Matéria publicada em 23 de julho de 2024.
O Instituto Ouro Verde tem em seus pilares a pedagogia de uma Escola Verde, com aulas de agroecologia, gestão de resíduos e alimentação saudável em suas práticas educacionais. Um outro pilar importante é a gestão participativa, por meio do Conselho Pedagógico, administrativo ou gestão e gente, Diretoria e família. Juntos, eles fazem a gestão da escola de maneira sociocrática, participativa e com a formação de várias comissões temáticas por demanda. Dentro do Conselho de famílias, existe a Escola de Famílias, que se relaciona de forma independente com o conselho e com a escola. O principal objetivo da Escola de Famílias é acolher e dar suporte às famílias no entendimento dos pilares da escola e da pedagogia Waldorf, pensando em sua formação e desenvolvimento.
O entendimento de que as famílias, além de colaborar com os processos de gestão da escola, estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento da comunidade escolar e da criação de seus filhos, fez com que fosse criada a Escola de Famílias para trabalhar o autoconhecimento e a autoconsciência destas. Renata Antunes, uma das representantes da Escola de Famílias, conta que quando a escola propõe uma filosofia de Escola Verde é necessária uma mudança de paradigma nas vidas das famílias e para isso precisam de suporte. “A Escola de Famílias entra oferecendo cursos, oficinas, palestras, eventos e também momentos de comunhão, de liturgia. Nós temos um momento que chamamos de Wine Waldorf, que é uma brincadeira, mas que é social mesmo e nos encontramos a cada final de semestre. Cada família leva uma comida e um vinho para ter essa descontração, uma festinha entre amigos”, comenta Renata. Esse momento cria a oportunidade do vínculo e do aumento da intimidade entre as famílias.


Por outro lado, existem os momentos mais formais como os Encontros Inspiradores, que é uma metodologia de formação em formatos maiores e menores, online e presenciais. Entre eles, tiveram como convidados Ana Paula Cury, fundadora da Escola de Famílias na Escola Rudolf Steiner de São Paulo, que trouxe sua experiência online e fará um encontro presencial no INOV; Joyce Amaral, doutora em educação que pesquisou com ex-alunos Waldorf como eles estão após a formatura e como é o perfil desse estudante no mercado de trabalho; um Encontro Inspirador sobre alimentação dentro do evento Outono Verde; além do recente encontro com Ailton Krenak. Outros encontros ao longo dos anos abordaram temas sobre boas vindas, sexualidade e transições do Jardim para Fundamental, Fundamental 1 para 2 e Saída da Escola. Todos esses encontros vieram a partir da escuta das famílias, para saber quais são as suas dúvidas e sobre o que gostariam de conversar.

Atualmente, a gestão do grupo é feita por oito pessoas que contam com suporte dos fundadores e mobilizam as famílias através de um grupo de whatsapp. Os eventos online têm uma média de 20 participantes e os presenciais giram em torno de 50 pessoas, integrando parceiros e a Escola Municipal Harold Jones, que é parceira do PAFE (Programa de Apoio à Formação de Educadores e Educadoras) e recebe as ações socioeducativas de professores do INOV.
O próximo evento será no dia 3 de agosto, chamado Roda de Conversa com ex-alunos do INOV e outras escolas Waldorf, focado no fortalecimento do Fundamental 2. Após o momento da conversa com os ex-alunos, acontecerão oficinas de artes e de física na prática. “É um momento pensado para o acolhimento das famílias e como elas podem se sentir mais seguras em relação aos anos finais dos estudantes. Em setembro, faremos uma imersão com a Dra. Ana Paula Cury, que é mãe, fundadora da Escola de Famílias e médica antroposófica. Ela é uma referência importante na antroposofia e vai trazer temáticas da pedagogia Waldorf, do currículo e temas atuais para as famílias, como sexualidade, transição e como lidar com os conflitos nessa jornada”, explica Renata.

No mundo atual, muito individualista e com núcleos familiares pequenos, a Escola de Famílias traz a oportunidade de um espaço de vida em comunidade, segundo Renata. “Não conseguimos administrar os problemas comunitários porque não temos essa prática, por isso o Instituto Ouro Verde, com a gestão participativa e o complemento da Escola de Famílias, promove todos esses espaços de participação, dando uma grande oportunidade e passageira, porque o filho vai sair um dia”, afirma.
Essa vivência em comunidade é muito importante para todas essas pessoas, pois a forma como cada família lida com a educação trará um impacto na vida de seus filhos e dos outros, reflete Renata. “Numa visão do todo e nas pequenas atitudes das famílias, como disponibilizar a internet ou não, o exercício de fazer um alimento mais saudável para levar às festas juninas, o envolvimento e tarefas de cada um, está a diferença do INOV”, explica.


A Escola de Famílias pretende, então, trazer uma informação mais qualificada do porquê de todas essas questões. “Tentando fazer com que as pessoas tenham um engajamento mais profundo. Que sejam coparticipativos e cocriadores, que criem junto com a escola. Mas para isso precisamos de informação, formação, vontade e interesse de mudar, porque esse processo de transformação exige muito da gente”, finaliza Renata Antunes.