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Nova imersão de plantio orgânico na Rocinha/RJ tem colheita e participação de novos parceiros da Jornada da Mata

Matéria publicada em 2 de agosto de 2024.

No dia 8 de junho passado foi realizada a segunda imersão de plantio orgânico da Jornada da Mata. A equipe que coordena o trabalho voltou à Rocinha, aonde haviam feito dois canteiros agroecológicos no terreno da Escola Municipal Francisco de Paula Brito, em 2023. Como da primeira vez, participaram Arôle Alimentação Consciente, a Associação Amigos da Vida da Rocinha, representantes dos coletivos do MUDA/UFRJ e Capim Limão/UFRJ, moradores, ativistas e crianças. A novidade desta vez foi a participação de funcionárias da escola.

“Fizemos novos plantios, levamos mudas, plantamos árvores e colhemos as mandiocas que havíamos plantado na primeira vez. Foi muito legal esse momento. Quando os moradores viram o movimento, começaram a chegar, e oferecer mudas que tinham em casa, uma trouxe mudas de maracujá, outro de tangerina, por exemplo”, disse Luna Pesce, uma das gestoras do Jornada da Mata.

O plantio de mudas sempre atrai moradores curiosos e muitas crianças, e dessa vez não foi diferente. E a equipe esse ano foi mais numerosa: participaram dois monitores de plantio agroecológico, cinco educadores, treze bolsistas, duas funcionárias da escola e quinze pessoas no fluxo de passagem, indo e vindo. Durante a atividade foi ministrada uma oficina de jardim vertical, ministrada pelo Jeferson Fernando, a partir de módulos de garrafas PET. No final, cada participante levou um vaso confeccionado na oficina com uma semente plantada.

Nessa imersão o grupo planejou, preparou e adubou o terreno para receber as mudas

A imersão fluiu da seguinte forma: após a chegada foi feito um café da manhã para os presentes. Depois, todos formaram uma roda, e houve uma dinâmica, uma abertura lúdica para o dia. Em seguida foi ministrada a oficina de agroecologia, intitulada “Plantio para todes”, em que os monitores falaram sobre a disposição dos canteiros, com módulos de diversas plantas, explicaram a condição de cada planta, algo que faz a diferença, pois muita gente não tem familiaridade com o meio.

“Fizemos um desenho para mostrar como a gente tinha feito o canteiro de 2023. Em seguida, o pessoal foi dividido em grupos, e uma turma ficou com as plantas de sombra, como o inhame, gengibre e a cúrcuma, e abriram um canteiro na lateral da escada para esse plantio. Também foi feita a manutenção dos outros canteiros, e foi criado um novo, aonde plantamos manjericão, alecrim, arruda, orégano e sálvia. Um terceiro grupo ficou com o plantio das mudas de frutíferas”, explicou Luna.

A participação das crianças nesse processo é sempre muito bem-vinda e importante para sua formação

Ela contou que, dessa vez, o envolvimento da escola foi bem maior, o que possibilitou outro nível de proximidade. “Em 2023 não foi possível fazer a reunião no sábado, e também tivemos que preparar a comida fora da escola e levar pra lá. Agora, a Mônica e a Márcia, funcionárias da escola, já cuidam da horta, e eu estou sempre em contato com elas, apoiando as ações”.

Turmas mescladas

Outro ponto muito positivo, de acordo com ela, foi a participação dos bolsistas do ano anterior, agora como monitores. “Eles foram muito participativos. Já tem muita gente da agroecologia envolvida. Nós procuramos mesclar os grupos durante a imersão, com gente que sabia mais e outros que iriam aprender, para que as turmas ficassem mais equilibradas. Uns plantaram árvores, outros ensinaram a fazer o berço, a cobertura”, disse a gestora.

E tudo indica que essa imersão sobre plantio orgânico vai dar frutos lá mesmo, dentro da Rocinha. Está sendo planejada uma aula de agroecologia aberta para os moradores da comunidade, uma vez por mês. A iniciativa conjunta envolve a Arôle Alimentação Consciente, empresa da Luna e o coletivo da Jornada da Mata, em parceria com a MUDA/UFRJ – mutirão de agroecologia. “Estamos esperando o fim das férias escolares para termos uma reunião na escola e entender a melhor data para começar. Mas já temos um cronograma de um curso, a partir dessa metade do ano”, afirmou.

Próximas imersões

A última imersão da Jornada da Mata foi sobre Alimentação Consciente, na sede do Ilê Axé Iji Omin, no bairro de Santa Tereza, no Rio. A ideia, segundo Luna, foi levar também a gestão de resíduos comunitária na imersão pra fazer esse link com a Saúva – com o projeto de compostagem que está sendo realizado com a equipe da Compostagem Terra Orgânica. “Porque não dá pra falar em alimentação consciente sem pensar em compostagem orgânica”, acrescenta a gestora. As imersões seguintes serão sobre Artesanato; Outras Economias; Comunicação e Espiritualidade e Autocuidado.

A Jornada da Mata é um curso de envolvimento pessoal para jovens e adultos, coletivo e itinerante. Desde 2023, quando o projeto se iniciou no Rio, são promovidas imersões com diferentes possibilidades transformadoras no campo ambiental e social. Um dos principais objetivos do projeto é o entendimento de práticas agroecológicas e as possíveis conexões para as melhores escolhas para o coletivo, trazendo ferramentas eficientes e discussões filosóficas.

Publicada em 2 de agosto de 2024.

A redação desta matéria contou com a colaboração do jornalista Paulo Boa Nova.

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