as contas de consumo que precisam ser pagas e a ideia é que esses boletos gerados possam ser captados por nós”, comenta Márcia. Ela ressalta a importância do trabalho coletivo para chegar aonde chegou e do acompanhamento que recebeu da gerente do Banco Padre Léo, Vani Caldas, em São Paulo durante um ano e do Hamilton Rocha, para o entendimento da questão dos boletos, que já acontecem em bancos comunitários de outras comunidades.

Um dos benefícios do pagamento de boletos através do Banco Comunitário, para além de arrecadar parte da taxa que fomentará ações da rede, é “a oportunidade de apresentar o banco, o projeto, os valores e iniciativas. (…) Com cada pessoa que prestarmos esse serviço eu vou criar vínculos, relacionamentos e poderei apresentar para ela o banco comunitário, a Rede Alegrias, a Cozinha Solidária, para justificar a taxa que está sendo cobrada”, conta Márcia Targino. Quem é associado à Rede Alegrias e possui uma conta no Banco Comunitário pode enviar os valores acrescidos das taxas correspondentes ou o valor em moeda social diretamente para a conta do Banco Comunitário. Para quem não possui conta no banco, pode fazer a transferência para a conta do Instituto E-dinheiro na Caixa Econômica Federal (CEF), sem custos, e enviar o comprovante para a equipe do banco que fará o pagamento do boleto. Os contatos com a equipe poderão ser feitos às 3as feiras pelo whatsapp institucional (24) 99951-6166 ou email (bancosocialalegrias@gmail.com). É importante conferir a data de vencimento do boleto e enviar com antecedência para o pagamento.

A expectativa de demanda para esse novo serviço é grande em comparação com o tamanho da equipe da Rede Alegrias, que, além de exercerem outras atividades, são voluntários do projeto e recebem através de doações. Por isso, estão se estruturando para o movimento e treinando outras pessoas para colaborar com a parte de cadastro. O trabalho de recebimento dos boletos será somente às 3as feiras, online e presencial, mas o atendimento para a captação de pessoas para o banco será ininterrupto. “Nossa ideia é fazer disso uma possibilidade de aumentar o número de associados no banco e por isso estou fazendo o treinamento. O acesso à captação de boletos é mais delicado, pois vai lidar com os dados de todos associados. Por isso a escolha dessa pessoa precisa vir dela e precisamos ter a confiança de tê-la ao nosso lado”, diz Márcia.

Márcia Targino, Joaquim Melo e Mônica Calderón no aniversário de 25 anos do Banco Palmas

Em uma reunião recente com Joaquim Melo, coordenador do Instituto E-dinheiro e integrante da Rede Nacional de Banco Comunitários, foram solicitadas algumas demandas e permissões para agilizar a burocracia dos processos e facilitar o pagamento dos boletos com PIX, por exemplo. Essas solicitações podem fazer com que o trânsito de valores tire a dependência da intermediação de pessoas físicas para ser feito online pela própria pessoa, com o uso do app E-Dinheiro pelo associado.

Na Feira da Agricultura Familiar e Economia Criativa de Paraty, os produtores rurais e artesãos comercializam sua produção

A Rede Alegrias não está limitada somente a Paraty, ela está no município e seus territórios, outros municípios e diversas regiões do Brasil. “A Cozinha Solidária não precisa acontecer só em Paraty, ela pode ser realizada em várias regiões com o mesmo processo que é feito aqui, assim como a Escola de Outras Economias. E o projeto das Feirinhas, onde produtores, artesãos e artistas se reúnem para comercializar seus produtos tanto em Alegrias quanto em Reais. O pagamento dessas taxas nos dá a possibilidade de autonomia, criando, apoiando e trazendo novos projetos para a rede”, conclui.

Matéria publicada em 28 de agosto de 2024

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