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Iniciativas que participaram do Edital de Compostagem do Laboratório Terra Orgânica ampliam manejo e trocas de experiências

Matéria publicada em 6 de agosto de 2024.

O Edital de Compostagem do Laboratório Terra Orgânica tem movimentado a Rede Saúva Jataí de forma saudável e interativa, animando e dinamizando a rede. Além das três iniciativas beneficiadas diretamente com o apoio técnico e financeiro, outras iniciativas participam do grupo de whatsapp criado para trocar informações e também das reuniões mensais para atualização dos processos, tirando dúvidas com os gestores. Esse tipo de dinâmica mostra um dos caminhos para que as conexões entre as iniciativas se fortaleçam. Faz com que os conhecimentos e metodologias desenvolvidos pelas iniciativas, possam ser compartilhados e utilizados por todos entes da rede. Após um período de adaptação, as iniciativas aprovadas já estão compostando a todo vapor e as outras que participam deste processo também se beneficiam e trazem contribuições com a metodologia proposta.

Edson Prado atualiza as informações sobre este processo e fala também da importância, como propositores, de colocarem sua metodologia à prova e se prepararem para as adaptações que a compostagem termofílica precisa sofrer de acordo com as realidades encontradas. “Criamos um calendário de expectativas e estávamos muito presos dentro da nossa metodologia, do que poderia acontecer. Mas muita coisa mudou da última matéria para agora e já temos três centrais funcionando e fazendo a compostagem. E tivemos a surpresa de outra iniciativa, não aprovada, mas que participa do processo, postar seu primeiro vídeo de verificação de volume. Engajando na ideia de criar um banco de dados que mostre todo esse resíduo e o impacto que a rede está gerando na compostagem”, comenta Edson.

O processo de entendimento da metodologia de compostagem tem aumentado e as dificuldades que surgem vão sendo solucionadas a cada dia. Na última reunião mensal do projeto, as gestoras do Centro de Tradições Ilê Asè Egi Omin trouxeram uma fala da Ialorixá Wanda Rodrigues sobre semelhanças entre o trabalho de cuidado com a terra através da compostagem com a cultura do Quilombo. “É basicamente isso: cuidar da terra e cuidar do futuro das crianças, não há muita novidade no que estamos fazendo, mas é muito bem visto por essa comunidade”, reflete Edson.

O espaço de compostagem no Centro de Tradições Ilê Asè Egi Omin está dentro da área verde

No projeto ‘Revolução dos Baixinhos’, do Mutirão Agroflorestal do assentamento Sepé Tiarajú, crianças e adolescentes são envolvidos desde cedo para fazer o manejo. Edson afirma que “isso nos mostra o poder da comunidade. Porque por mais que o resíduo orgânico ali já tenha o seu destino (galinhas e porcos, por exemplo), a força da comunicação e da comunidade fez com que eles atingissem a meta dos 100 litros. As pessoas diziam: ‘Ah, é para o projeto dos meus filhos com a Isabely? Então, eu vou separar o resíduo’”.

Dentro do Jardim do Beija-Flor, o manejo da leira (fileira onde é feita a compostagem) é realizado com uma frequência maior que a semanal e também está inserida no dia a dia escolar das crianças. Isso traz uma outra visão sobre a metodologia de compostagem desenvolvido pelo Terra Orgânica, que é pensada para adultos, porque na escola é preciso pensar na segurança das crianças. “Nunca pensamos em E.P.I.s para as crianças e não nos propomos a isso, porque nunca aconteceu acidente com adultos. Mas as crianças correm esse risco e a escola já fez um estudo para medir os riscos da atividade de manejo da composteira. Por isso, elas devem estar com botas, luvas e óculos de proteção”, reflete.

No Jardim do Beija-Flor, em Paraty/RJ, as ações de compostagem estão integradas nas atividades escolares

Replicação da metodologia adaptada às diferentes realidades

Edson Prado fala sobre o início do processo de compostagem com as iniciativas selecionadas e como estavam certos que, se elas fizessem da maneira como o Terra Orgânica faz em Florianópolis, não teria erro. Mas tudo teve que ser revisto e adaptado caso a caso. “A única certeza que temos hoje é que a temperatura da leira deve ser alta, o resto cada um faz do seu jeito. Se a leira esquentar e o resíduo virar terra, tá suave”, brinca.

 A longa experiência da Compostagem Terra Orgânica é traduzida nos 190 manejos já realizados, registrados e postados em seu canal no Youtube. A ideia é fazer uma grande festa e convidar mais pessoas para fazer o manejo de número 200.

“As pessoas percebem que é possível replicar esse método. Mas temos que entender que, ao replicar esse processo, vão precisar se adaptar também. Como fizemos com o método UFSC, aprendido na universidade, que faz as camadas e o composto fica pronto entre 6 e 9 meses. Com o nosso método, ao revirar mais as leiras, o composto está pronto dois meses depois de pararmos de colocar o resíduo”.

Edson Prado – Laboratório Terra Orgânica

Um desdobramento da produção desse composto de alto nível é poder comercializá-lo em floriculturas, por exemplo, mas isso depende de uma legislação específica. Uma alternativa seria o cadastro das pessoas que entregam seus resíduos mediante um pagamento mínimo por esse recolhimento e recebem o composto orgânico proporcional ao final do processo.

A Compostagem Terra Orgânica tem, hoje, um material de apoio bem amplo, escrito e em vídeo, com a metodologia de compostagem. Nesse material, estão descritos todos os passos desse processo, da implantação das leiras ao resgate de Mudas pelo composto produzido. “Agora a compostagem é uma das ações para reivindicação de Mudas através de sua plataforma. A Isabely, do Mutirão Agroflorestal, não tinha contato com a Rede Muda e já está resgatando pela compostagem que está fazendo no assentamento Sepé Tiarajú. A compostagem uniu a juventude do assentamento com a Rede Muda e isso é incrível”, comemora Edson.

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