A Escola Comunitária Cirandas (Paraty/RJ) está desenvolvendo conhecimentos e práticas da Agroecologia no cotidiano de trabalho com os alunos. A escola já possui alguns canteiros de hortaliças e composteira, mas as professoras, desde o início do ano, buscam agregar mais valores do campo agroecológico ao dia-a-dia escolar. Esta ideia veio à pauta através das professoras Maria Carolina Pádua e Angélica Muriel e ganhou a aprovação do Círculo Pedagógico. O projeto, denominado então “Ciranda Agroecológica”, foi desenhado por professoras e educadoras; recebeu consultoria de Edson Gomes e Marcelle Ribeiro, da ONG Verdejar; e segue através de uma comissão (educadoras, alunos e familares) formada por pessoas dispostas a reunir e trabalhar esses saberes na Cirandas.


Num primeiro momento, as professoras fizeram um diagnóstico da escola como um todo e identificaram onde poderiam ser feitos mais canteiros, se possível, mais próximos à cozinha. Maria Carolina explica que ter como material um canteiro mais perto da cozinha, com temperos e hortaliças, permite levar o que for produzido para a mesa. Feito o levantamento, o ciclo intermediário, dos alunos e alunas adolescentes, ficou responsável por esta construção desde novo canteiro, realizada com suporte na geografia, ciências biológicas e matemática. A comissão também se reuniu algumas vezes, em mutirões, para plantar espécies medicinais de forma consorciada nos canteiros (forma de plantio com interação benéfica entre as espécies).
O trabalho se une ao projeto pedagógico como um todo, conta a educadora Maria Carolina: “nas oficinas de meio ambiente, eu levo a criançada para a composteira (para verem como está) o processo, se está quente, não está…”. Desta forma, a agroecologia vai sendo trabalhada de forma completa, com ações que iniciam desde o planejamento do plantio, local, espécies, até a compostagem e reaproveitamento do que retorna da cantina.


Intercâmbios
Outra atividade desenvolvida pela Cirandas é levar as crianças e adolescentes para conhecer outras experiências de agroecologia. Da Casa João de Barro, outra escola de Paraty/RJ apoiada pela Saúva, as crianças puderam observar seus canteiros, além de conhecer melhor o trabalho desenvolvido lá. A professora de ciências biológicas da Cirandas, Maria Carolina Pádua, conta que, na visita realizada ao horto florestal de Paraty, os alunos conheceram os processos de germinação de algumas espécies e levaram algumas mudas pra plantar na área da escola como Juçaras e abacateiros: “agora vamos colocar as placas de cada espécie, trabalhando o letramento também”, explica.
Carolina ainda fala da importância que teve para ela de ter participado do último encontro No Coreto, da Rede Saúva Jataí: “a experiência já trilhada do INOV (Escola de Nova Lima/MG que já tem uma horta funcional e que fornece alimentos para a cantina), por exemplo, traz um know-how e vai nos ajudar a ver caminhos e possibilidades aqui”. “Fiquei bem tocada porque foi uma sementinha que veio no lugar certo, na hora certa”, complementa Carolina.

Maria Carolina Pádua explica que essas trocas e intercâmbios realizados em conversas com a Denise Potô (da Fazenda São Luiz), através da Cigarras, promovem ideias de como melhorar compostagem na escola e de realizar visitas aos produtores agroecológicos da Rede Alegrias, por exemplo. “É muito interessante essa visão mais ampla das Cigarras, de conectar as iniciativas, que ajuda a ampliar a nossa rede”, conclui.