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Ativista Mônica Calderón é uma das forças femininas que transformam Paraty/RJ

Matéria publicada em 19 de dezembro de 2022.

A Bolsa Ativista Saúva foi criada este ano para reconhecer e valorizar o ativismo desenvolvido no trabalho de algumas pessoas ligadas à Rede Saúva Jataí; e uma destas é Mônica Calderón. Mônica é colombiana radicada no Brasil, mestra em Sociologia, formada em Ciências Políticas e Pedagogia, mãe de quatro filhos, nadadora de longas distâncias em águas abertas e, atualmente, vive em Paraty, Rio de Janeiro.

O fomento da bolsa, conta a socióloga, além de ser importante financeiramente, serviu para que ela se entendesse verdadeiramente como uma ativista a partir desse reconhecimento, do apoio e do olhar de outras pessoas pelos trabalhos que já vinha desenvolvendo. Os projetos que ela desenvolve atualmente – Jardim de Infância do Beija Flor, a Rede Alegrias Moeda Complementar e todos os seus desdobramentos como o Banco Comunitário Alegrias, a Escola de Outras Economias e as equipes que nutrem esse trabalho – estão vinculados à Iniciativa Social Rural Jardim do Beija Flor Associação sem fins lucrativos. Atua como conselheira municipal no C.M.D.C.A.P. (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Paraty) e na Escola Comunitária Cirandas além de mais ações solidárias na cidade fluminense.

Calderón conta que o suporte financeiro da bolsa veio em boa hora para todas selecionadas em 2022, pois estas ações sociais, por serem imateriais, nem sempre são reconhecidas e valorizadas, se esquece que há todo um trabalho de gestão e articulação atras de cada ação social que se implementa no território. Tanto ela quanto as outras bolsistas muitas vezes passam por situações delicadas porque realizam uma função social dificilmente remunerada, o que torna a dedicação muito complexa. “”Isso (a Bolsa) deu um ar para todas pessoas que estão sendo apoiadas. Antes da bolsa eu não sei como eu conseguia fazer as coisas e, agora, consigo fazê-las com mais tranquilidade”, explica Mônica..

Ela já desenvolvia todas essas ações que realiza atualmente:  a  Associação Beija Flor atua legalmente desde 2016,   apoia o Jardim de infância do Beija-flor; coordena a Rede Alegrias – Moeda Complementar e Banco Comunitário- e desenvolve cursos para a Escola Outras Economias;  participa da gestão da Escola Cirandas; faz parte do Conselho da Criança e do Adolescente de Paraty;  é atleta de ultramaratonas aquaticas e cuida da família. Todas estas atividades profissionais tem o suporte de outras pessoas que integram os projetos.  A Bolsa possibilitou que ela conseguisse colocar toda sua criatividade e força de trabalho à serviço destas atividades de impacto social relevante; e poder se focar e estar tranquila para desenvolver tudo da melhor forma, inclusive em casa e no mar.

A Escola Comunitária Cirandas tem um modelo de gestão inovador baseado na Sociocracia

Educação Libertária

A Associação Jardim do Beija-Flor foi aberta em parceria com outras pessoas da comunidade. Funciona no primeiro andar da casa de Mônica e lá são recebidas de 10 a 15 crianças diariamente, onde duas educadoras promovem atividades sob coordenação pedagógica de Calderón. Essa atividade, além de promover melhorias no aprendizado e cotidiano das crianças e mães, gera renda para as famílias das educadoras; e estas se formaram em Pedagogia impulsionadas pelo trabalho na Jardim Beija-flor.

Já na Escola Comunitária Cirandas, Mônica atua como gestora e colaborou na condução do processo de reestruturação da gestão, do começo ao fim. “Estamos fechando esse ano com toda gestão sociocrática da Cirandas reestruturada; com um novo momento mais organizado, mais maduro e isso é muito especial porque acompanho esse processo desde o começo. E, de novo, ver isso é mais uma utopia que se realiza. Acho que a Cirandas é a única escola do Brasil que tem a sociocracia como modelo de gestão funcionando”, comemora.

A moeda complementar Alegrias já é uma realidade de economia circular em Paraty/RJ

Moeda Complementar

A Rede Alegrias é uma rede formada por profissionais de diversas áreas, criada para promover comércio, trocas e suporte comunitário em Paraty/RJ. Uma das ferramentas para alinhavar essa rede é a moeda complementar Alegrias. Lá, Monica além de participar ativamente da criação e desenvolvimento da rede, é uma das pessoas responsáveis pelo Banco Alegrias, um banco que movimenta a moeda complementar com lastro em reais e busca aumentar o alcance no comércio dentro da cidade. Diversas empresas e prestadores de serviços já trabalham com a moeda Alegrias e promovem circularidade de valores e bens dentro da comunidade. A educadora e socióloga é uma das pessoas que protagonizam todo esse movimento e ação em rede.

Uma novidade para Rede Alegrias é o nascimento da Escola Territorial de Outras Economias com foco no apoio aos pequenos produtores e empreendedores com base em Paraty e a Escolinha de Outras Economias onde essas questões serão levadas para as escolas.  Nela, as crianças poderão vivenciar o trânsito das Alegrias, onde elas mesmas produzirão a moeda com algum tipo de ação ou tarefa. “Nós fizemos uma  primeira experiencia com os jovens do ultimo ciclo da Escola Comunitaria Cirandas, eles trouxeram questionamentos muito relevantes, experienciaram a circulação da moeda, e em companhia dos educadores eles realizaram tarefas que viraram Alegrias  que depois eles puderam usar com produtos da Rede, todos fizeram uma pequena poupança que virou conta no Banco Comunitario.   O Banco Comunitário investe  Alegrias para oportunizar que os jovens vivenciem uma prática de economia solidária e outras formas de produzir e e consumir acrescentando a sua formação e sendo uma oportunidade de trabalho e renda.

O Curso da Escola de Outras Economias trouxe, esse ano, nomes como Joán Melé, Jorge Koho, Rede Muda, Beatriz Luz e Manuela Mello entre outros

Escola de Outras Economias

A Escola de Outras Economias é outra iniciativa que tem esta ativista como um dos motores. Em 2022, realizou o curso de “Soluções Financeiras Criativas aos Desafios Sociais Contemporâneos”, que teve seu Encontro de Conclusão há pouco, no dia 14 de dezembro, com o Mestre Jorge Koho, mestre budista e pesquisador de novas formas de renovar a economia, Oyesiener Paiter Surui, engenheiro ambiental e liderança do território indígena Sete de Setembro/RO, e uma mensagem especial de Ailton Krenak, liderança indígena, ambientalista, escritor e Doutor Honoris Causa pela UnB. A primeira parte deste curso de estreia da Escola Novas Economias foi dada por Joán Melé, banqueiro e um dos grandes defensores das alternativas mais sustentáveis para a economia e pro mundo. Mônica nos diz que “as aulas foram lindas, passamos por vários módulos incríveis como o da Banca Ética (Joán Melé) que impactaram muita gente da nossa Rede, tanto da Alegrias quanto da Saúva Jataí”.

Ativismo Social

Outra novidade para destacar é o desenvolvimento da Cozinha Solidaria uma ação social que nasceu como inspiração do Curso e que tem como objetivo a distribuição de marmitas que serão montadas pela própria comunidade , elas serão distribuídas para moradores de rua e pessoas em situação de vulnerabilidade social. A realização da ação esta agendada para a segunda quinzena de dezembro e todos estão convidados para participar.

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