A campanha de financiamento coletivo do “Cordão do Boitatá” arrecadou 80 mil reais em dez dias. No ano em que o tradicional bloco carnavalesco do Rio de Janeiro comemora 27 anos e promoveu o 17º Baile Multicultural, a viabilidade do desfile do bloco e do baile estavam comprometidos pela falta de recursos. Então, a fim de garantir o cortejo e o famoso Baile da Praça VX, no domingo de carnaval, a organização do Grupo Cultural Cordão do Boitatá buscou a colaboração de admiradores e foliões. Ao todo, 944 pessoas contribuíram para a realização desta tradição carioca: o “Cordão do Boitatá” é Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro e um dos grupos responsáveis pela retomada do carnaval de rua no Rio de Janeiro.

Nos anos anteriores à pandemia, as atividades do Cordão do Boitatá foram realizadas de forma totalmente autônoma. A produção foi sempre arcada pelo grupo, sem nenhum recurso de empresas privadas ou do poder público, contando apenas com sua enorme rede de apoiadores e brincantes. Esta ação, segundo um estudo realizado em 2018 pela FGV, gerou um impacto econômico de 28,61 milhões durante o carnaval daquele ano, criando mais de 700 postos de empregos diretos e indiretos, e 1,16 milhão em tributos federais, estaduais e municipais.
A campanha relâmpado de financiamento coletivo, iniciada na primeira semana de fevereiro, teve resultado expressivo e ajudou a bancar parte dos custos estruturais da festa e da equipe de mais de 150 pessoas que participam da construção desta tradição do carnaval do Rio. Anualmente, o bloco leva mais de 70 mil foliões para o Baile Multicultural e quase 12 mil para o Cortejo.
Este ano, o Cordão do Boitatá fez homenagem especial ao centenário da Portela e a seis mestres da MPB: Paulinho da Viola, Milton Nascimento, Gal Costa, Gilberto Gil e Caetano Veloso. O show na Praça XV contou com a presença de artistas como: Teresa Cristina, Marina Iris, Rita Beneditto, Moyses Marques, Marcos Sacramento, Mariana Baltar, Robson Sá, Jongo da Serrinha, Marquinhos de Oswaldo Cruz, Alcinéia Martins e o bloco Amigos da Onça. O grupo ainda apresentou sete composições inéditas que fazem parte do álbum duplo do Cordão com lançamento previsto para maio pela gravadora Biscoito Fino.
Um dos blocos mais alegres e coloridos do Carnaval carioca, o Cordão do Boitatá fez, no dia 12 de fevereiro (domingo, pré-Carnaval), o seu 27º cortejo, partindo da Rua da Assembléia até a Praça Tiradentes. O bloco é reconhecido pelos foliões, que comparecem em peso vestidos com fantasias criativas e bem-humoradas.

Formação do Cordão do Boitatá
Formado por Kiko Horta (acordeom/ teclado), Cris Cotrim (voz e cavaquinho), Luiz Flávio Alcofra (violão), Thiago Queiroz (sax barítono e alto), Edu Neves (sax tenor), Maico Lopes (trompete), Everson Moraes (trombone), Maionese (flauta e flautim), Mangueirinha, Paulino Dias, Marcus Thadeu e Pedro Ivo nas percussões, Bruno Aguilar (baixo) e Rodrigo Scofield (bateria).
O Grupo e o Bloco
O Grupo Cultural Cordão do Boitatá tem relevante papel na revitalização do Carnaval de Rua. Há 27 anos realiza seu Cortejo no centro da cidade e há 17 anos o Baile Multicultural da Praça XV para mais de 70 mil pessoas apostando na música brasileira e na continuidade das tradições populares. Em 2022, recebeu da Câmara dos Vereadores a medalha Pedro Ernesto, foi reconhecido pela ALERJ como Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro e recebeu a Medalha da Ordem do Mérito Cultural Carioca.
Em 2023, colocou mais uma vez seu carnaval na rua de forma independente através da campanha de financiamento coletivo. Organizado por músicos, o grupo tem um vasto repertório da maioria dos gêneros da diversidade cultural brasileira. Conta com arranjos originais de Moacir Santos, Villa Lobos, Pixinguinha e outros feitos especialmente para a orquestra num constante processo de criação.
Cada gênero musical é interpretado com suas características específicas, trazendo por exemplo os diferentes toques das escolas de samba e os sotaques próprios de cada estilo.
A Orquestra de palco conta com 15 músicos de referência do cenário carioca que fazem vibrar o Baile Multicultural da Praça XV por mais de 7h seguidas. Reconhecido como um epicentro musical no centro do Rio, dele já participaram mais de 100 artistas e grupos nacionais e internacionais, nomes como Martinho da Vila, Marisa Monte, Teresa Cristina, João Donato, Yamandu Costa, blocos como Orunmilá e Amigos da Onça, além dos internacionais Nneka, Keziah Jones.
O Cortejo da Orquestra de Rua é realizado de forma acústica. Composta por 100 integrantes, promove o encontro de adolescentes do grupo “Mulecada que Agita” do Morro da Serrinha e do Morro dos Macacos com músicos amadores e profissionais que atuam também em orquestras sinfônicas, ba