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Casa João de Barro celebra povos indígenas com atividades lúdicas e recebe visita dos Fulni-ô

Matéria publicada em 12 de junho de 2024.

A escola Casa João de Barro se guia metodologicamente pelas estações do ano e datas comemorativas, algo muito comum na educação infantil. Como são muitas datas ao longo do ano, algumas mais representativas são escolhidas antecipadamente de acordo com os pilares da escola. Essas datas são compartilhadas com a equipe da escola e no fim de abril foi comemorada a semana dos povos indígenas. Importante ressaltar que a escola tem feito uma seleção privilegiando os livros de conteúdo indígena e da cultura africana que ficam à disposição dos alunos, não somente durante as datas.

No início da semana, a escola recebeu a visita de representantes da etnia Fulni-ô, de Pernambuco. Fulni-ô significa povo da beira do rio e está relacionada com o rio Fulni-ô, que corre ao longo da aldeia de Águas Belas. Segundo pesquisa de Lúcia Gaspar, da Fundação Joaquim Nabuco, esta etnia é a única do Nordeste que mantém viva sua língua nativa, a Yaathe. Os Fulni-ô têm feito articulações e visitas a outros locais para compartilhar sua cultura, e entraram em contato com a escola pois souberam da metodologia diferenciada trabalhada na Casa João de Barro.

Os Fulni-ô mantêm tradições profundamente enraizadas
Essas tradições incluem música, dança, artesanato e rituais religiosos

A programação, por temas, foi específica para cada dia da semana em comemoração ao dia dos povos indígenas. Durante a visita dos povos Fulni-ô, eles contaram sua história, fizeram alguns cantos, ensinaram palavras em sua língua e experimentaram arco e flecha infantil com as crianças. Monalisa Couto, diretora da escola, conta que a brincadeira com arco e flecha já estava no imaginário das crianças e já haviam trabalhado em outras oportunidades com livros mas não com representantes de povos indígenas e seus próprios arcos e flechas. “Nós temos uma mini agrofloresta no nosso quintal e eles sempre brincam com galhos como se fossem arco e flecha, mas nesse dia puderam aprender a usar o arco e flecha deles e da própria mão do indígena. As crianças ficaram muito entusiasmadas”, conta Monalisa.

Em contrapartida à visita, eles expuseram seus artesanatos para as famílias, mostraram suas pulseiras com miçangas, explicaram sua pintura corporal, porque estavam pintados e trouxeram um conhecimento muito relevante para a escola do ponto de vista cultural.

No dia seguinte, a pedagoga desenvolveu atividades para a turma do jardim como a colagem de grãos de milho e canjica em palavras indígenas como saci, tucano e abacaxi. Abordaram questões sobre alimentação e na proposta de culinária fizeram bolo de milho com coco. Nesse dia, puderam reforçar que todos nós falamos a língua Tupi, muitas vezes sem saber, e que a cultura indígena está mais presente em nossas vidas do que imaginamos. A língua Tupi é a língua indígena clássica e a que tem mais importância na construção cultural do país.

Uma das atividades foi a tradicional colagem de grãos…
E saborear um bolo de milho com côco

Todos os dias na Escola Casa João de Barro, é feita a roda da história com a contação de uma mesma história, mais complexa, que vai sendo internalizada pelas crianças até elas poderem contá-la. “É uma história curativa, de ensinamentos, com repetição e reforço, inspiração que vem da pedagogia Waldorf. Nós temos essa prática ao longo do ano, mas nessa semana nós mudamos e contamos a lenda da mandioca todos os dias. Antes da lenda, nós fizemos alguns cantos tradicionais com maracás”, explica Monalisa.

A contação de histórias no fim do dia chegou à lenda da mandioca nessa semana

Na escola, os conteúdos são construídos de várias formas e através de várias linguagens, e nessa semana ele veio com a visita dos indígenas, as artes plásticas, a música e a brincadeira. A metodologia de ensino da Casa João de Barro adota os conteúdos da BNCC, mas de forma lúdica e prazerosa adaptada a cada faixa etária. “A forma com que esses conteúdos são trabalhados é que diferencia cada escola, existem as escolas apostiladas e as metodologias mais criativas e artísticas como a nossa”, comenta.

Por fim, realizaram brincadeiras típicas e repetição de algumas palavras indígenas com o educador responsável pelas atividades de diversidade cultural, e fizeram pintura facial e corporal com os grafismos indígenas. As crianças maiores escolheram seus animais de poder e fizeram a pintura com argila colorida e as do maternal também puderam experimentar da sua maneira. No último dia da semana, fizeram uma caça ao tesouro com objetos e brinquedos indígenas, e outras brincadeiras típicas pesquisadas.

Cada criança escolheu seu animal de poder para pintar
E experimentaram um arco e flecha com todo cuidado

“Os Fulni-ô estavam com o corpo inteiro pintado e disseram ser uma referência à cobra. No dia da pintura muitas crianças também quiseram pintar de cobra, então vemos como isso fica neles. Eles vivenciaram na prática e depois puderam vivenciar em seus corpos. Nesse dia, uma das educadoras trouxe seu arco e flecha grande e, com concentração, cada um pode atirar a flecha no quintal, que é bem grande, mas pintados de guerreiros com seus animais de poder”, conclui Monalisa.

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