Matéria publicada em 16 de maio de 2024.
A Rede Alegrias iniciou o ano com uma ótima estrutura para seguir com seus propósitos de criar uma forma diferente de lidar com o capital, estimulando uma outra economia mais solidária, humanista e sustentável. Para 2024, a Rede Alegrias tem como objetivo principal o aprofundamento e fortalecimento dos processos, das pessoas e das estruturas identificadas ao longo do caminho e que fazem parte da Rede. Uma das estruturas mais importantes da Rede é o Banco Alegrias, que é uma ferramenta financeira que colabora com a comunidade fazendo os recursos circularem. O banco e seu melhor entendimento são fundamentais para fazer o capital circular e gerar um desenvolvimento sustentável na cidade de Paraty, RJ. As gestoras da Rede Alegrias, este ano, pretendem criar ferramentas paralelas ao banco que estimulem o envolvimento comunitário. Essas ferramentas, que vinham sendo pensadas há mais tempo, podem auxiliar na circulação do capital.

Um exemplo é a Cozinha Solidária que tem edições mensais e será realizada neste sábado, 17 de maio. Confira:
Nesta edição, excepcionalmente, recebemos uma doação de Ailton Krenak e todo lucro será revertido para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Doações de roupas, alimentos e itens de higiene pessoal também serão recebidos no dia do evento.
Cardápio: Bobó de Camarão + arroz + salada
Opção vegetariana: bobó de cogumelos
Chef Convidada: Cinthia Keide
Cinthia Keide é mãe de três meninos e cozinheira que dedica seu tempo ao estudo de técnicas ancestrais de fermentação, tais como: queijos vegetais, bebidas fermentadas e vegetais. Seu intuito é de realizar descobertas e trazer novas possibilidades à cozinha. Atualmente, dedica-se à produção de chocolates artesanais finos e é proprietária da marca Chocolate Tons do Brasil.
Pré-venda
App E-Dinheiro: conta 24992929090. Encaminhar comprovante + nome para o WhatsApp 24-992929090
PIX: redealegrias@gmail.com (Iniciativa Social Rural Jardim do Beija-Flor – Banco Cora), encaminhar comprovante + nome para o WhatsApp 24-992929090
Data: Dia 17 de maio, sexta
Almoço: 11h às 13h
Feira de Empreendimentos Locais: 9h às 13h
Local: Feira da Agricultura Familiar e Economia Criativa, em frente ao Mercado do Produtor Rural, ao lado da rodoviária
Ampliando o trabalho social e de geração de renda em Paraty
A Cozinha Solidária atua, dentro dos objetivos do milênio da ODS, no combate à pobreza e à fome em Paraty. Essa ação, que conta com a contribuição de líderes comunitários, distribui alimentos e prepara refeições saudáveis para a comunidade mais vulnerável, além de gerar trabalho e renda. A parceria com o CRAS – Centro de Referência de Assistência Social – na distribuição dos alimentos e identificação do público está sendo fundamental para ampliar o diálogo com o município e garantir que o alimento chegue a quem mais precisa.
Uma das gestoras da Rede Alegrias, Mônica Calderón, comenta que a parceria com o CRAS vai além do trabalho de Assistência Social na distribuição de refeições saudáveis e alimentos, ela também procura integrar essas pessoas à Rede, capacitando-as e qualificando-as para que desenvolvam uma fonte de renda. “A ideia é que elas possam participar das aulas e cursos que a Rede Alegrias oferece na Casa do Encontro (cinco aulas já estão em andamento) e com isso possam ganhar aptidões, conhecimentos e habilidades para criarem produtos e oferecê-los na Feira da Rede Alegrias”, explica Mônica. Dentro do conceito de circularidade da economia e de recursos financeiros, essa ação contribui com o movimento espiral para o capital circular dentro da rede. A Cozinha Solidária tem evoluído a cada evento e gerado grande satisfação para todas as pessoas envolvidas, o que fortalece a Rede. Na edição de abril, além de Juliana Castro, estavam na cozinha Teófila Mendonça – liderança mulher indígena, esposa do cacique mãe de 6 filhos – e sua filha. Teófila fundou um grupo de mulheres dentro do território, para manter as tradições culturas , e melhorias de saúde , plantio e principalmente manter a vida coletiva na comunidade, entre elas a culinária indígena onde montou uma cozinha comunitária Guarani.

Mônica conta que as responsáveis pela Cozinha Solidária estão buscando novos locais para a realização da ação, que possa ser mais acessível para a comunidade atendida, a última foi no Mercado dos Produtores Rurais de Paraty. Na ação de abril Angeli Oliveira, da Angeli Temperos, falou sobre alimentação e o trabalho que ela realiza como empreendedora. E a parceria com a Alimentos Alegrias e com os produtores rurais continua na troca das moedas Alegrias arrecadadas por alimentos saudáveis que formam as cestas distribuídas para as pessoas identificadas pelo CRAS. Quanto mais pessoas participam e contribuem com o evento, mais pessoas são beneficiadas. Mônica acrescenta que um diferencial das cestas está na qualidade dos alimentos: “são orgânicos e integrais”. Nos diálogos com o CRAS foi diagnosticado o desejo das pessoas por alimentos de qualidade, nem sempre uma característica das doações.

O próprio desenvolvimento do projeto tem mostrado às gestoras a importância da adaptação dos alimentos às necessidades das famílias atendidas, além do fornecimento das refeições prontas, pois muitas pessoas, como as em situação de rua, não tem onde cozinhar. Mônica conta que nas primeiras Cozinhas Solidárias, o recurso arrecadado era dividido entre os custos das refeições preparadas, a compra dos alimentos para as cestas e o restante ia para um fundo para as próximas cozinhas. Mas agora estão tentando que os alimentos utilizados nas refeições venham todos de doações, com isso uma parte maior de recursos ficará para a compra de alimentos para as cestas distribuídas.


A satisfação e aprendizados de concluir uma ultramaratona em mar aberto
Mônica Calderón também é atleta, ultramaratonista em mar aberto, e completou em março o desafio de cruzar à nado do Leme ao Pontal, no Rio de Janeiro. Ela conta um pouco das suas percepções e sensações nessa ultramaratona de 36 Km, e começa falando que para ela é muito claro que a ultramaratona em mar aberto também significa atravessar os desafios da vida. Nas ultramaratonas ela aprende, encontra caminhos e ferramentas para encarar os desafios em sua vida. Nos períodos de preparação e nas ultramaratonas em si, ela procura receber informações que serão importantes para o que está por vir, “é como se eu ganhasse oxigênio que eu preciso para continuar até quando termina meu oxigênio, e aí preciso ir de novo para o mar”.


“No meio da travessia eu me conectei com o pessoal do Laboratório Terra Orgânica, que está ensinando outras iniciativas a fazer a compostagem e pensei como é bonito pertencer a uma rede que vai possibilitar que eu e outras pessoas que me acompanham aprendamos a fazer a terra para que nós continuemos vivendo”, confidencia Calderón.
Esse pensamento a fez lembrar de todas iniciativas ligadas à agroecologia que estão produzindo alimentos saudáveis, as escolas que estão trabalhando por uma educação diferenciada, as moedas complementares e banco comunitário que estão fazendo a circulação de recursos de forma diferente, as pessoas ligadas à espiritualidade e aos remédios naturais que precisamos para nos tirar de uma situação difícil; e isso tudo numa mesma Rede!
Mônica Calderón – Rede Alegrias e Escola de Outras Economias.
“Nessa Rede, que é uma escola, estamos nos preparando para que, quando vierem momentos mais difíceis, que o Ailton Krenak vem nos avisando, estejamos prontos para fazer uso de tudo isso que estamos estudando. Isso é muito bonito, me deu muita esperança e veio num momento em que a água estava muito gelada, congelando. Pensar nisso, nessa esperança que não nos deixa paralisar, foi muito importante. Isso me fez compreender melhor a importância do que estamos fazendo. Às vezes nos preocupamos em como podemos nos conectar mais, mas isso já está acontecendo”.
Essa sensação de que estamos no caminho certo e não podemos parar, só devemos continuar, foi o que ela pensou no momento em que a água estava mais gelada. Tudo o que ela precisava era continuar e não poderia parar. “Não preciso me preocupar com a direção porque tenho um barco me indicando a direção. E na nossa Rede é a mesma coisa, temos nossos guias que vão nos indicando a direção. O que fica muito forte para mim é que devemos ser gratos, acreditar no que fazemos e não desistir com os pequenos problemas do dia a dia. Olhar para o trabalho dos outros e ver que estamos conectados”, conclui.

